São Pedro de Muel - Serra das Alhadas
near São Pedro de Muel, Leiria (Portugal)
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Itinerary description
Esta região está situada na Orla Meso-Cenozóica Ocidental Portuguesa (Bacia Lusitânia), apresentando dois contextos geológicos e geomorfológicos
bem distintos: o Jurássico Inferior de S. Pedro de Moel e a cobertura Dunar Recente.
O Jurássico de S. Pedro de Moel estende-se por cerca de 5 km e inclui sucessões de rochas carbonatadas, incluindo margas, margas gipsíferas e
betuminosas, calcários margosos e bioclásticos. Estas séries estão frequentemente afectadas por falhas de orientação NW-SE, assumindo uma estrutura que tende a mergulhar para Ocidente, pertencendo ao bordo occidental do diapiro de S. Pedro Moel. Estas formações correspondem a um
antigo ambiente marinho de pouca profundidade.
Waypoints
Introdução - Uma viagem ao Jurássico inferior
O Jurássico inferior da Orla Mesocenozoica de Portugal é representado pela fase inicial do enchimento carbonatado da Bacia Lusitânica. Os depósitos sedimentares são caracterizados por espessas séries margocalcárias. A expressão aflorante do Jurássico inferior é bastante vasta, ocupando diversas áreas do território português, principalmente no setor norte da BL. As unidades do Jurássico Inferior em S. Pedro de Moel encontram-se fortemente marcadas pela tectónica diapírica (diapiro de S. Pedro de Moel). Estão dispostas numa estrutura em sinclinal, muito fracturadas segundo duas famílias de falhas (NW-SE; N-S) que originam blocos basculhados, contactos entre formações e às vezes repetição das séries. A Fm de Coimbra aflora a norte e a sul do sinclinal. No que se refere à Fm de Água de Madeiros, o perfil-tipo encontra-se definido na Praia de Água de Madeiros, podendo-se igualmente observar o Mb de Polvoeira entre as praias da Pedra do Ouro e de Polvoeira. A série sinemuriana da Bacia Lusitânica (BL) corresponde a sedimentação de carácter gradualmente mais marinho, representando as unidades da região ocidental (nomeadamente em S. Pedro de Moel e Peniche) o pólo distal do sistema de rampa de baixa energia que caracterizará todo o Jurássico Inferior. Nesta zona da bacia e no Sinemuriano superior, a Formação de Coimbra, maioritariamente calcária, evolui de marinha confinada a marinha aberta, com registo dos primeiros amonóides. A Formação de Água de Madeiros, que se restringe apenas ao sector oeste da BL, tem natureza marinha e é constituída por alternância de calcários e margas ricas em matéria orgânica.
Paragem 1 - Formação de Coimbra
Da base para o topo podemos encontrar afloramentos das Formações de Coimbra, Água de Madeiros e de Vale das Fontes.
Paragem 1 - Formação de Coimbra (Níveis ricos em matéria orgânica)
UA (~12 m): Conjunto heterogéneo de fácies calcárias e dolomíticas, mudstone a grainstone, localmente fossilíferas (bivalves e gastrópodes). No topo, definem-se alguns níveis margosos, ricos em matéria orgânica, que alternam com camadas centimétricas, calco-dolomíticas, levemente laminadas;
Paragem 1A - Formação de Coimbra (Estromatólitos)
Desde o século XIX que a unidade “Camadas de Coimbra” (Choffat, 1880) integra o léxico da estratigrafia portuguesa (= Formação de Coimbra). Esta unidade, a primeira verdadeiramente carbonatada no processo evolutivo da Bacia Lusitânica (BL), deve a sua individualização ao carácter calcodolomítico, denunciando a primeira influência marinha generalizada na bacia. Este é o único local da bacia onde se pode observar de forma (quase) contínua grande parte da sucessão estratigráfica registada no seu setor ocidental.
Paragem 1C - Formação de Coimbra (Fósseis)
UC (~12 m): Conjunto mais ou menos regular de calcários, calcários margosos e de raros níveis margosos, por vezes amplamente bioturbados (Rhizocorallium e Thalassinoides) e ricos em bivalves (Unicardium sp. e ostreídos). Os níveis mais bioclásticos são localmente de textura grainstone;
Paragem 1C - Bioturbação (Formação de Coimbra)
Bioturbação UC (~12 m): Conjunto mais ou menos regular de calcários, calcários margosos e de raros níveis margosos, por vezes amplamente bioturbados (Rhizocorallium e Thalassinoides) e ricos em bivalves (Unicardium sp. e ostreídos). Os níveis mais bioclásticos são localmente de textura grainstone.
