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Caminho Português - O Milladoiro - Santiago de Compostela

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Trail stats

Distance
5.8 mi
Elevation gain
505 ft
Technical difficulty
Easy
Elevation loss
410 ft
Max elevation
909 ft
TrailRank 
36
Min elevation
909 ft
Trail type
One Way
Moving time
3 hours 22 minutes
Time
4 hours 19 minutes
Coordinates
1591
Uploaded
October 22, 2021
Recorded
October 2021
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near O Milladoiro, Galicia (España)

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Itinerary description

Etapa 8
Milladoiro a Santiago 7,64km
Acumulado 250,11km

O albergue de Milladoiro é muito agradável e permite um bom descanso. Os beliches são afastados uns dos outros e têm cortina, então depois de se estar lá dentro e curtinha fechada é como estar dentro de um casulo. Como é bastante espaçoso e bem iluminado por dentro não nos sentimos presos. A sala comum também é agradável e a cozinha tem tudo o que é preciso para preparar uma refeição. Então, bem alimentado, dormi uma noite tranquila. De manhã após as rotinas já habituais, tomei o pequeno almoço na sala, já com a mochila ao meu lado. Quando saí do albergue, cá fora estava um gelo, mas sem chuva, isso é que é importante. Caminhei no sentido do local onde passa o caminho e liguei as aplicações de auxílio à navegação, há coisas que nunca mudam no "menino tecnológico". Mas estas aplicações de pouca valia iam ter neste trajecto, porque está muito alterado.
Uns 300 metros após ter iniciado a marcha já estava a caminhar num bosque, porque o albergue fica praticamente no fim da cidade. Isto agradou-me, porque em 2009 recordo que a aproximação final a Santiago era toda por alcatrão. Claro que a aplicação do telemóvel logo avisou que eu não estava a fazer a trilha planeada, e eu pensei, ainda bem que não estou, prefiro seguir as setas.
Pouco depois de estar a caminhar já se avista as torres da catedral de Santiago de Compostela. Neste caminho não há a tradição, como no caminho francês, que tem o Monte do Gozo, o primeiro local onde se avista a Catedral. Aqui fiquei satisfeito por faltar pouco mais que seis quilómetros, pensei, dentro de uma hora e picos estou lá.
Sigo depois por entre ruas estreitas de pequenos povoados, casas com espigueiros pequenos e modestos, que mostram que aqui não é certamente uma zona agrícola como nas Astúrias ou outras partes da Galiza. Aqui o negócio é outro.
Fiquei muito satisfeito com o novo traçado do caminho, por várias vezes voltou a passar por dentro de bosques. Faltava quatro quilómetros para terminar e estava dentro de um bosque, pedras cobertas de musgo, árvores antigas, daquelas que nos fazem recuar no tempo. É inevitável não fazer a comparação com o caminho francês, com os seus vários quilómetros de alcatrão na aproximação à cidade. Neste aspecto o caminho português está um luxo, é para compensar a primeira etapa quando se sai do Porto, que é na sua quase totalidade alcatrão.
Mas como não podia deixar de ser a zona urbana acaba por se impor, imponente sobre o caminho. Mas mesmo assim um último trilho, o caminho desvia pelas traseiras dos prédios e ainda se faz mais umas centenas de metros fora de alcatrão. A aproximação ao centro histórico é feita por uma avenida enorme, quase recta e a subir. O caminho pede o seu tributo até ao fim, só pode chegar quem tem pernas.
Finalmente vejo ao meu lado o Jardim Parque da Alameda, e reconheço o local, estou mesmo perto do centro histórico. Sigo pela Rua do Franco, que sei que me vai levar directamente à Praça do Obradoiro. Ao passar pela Praça, mais uma vez admiro a imponência da Catedral, penso, se para nós hoje que estamos habituados a ver de tudo, ainda nos consegue impressionar, o que sentiam os peregrinos quando aqui chegavam na Idade Média?
Mas as minhas preocupações eram outras, ainda não tinha esquecido o que aconteceu no caminho Primitivo quando fui buscar a Compostelana. Devido a só passarem 1200 por dia, quando lá cheguei já não havia números para esse dia.
Então entre pensamentos de catedrais imponentes e peregrinos do passado, fui caminhando em direcção à oficina do peregrino. Hoje tudo estava de feição, até a rua de acesso, que em Agosto estava cortada para obras, agora estava livre e desimpedida.
Cheguei à oficina (que em português seria escritório ou algo similar) e perguntei ao segurança de podia entrar para ir buscar o número. Ele disse que tinha primeiro fazer o registo electrónico, pois é, desta vez não tinha encontrado nada para o fazer pelo caminho. No Primitivo esse registo foi feito logo no monte do Gozo.
Preenchimento feito, mostro o ecrã do telemóvel e uma senhora entrega um papel com um número. Incrível, tinha um número mais baixo do que em Agosto, quando tive de ir para lá às 7:00 da manhã.
