Caminho Português - Porriño - Pontevedra
near Porriño, Galicia (España)
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Trail photos
Itinerary description
Etapa 5
Porrino a Pontevedra 35,12km
Acumulado 192,31km
O albergue Caminho Português em Porrino é bastante confortável, as cortinas nos beliches permitem uma grande privacidade, se bem que agora com a pouca ocupado de pessoas por quarto não é necessário, mas gostei. O albergue tem no entanto um contra, fica junto a uma estrada muito movimentada e como agravante a minha cama era mesmo encostada à janela. Talvez os que ficam mais para o fundo não de ouça tanto, mas onde eu estava, os carros a passar faziam muito barulho. No entanto não foi isso que me impediu de dormir profundamente, até porque durante a noite o fluxo de carros diminuiu significativamente.
De manhã fui tomar o pequeno-almoço que já tinha deixado preparado no dia anterior, para o refeitório no piso de cima, ainda a cidade estava a acordar. Agora que estou em Espanha, só é dia depois das 8:30.
Como ontem já tinha identificado que a dor no dedo 4 do pé esquerdo era causada pela unha do dedo 5, resolvi fazer uma experiência e colocar uma protecção própria para os dedos, é um tubinho de tela com o interior revestido com uma membrana muito macia.
Arrumei as coisas na mochila e pernas ao caminho, o pé sentia que tinha lá algo estranho mas não havia dor, por isso estava bem.
A saída é o normal nas cidades, procurar o caminho, agora já com um fluxo de peregrinos digno do caminho de Santiago. O dia estava a clarear, mas com um misto de nevoeiro e neblina que a primeira reacção que tive quando saí do Albergue é que parecia o típico clima em Inglaterra.
Os primeiros quilómetros foram praticamente planos, até para permitir aquecer os músculos. Fui passando por vários peregrinos, outros passando por mim, cada um vai ao seu ritmo. Encontrei muitos portugueses, falávamos um pouco, mas praticamente todos o objetivo era irem até Redondela. Isso para mim não era nem metade da etapa de hoje, por isso não podia ir muito tempo com o andamento deles. Aos 5,6km começa a primeira subida do dia e realmente deu para aquecer. Aproveitando novamente uma paragem do autocarro lá me livrei da camisola de manga comprida e dos acrescentos das calças. Como até gosto de subir, bora lá. Só que dois quilómetros depois a dor no dedo começou a ser insuportável. Então não querem lá ver que o tubinho não se dá bem com as subidas... Apareceu um banco de pedra e fui inspeccionar, realmente estava fora do sítio. Coloquei novamente bem e siga caminho. A subida ainda durou mais um quilómetro e aquilo aguentou. Lá em cima a vista era magnífica, o sol já brilhava intensamente e via-se as formações de nuvens que ainda cobriam os vales, era assim umas Astúrias em ponto pequeno. Pena que estas formações de nuvens estavam em contraluz, não indicado para fotos com telemóvel.
Os próximos 4km foram a descer, uma das zonas que por sorte era alcatrão foi talvez das descidas mais íngremes que fiz até hoje. Era engraçado ver todos a dar passinhos muito pequeninos e com cara de sofrimento causado pelo dedos a quererem furar as botas. Daí até Redondela foi sempre plano, junto a cursos de água, com bastante alcatrão também. Três horas de marcha com 15km feitos e estava a entrar na zona periférica de Redondela. Fiquei satisfeito por verificar que apesar das paragens e das dificuldades que tive estava na média dos 5km/h que é a velocidade que costumo fazer.
Dentro de Redondela foi o habitual, tentar não perder as setas, passei junto do albergue municipal (acho que era o municipal pelo símbolo) já tinha algumas mochilas na fila e ainda estava fechado. O meu objetivo era almoçar entre os 15 e os 20km, bastava que houvesse um local agradável. Em Redondela com toda aquela confusão, certamente não ia ser, então segui caminho.
Aparece a segunda serra do dia e toca a subir, por volta do km 19 o pé começa a incomodar cada vez mais, mas o GPS informa que perto dali há um parque de merendas. Então é com o dedo a dar as últimas que chego ao Parque do Loureiro, com umas excelentes mesas e sombras que convidam a uma refeição tranquila. A primeira coisa a fazer foi tirar as bodas e só depois pensei em comida.
Durante a refeição chegaram mais portugueses, mas também não iam para Pontevedra, conversamos um pouco sobre os caminhos de Santiago, mas não deu para pensar em caminhar juntos porque eu ia para mais longe.