Paragem 1C - Formação de Coimbra- Lumachelas
Fósseis de bivalves, equinodermes e amonites. Corresponde à porção mais margosa de toda a Fm de Coimbra, que inclui níveis laminados, ricos em matéria orgânica (black shales), num conjunto que contém calcários (biomicritos a pelsparitos, localmente grainstone) em bancos centimétricos. A macrofauna bentónica circunscreve-se aos bivalves, por vezes muito abundantes (mas pouco diversos), ocorrendo amonóides em vários níveis desta unidade (género Ptycharietites)
Praia de São Pedro de Moel - Conversando sobre arribas
Uma arriba (Cliff) não é mais do que um talude natural com forte declive, que sofre erosão, por vezes intensa no sopé por ação direta da ondulação, e por processos subaéreos. As arribas, apesar de em alguns casos apresentarem configuração aparentemente imutável à escala de observação de alguns anos, sofrem evolução contínua das faces expostas aos agentes de erosão marinha. Os movimentos de massa em costas rochosas dividem-se em 4 tipos: desabamentos/queda de blocos (“falls”), balançamentos/tombamentos (“topples”), deslizamentos (“slides”) e escoadas/fluxos (“flows”). Estes tipos de movimentos dependem principalmente dos fatores estruturais e litológicos do material que forma a rocha, tais como a estrutura geológica, características estratigráficas e propriedades geotécnicas ou resistência da rocha.
Paragem 2 - Formação de Água de Madeiros
O perfil de Água de Medeiros (Sinemuriano- Jurássico inferior) está localizado a 2 km a sul de S. Pedro de Moel mostra uma sucessão contínua do topo da Formação de Água de Medeiros. Esta formação tem na base o Membro de Polveira com uma alternância de marga, mais ou menos rica em matéria orgânica, com um calcário micrítico. É uma sucessão fossilífera rica em invertebrados com amonites e belemenites (macrofauna nectónica) e bivalves e raros crinóides (macrofauna bentónica). Nos níveis margosos ocorrem com frequência, horizontes negros, geralmente laminados (black shales). Sobre o membro anterior ocorre o Membro de Praia da Pedra Lisa também de idade sinemuriana Este membro predominantemente carbonatado apresenta na base camadas ricas em radiolários e ostracodos intensamente laminadas. Esporadicamente ocorre amonóides.
Paragem 2A - Formação Água de Madeiros - Amonites
Nível de referência de acumulação de amonites (topo da Zona Raricostatum) no Membro de Polvoeira aflorante na praia de Água de Madeiros.
Paragem 3 - Paredes da Vitória (viagem ao cretácico ...um pouco mais a sul)
O afloramento da praia de Paredes da Vitória situa-se no flanco norte de um grande sinclinal que se estende para sul por alguns quilómetros, quase até ao Sítio da Nazaré. Este sinclinal situa-se a ocidente do alinhamento estrutural Lousã-Nazaré-Caldas e apresenta evidências de condicionamento estrutural atribuível à movimentação salina, pelo menos a partir do Cenomaniano Os sedimentos cretácicos dos bordos Norte e Sul estão sobrepostos por materiais siliciclásticos de idade terciária inferior, registando um predomínio de sistemas fluviais, .
Paragem 3B - Brecha Peridiapírica
Discordância angular – que separa a brecha calcária cenomaniana e os Grés Grosseiros Superiores em discordância angular. Esta superfície apresenta frequentemente manchas de hidrocar-bonetos ao longo de fissuras
Paragem 4 - Praia da Pedra do Ouro
Formação de Vale das Fontes, do Pliensbaquiano Neste setor da bacia, a Formação de Vale das Fontes (Pliesnbaquiano) aflora de forma quase contínua entre as praias de Àguas de Madeiros e de Pedra do Ouro. Esta unidade, maioritariamente margosa, é composta por uma alternância de calcários margosos centimétricos com margas e margas calcárias cinzentas de espessura centimétrica a métrica. Do ponto de vista litostratigráfico é subdividida nos seus clássicos três membros: Margas e calcários com Uptonia e Pentacrinus, Margas e calcários grumosos e Margo-calcários com níveis betuminosos. Alguns níveis mar-gosos são de cor cinzenta escura, revelando alguns destes uma forte laminação. Pesquisas recentes de natureza geoquímica demonstraram que estes horizontes são extremamente ricos em matéria orgânica.
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