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Caminho Primitivo-13ª Etapa (Monte do Gozo - Santiago de Compostela)

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Author

Trail stats

Distance
3.09 mi
Elevation gain
144 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
404 ft
Max elevation
1,069 ft
TrailRank 
77 5
Min elevation
755 ft
Trail type
One Way
Moving time
one hour 6 minutes
Time
2 hours 43 minutes
Coordinates
863
Uploaded
September 28, 2021
Recorded
September 2021
  • Rating

  •   5 2 Reviews
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near San Marcos, Galicia (España)

Viewed 563 times, downloaded 49 times

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Itinerary description

O propósito de cedo chegar a Santiago levou a que saíssemos do Monte do Gozo ainda à luz dos candeeiros, mas não tão cedo quanto o fizemos em dias anteriores. Caminhamos para a saída do grande recinto olhando lá para cima e recordando os passos da tarde de ontem que nos levaram ao outeiro onde as estátuas dos dois peregrinos, em atitude de ação de graças, elevam a mão direita ao céu olhando, ao longe, as torres da Catedral. O escultor galego Acuña transmitiu àquelas imóveis figuras o espírito sentido do peregrino medieval que, lá longe, via aparecer as torres da Catedral, lugar da sua demanda.
O monte não é decerto o mesmo onde, em tempos tão longínquos, se avistaria a Catedral pois que, em 1993 entre muita polémica, foi construído este parque alterando significativamente a configuração do relevo.
Ainda mal alvorece quando passamos pela Casa de José Cao Lata. As esculturas de pedra que enchem o jardim assemelham-se a sombras de outros ou passados mundos. Um belo cruzeiro recorta-se no céu. Este como outros que Cao Lata semeou pelos "camiños da Galicia" ergue seus braços ao Céu para lá fazendo subir as preces de quem, neste mundo de lágrimas, arrasta a sua existência. Lê-se na Caixa de Correio de disforme figura: «Los derechos humanos estan desnudos». Um dia, quando teu corpo partir, alguém vestido com as roupagens da hipocrisia, dirá que continuas vivo na memória da tua arte. Tu sabes que não serás o primeiro...
Descemos por caminho lajeado para o vale do Sar. Entramos na Ponte de San Lázaro. Uma via pedonal, bem separada das faixas de rodagem, leva-nos sobre o vale onde a AP-9, a via férrea e o rio rumam a diferentes destinos. Entramos em San Lázaro. No Xardín do Pallote, imóvel, está o "Monumento al Caballero Templario Peregrino", obra do grande escultor Santiago de Santiago, que em Santiago não foi nascido. Deste escultor diria um dia o marquês de Lozoya «Parece como si las manos de Santiago tuviesen el poder de transmitir la vida». Disseram-me ou li algures que este monumento terá sido encomendado pela OSMTH (Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolymitani) e é uma homenagem aos cavaleiros dos Caminhos dos Santos Lugares e que peregrinos terão sido também. Dizem as más línguas que quando foi inaugurado o monumento a Ordem se teria esquecido de qualquer coisa e que a obra seria de seu autor não apenas na criação e arte... Um pormenor me chama ainda a atenção: no escudo, no peitoral e na lança o cavaleiro exibe a "cruz pátea" da Ordem de Malta e não a que usavam os templários. Terá sido propositado?...
Já se vê a grande "puerta sin puerta" a Itineris Sancti Iacob que nos franqueia e dá as Boas Vindas a Santiago. Da autoria de Cândido Pazos López a obra, com 16,5 metros de altura, alto "se faz ouvir" dizendo ao mundo que todos aqui serão bem recebidos. Na base circunda-a o Círculo da Vida feito de pedra supostamente trazida da várias regiões e o nome das principais povoações que os peregrinos do Camino Francês atravessaram. Tem, no pilar prismático, duas dezenas de relevos em bronze com ilustres figuras que contribuíram para a promoção e divulgação dos Caminhos de Santiago. Numa delas está Isabel de Portugal.