Antes de partir, uma nova experiência, colocar vaselina no dedo e só depois o tubo, será que ia dar certo? Meti a vaselina, coloquei o tubo, voltei a por vaselina, por falta de lubrificação é que não se havia de queixar. Despedi-me do grupo português e pés ao caminho. A subida ainda continuava e o pé estava impecável. Olha que bom, acertei na fórmula, achei eu, é só besuntar tudo com vaselina.
Começou a descida e mais dois quilómetros estava a entrar em Arcade, o caminho leva-nos à periferia, onde ainda se podem ver os locais de lavagem da roupa (as redes sociais da época), com fontes de água fresquinha. Ainda dentro de Arcade aproveitei para por mais um carimbo na credencial, já que em Redondela nem me lembrei disso. Tinha recomeçado a andar depois de carimbar e o pé a doer outra vez, até ia a coxear. Claro que quando isto acontece há logo um banco de pedra por perto. Sentei-me, tirei a bota, tirei o tubo, meti vaselina, voltei a calçar a bota e siga sem tubo. Então agora ia andar a parar de 2 em 2 quilómetros por causa daquilo?
Foi o melhor que fiz, o pé tinha uma pequena dor, mas que por vezes até esquecia que lá estava, principalmente quando a paisagem é bonita e realmente daí para a frente fui agraciado com paisagens espectaculares.
Ao me aproximar de Ponte Sampaio (acho que é o nome da localidade) tenho uma paisagem linda, com a ria de Vigo a enquadrar a paisagem. Desta vez não tive de caminhar semanas para ver o mar.
Atravesso a ponte medieval e entro na antiga localidade, onde o caminho nos leva por ruas que mal cabe um carro. Algumas não cabe mesmo. Muito bonito caminhar por ali, é como uma viagem ao passado. Caminhos esses bem íngremes também, ainda bem que já me tinha livrado do tubo.
Os caminhos seguem em terra batida até descer para o rio Ulló, daí para a frente a via é de pedra. Parece uma antiga via, mas com as pedras já muito desalinhadas. Recordo quando passei aqui de bike que aquilo deu luta. São dois quilómetros de subida, mas bem íngreme, por sorte maioritariamente à sombra dentro de um bosque. Já a descida é mais exposta, num dia de calor como hoje e depois do esforço da subida estava difícil de controlar a transpiração que teimava em fazer arder os olhos. Claro que quando apareceu uma fonte, não me fiz rogado em colocar a cabeça por baixo, soube mesmo bem e pelos menos livrei-me do excesso de sal que estava a fazer arder os olhos. Como não tinha informação da qualidade da água, optei por não abastecer, mas estava a ficar preocupado com a água que ainda tinha. Iniciei com uns três litros de água, mas com a temperatura e o esforço já tinha consumido bastante. Sinto perfeitamente no peso da mochila quando começo a ter pouca água.
Mas aos 29km aparece um parque de merendas com uma fonte e essa era boa para beber. Coloco mais um litro na bolsa de hidratação e já estou descansado, falta pouco mais de 5km, já não fico sem água.
O caminho depois até Pontevedra foi simples e plano, estradas secundárias, com algumas capelas, uma delas estava aberta e tinha carimbo, aproveitei logo.
O albergue fica muito no início de Pontevedra, foi bom porque assim não tive de andar muito.
Depois foram as tarefas habituais, tomar banho, lavar a roupa, ir comprar comida, fazer as sandes para o dia seguinte, preparar o jantar e escrever aqui o diário de bordo...
Amanhã o objectivo é Caldas de Rei, fica a 22km, mas como isto fica sempre inflacionado, vá lá talvez uns 24. Tenho de ir devagar, se não chego lá à hora de almoço.
Quando ao pé, amanhã acho que vou fazer mais umas experiências, eu nunca tenho problemas nos pés, agora que tenho esta oportunidade é aproveitar a fazer experiências. Podem pensar que é uma chatice, mas não é. É sim uma oportunidade de aprendizagem, que pode no futuro ser-me útil numa outra situação que não esteja num caminho como este que tem muita coisa à nossa disposição.
Temos sempre de ver a vantagem das situações.
Então, até amanhã em Palas de Rei.