Então, com o meu 96 na mão, olho para o ecrã que ia no 93. Incrível, pensei eu, deixa lá ir para a fila se não daqui a pouco estão à minha espera. No corredor apenas duas pessoas aguardavam e o senhor mais perto de mim diz, bem vindo português.
E eu pensei, mau... Então ainda nem abri a boca e este já sabe que sou português!...
E ele continua, vi a fita da edp.
Ah...
Tudo explicado. É que para a bolsa da GoPro não bater na perna, uso uma fita da edp para a fixar.
Falamos um pouco sobre a diferença de afluência de peregrinos, entre agora e o Verão. Ainda tive tempo de saber que ele tinha feito o Caminho do Norte, até senti uma pontinha de inveja, mas eu desta vez, modestamente fiz o português.
Saí da oficina do peregrino e finalmente pude ir saborear a minha chegada, volto à praça do Obradoiro e penso nas outras minhas chegadas a Santiago.
Em 1999 cheguei de bike com o meu irmão, em 2009 cheguei sozinho de bike, mas tinha a minha família à espera na praça. Em Agosto deste ano cheguei com a Sónia "Lourenzo", hoje cheguei só.
Também foi a primeira vez que caminhei só, no caminho de Santiago, porque na serra estou habituado a caminhar só.
Mas a chegada assim é mais estranha, não temos ninguém para partilhar o que estamos a sentir.
Então contorno a catedral e resolvo ir passar na porta santa, entro mas um segurança diz que não posso entrar na catedral com a mochila. Na verdade eu nem reparava que levava mochila, ela já faz parte de mim. Perguntei onde a podia colocar e ele indica um local onde depositar a mochila, era ainda muito cedo para a levar para o albergue. Vou depositar a mochila e voltei, novamente passo na porta santa e vou visitar o local onde supostamente está sepultado o apóstolo Tiago, um dos preferidos de Jesus.
Quando volto a sair vejo que a fila para entrar na catedral era apenas umas seis pessoas, em Agosto dava a volta à praça. Entrei na catedral e mais uma vez admiro o seu esplendor, mas gostava mais com aspecto de séculos de história, do que com cara de acabada de fazer.
Estava entretido com os meus pensamentos quando dizem que a missa do peregrino vai começar, procuro um local e assumo o meu lugar de peregrino ateu. Na verdade só em Santiago é que vou à missa, a última vez tinha sido em Agosto. Mas em Santiago só para apreciar o órgão de tubos vale a pena.
Quando saio da catedral, ainda dou uma volta pelas ruas, mas depois penso que está na hora de ir até ao albergue, tomar um banho, trocar de roupa para depois pensar em comer alguma coisa.
O albergue fica a três minutos da catedral, na verdade é mesmo nas traseiras, o quarto tem uma varanda de onde de vê as torres mesmo ao lado. Foi nessa varanda que tem mesa e cadeiras que aproveitei para fazer a minha merenda, desta vez um luxo, comparada com algumas merendas que tiveram de ser nas paragens de autocarro, porque era o que havia para sentar. Mas agora estava em Santiago, e merecia, o objectivo tinha sido superado.
Foi também um momento de reflexão sobre o caminho, o meu primeiro caminho sozinho, que foi planeado mesmo para ser sozinho, porque quando escolho trajectos das etapas a cima dos trinta quilómetros, alguns até muito perto dos quarenta, sei que vou fazer sozinho. Não há por aí tanta gente louca.
Outra característica deste caminho, cheguei a fazer etapas sem ver nenhum peregrino, principalmente no início. Entre Porto e Rates não vi ninguém a caminhar.
Não me importo de caminhar sozinho, nem sinto o problema da solidão, mas agora que já tive as duas experiências, qual a que gosto mais?
Na verdade foi esta busca que me trouxe a este caminho.
Tudo tem prós e contras, aqui não podia ser diferente. Do ponto de vista de eficácia acompanhado é muito melhor, podemos partilhar o que estamos a sentir, a resolução de problemas é mais simples e sem dúvida que o caminho é muito mais divertido. Mas sozinho só tenho de me preocupar comigo, imponho o ritmo de caminhada que me apetece, posso parar para comer ou optar por comer em andamento como fiz algumas vezes.
Mas por outro lado eu não posso dizer que fiz este caminho sozinho, a caminhar sim, mas no geral senti diariamente o vosso apoio, as vossas palavras de incentivo, nunca me senti só. Na verdade fizemos este caminho juntos, por isso agradeço a todos os que me acompanharam nesta aventura. Sei que se voltar a fazer outras aventuras, vou ter sempre a vossa presença e apoio.
Como conclusão, sempre que tiver companhia para fazer este tipo de aventura vou preferir, principalmente se for a companhia certa, mas com companhia física disponível ou sem ela, vocês irão sempre comigo nestas aventuras.
Então, até à nossa próxima aventura.
Em breve vão sair os vídeos, não percam a oportunidade de ver toda a aventura que viveram pela escrita, através da imagem.

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