Porrino a Pontevedra 35,12km
Acumulado 192,31km
O albergue Caminho Português em Porrino é bastante confortável, as cortinas nos beliches permitem uma grande privacidade, se bem que agora com a pouca ocupado de pessoas por quarto não é necessário, mas gostei. O albergue tem no entanto um contra, fica junto a uma estrada muito movimentada e como agravante a minha cama era mesmo encostada à janela. Talvez os que ficam mais para o fundo não de ouça tanto, mas onde eu estava, os carros a passar faziam muito barulho. No entanto não foi isso que me impediu de dormir profundamente, até porque durante a noite o fluxo de carros diminuiu significativamente.
De manhã fui tomar o pequeno-almoço que já tinha deixado preparado no dia anterior, para o refeitório no piso de cima, ainda a cidade estava a acordar. Agora que estou em Espanha, só é dia depois das 8:30.
Como ontem já tinha identificado que a dor no dedo 4 do pé esquerdo era causada pela unha do dedo 5, resolvi fazer uma experiência e colocar uma protecção própria para os dedos, é um tubinho de tela com o interior revestido com uma membrana muito macia.
Arrumei as coisas na mochila e pernas ao caminho, o pé sentia que tinha lá algo estranho mas não havia dor, por isso estava bem.
A saída é o normal nas cidades, procurar o caminho, agora já com um fluxo de peregrinos digno do caminho de Santiago. O dia estava a clarear, mas com um misto de nevoeiro e neblina que a primeira reacção que tive quando saí do Albergue é que parecia o típico clima em Inglaterra.
Os primeiros quilómetros foram praticamente planos, até para permitir aquecer os músculos. Fui passando por vários peregrinos, outros passando por mim, cada um vai ao seu ritmo. Encontrei muitos portugueses, falávamos um pouco, mas praticamente todos o objetivo era irem até Redondela. Isso para mim não era nem metade da etapa de hoje, por isso não podia ir muito tempo com o andamento deles. Aos 5,6km começa a primeira subida do dia e realmente deu para aquecer. Aproveitando novamente uma paragem do autocarro lá me livrei da camisola de manga comprida e dos acrescentos das calças. Como até gosto de subir, bora lá. Só que dois quilómetros depois a dor no dedo começou a ser insuportável. Então não querem lá ver que o tubinho não se dá bem com as subidas... Apareceu um banco de pedra e fui inspeccionar, realmente estava fora do sítio. Coloquei novamente bem e siga caminho. A subida ainda durou mais um quilómetro e aquilo aguentou. Lá em cima a vista era magnífica, o sol já brilhava intensamente e via-se as formações de nuvens que ainda cobriam os vales, era assim umas Astúrias em ponto pequeno. Pena que estas formações de nuvens estavam em contraluz, não indicado para fotos com telemóvel.
Os próximos 4km foram a descer, uma das zonas que por sorte era alcatrão foi talvez das descidas mais íngremes que fiz até hoje. Era engraçado ver todos a dar passinhos muito pequeninos e com cara de sofrimento causado pelo dedos a quererem furar as botas. Daí até Redondela foi sempre plano, junto a cursos de água, com bastante alcatrão também. Três horas de marcha com 15km feitos e estava a entrar na zona periférica de Redondela. Fiquei satisfeito por verificar que apesar das paragens e das dificuldades que tive estava na média dos 5km/h que é a velocidade que costumo fazer.
Dentro de Redondela foi o habitual, tentar não perder as setas, passei junto do albergue municipal (acho que era o municipal pelo símbolo) já tinha algumas mochilas na fila e ainda estava fechado. O meu objetivo era almoçar entre os 15 e os 20km, bastava que houvesse um local agradável. Em Redondela com toda aquela confusão, certamente não ia ser, então segui caminho.
Aparece a segunda serra do dia e toca a subir, por volta do km 19 o pé começa a incomodar cada vez mais, mas o GPS informa que perto dali há um parque de merendas. Então é com o dedo a dar as últimas que chego ao Parque do Loureiro, com umas excelentes mesas e sombras que convidam a uma refeição tranquila. A primeira coisa a fazer foi tirar as bodas e só depois pensei em comida.
Durante a refeição chegaram mais portugueses, mas também não iam para Pontevedra, conversamos um pouco sobre os caminhos de Santiago, mas não deu para pensar em caminhar juntos porque eu ia para mais longe.
Antes de partir, uma nova experiência, colocar vaselina no dedo e só depois o tubo, será que ia dar certo? Meti a vaselina, coloquei o tubo, voltei a por vaselina, por falta de lubrificação é que não se havia de queixar. Despedi-me do grupo português e pés ao caminho. A subida ainda continuava e o pé estava impecável. Olha que bom, acertei na fórmula, achei eu, é só besuntar tudo com vaselina.
Começou a descida e mais dois quilómetros estava a entrar em Arcade, o caminho leva-nos à periferia, onde ainda se podem ver os locais de lavagem da roupa (as redes sociais da época), com fontes de água fresquinha. Ainda dentro de Arcade aproveitei para por mais um carimbo na credencial, já que em Redondela nem me lembrei disso. Tinha recomeçado a andar depois de carimbar e o pé a doer outra vez, até ia a coxear. Claro que quando isto acontece há logo um banco de pedra por perto. Sentei-me, tirei a bota, tirei o tubo, meti vaselina, voltei a calçar a bota e siga sem tubo. Então agora ia andar a parar de 2 em 2 quilómetros por causa daquilo?
Foi o melhor que fiz, o pé tinha uma pequena dor, mas que por vezes até esquecia que lá estava, principalmente quando a paisagem é bonita e realmente daí para a frente fui agraciado com paisagens espectaculares.
Ao me aproximar de Ponte Sampaio (acho que é o nome da localidade) tenho uma paisagem linda, com a ria de Vigo a enquadrar a paisagem. Desta vez não tive de caminhar semanas para ver o mar.
Atravesso a ponte medieval e entro na antiga localidade, onde o caminho nos leva por ruas que mal cabe um carro. Algumas não cabe mesmo. Muito bonito caminhar por ali, é como uma viagem ao passado. Caminhos esses bem íngremes também, ainda bem que já me tinha livrado do tubo.
Os caminhos seguem em terra batida até descer para o rio Ulló, daí para a frente a via é de pedra. Parece uma antiga via, mas com as pedras já muito desalinhadas. Recordo quando passei aqui de bike que aquilo deu luta. São dois quilómetros de subida, mas bem íngreme, por sorte maioritariamente à sombra dentro de um bosque. Já a descida é mais exposta, num dia de calor como hoje e depois do esforço da subida estava difícil de controlar a transpiração que teimava em fazer arder os olhos. Claro que quando apareceu uma fonte, não me fiz rogado em colocar a cabeça por baixo, soube mesmo bem e pelos menos livrei-me do excesso de sal que estava a fazer arder os olhos. Como não tinha informação da qualidade da água, optei por não abastecer, mas estava a ficar preocupado com a água que ainda tinha. Iniciei com uns três litros de água, mas com a temperatura e o esforço já tinha consumido bastante. Sinto perfeitamente no peso da mochila quando começo a ter pouca água.
Mas aos 29km aparece um parque de merendas com uma fonte e essa era boa para beber. Coloco mais um litro na bolsa de hidratação e já estou descansado, falta pouco mais de 5km, já não fico sem água.
O caminho depois até Pontevedra foi simples e plano, estradas secundárias, com algumas capelas, uma delas estava aberta e tinha carimbo, aproveitei logo.
O albergue fica muito no início de Pontevedra, foi bom porque assim não tive de andar muito.
Depois foram as tarefas habituais, tomar banho, lavar a roupa, ir comprar comida, fazer as sandes para o dia seguinte, preparar o jantar e escrever aqui o diário de bordo...
Amanhã o objectivo é Caldas de Rei, fica a 22km, mas como isto fica sempre inflacionado, vá lá talvez uns 24. Tenho de ir devagar, se não chego lá à hora de almoço.
Quando ao pé, amanhã acho que vou fazer mais umas experiências, eu nunca tenho problemas nos pés, agora que tenho esta oportunidade é aproveitar a fazer experiências. Podem pensar que é uma chatice, mas não é. É sim uma oportunidade de aprendizagem, que pode no futuro ser-me útil numa outra situação que não esteja num caminho como este que tem muita coisa à nossa disposição.
Temos sempre de ver a vantagem das situações.
Então, até amanhã em Palas de Rei.
Waypoints
Bridge
20 ft
Ponte Mediaval de Pontesampaio
Foi um município (concello em galego) independente, que era composto por duas paróquias: Ponte Sampaio e A Canicouva, que foi integrado no concelho de Pontevedra nos anos 1950. A ilha da Insuíña, na ria de Vigo, faz parte da paróquia de Ponte Sampaio.
Comments (2)
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Fiz este caminho em 2015! Tão bom recordar!
I have followed this trail verified View more
Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Descrição do percurso simples e correta