Estende-se uma passadeira à nossa frente. Passamos o Palácio de Congressos e continuamos por este passeio ajardinado da Rúa de San Lázaro. O topónimo sugere e de facto nesta rua terá existido uma leprosaria ou gafaria. Esse hospital teria a imprescindível capela dedicada a S. Lázaro que foi demolida no primeiro quartel do século passado. A nova igreja aparece agora à nossa frente. Construída em 1924 foi provavelmente um dos últimos senão o último projeto de Jesús López de Rego y Labarta que abandonaria a arquitetura dois anos depois por dificuldade de visão. O estilo modernista e as paredes de granito com contrafortes expostos dão-lhe, a meu ver, um aspeto pesado e frio.
Acelerámos o passo. Ontem disseram-nos que havia filas enormes na Oficina do Peregrino e eram necessárias muitas horas para obter a Compostellana. Por isso quisémos passar a noite perto e sair cedo. A quantidade de peregrinos que vemos passar por nós obrigou pois a apressarmo-nos. Passámos a Rúa do Valiño, a Rúa das Fontíñas e por ela cruzámos a Rúa de Lisboa, seguiu-se a Rúa da Fonte dos Concheiros e agora pela Rúa dos Concheiros seguiríamos não fora sermos dela desviados por se encontrar em obras. Vamos então pela Rúa do Home Santo a que se segue a Rúa da Angustia. Entramos na Rúa do Campo da Angustia e, sobrelevada à nossa esquerda, está a Igrexa de Nosa Señora da Angustia. O templo, em estilo neoclássico, data do século XVIII, no entanto outra terá havido porque na história da Cofradía de Nuestra Señora da Quinta Angustia diz que "sobre un cementerio en el que se daba sepultura a corpos finados que no han sepulturas salvo a terra" se construiu uma "capilla" no ano de 1465. Este cemitério seria também conhecido pelo "cemiterio dos axustizados". A capela foi mandada construir por Cristovo Francés em honra da Virgem. Lá dentro estará a imagem da "Virxe da Quinta Angustia" que data do século passado e é obra do "imaxineiro Jesús Picón". Não tendo tempo nem porta aberta para ver o interior da igreja, seguimos caminho. Logo a seguir, à nossa direita, aparece a antiga Fonte de San Mauro da Angustia. De arquitetura barroca apresenta a imagem do santo na iconografia tradicional de um idoso de barba longa vestido com o hábito da ordem de S. Bento, o Livro da Regra na mão esquerda e apoiando a mão direita no báculo abacial. Na peanha está um querubim de asas abertas e por cima da cabeça uma grande concha. A pia tradicional serviria para dar de beber aos cavalos e as travessas de ferro para apoiar os cântaros dos habitantes e aguadeiras.
As setas provisórias do desvio levaram-nos a descer a Rúa da Carricova e agora trouxeram-nos à Rúa de San Pedro que está na continuidade da Rúa dos Concheiros por onde teríamos vindo se as obras nos não tivessem desviado. Estamos na velha zona medieval da cidade dirigindo-nos para o centro. Por cima dos telhados à nossa frente aparece a torre inacabada da Igreja do Convento de Santo Agostinho. Data do séc. XVII a sua construção, custeada pela enorme fortuna do Conde de Altamira para a Ordem dos Agostinhos Descalços de Arzúa. O convento é atualmente "un de los colegios mayores más emblemático de Santiago" da responsabilidade dos Jesuítas. Algumas curiosidades do templo: a torre da esquerda (a que avistamos daqui) nunca foi acabada; a torre da direita foi atingida por um raio em 1788; na fachada existe uma imagem da "Virxe da Cerca", assim chamada por ser uma imagem que estava num nicho da antiga muralha da cidade; depois da "exclaustración" do século XIX o convento teve vários usos e, como disse, atualmente é um Instituto Universitário de grande prestígio. Agora do lado direito aparece outra torre. Esta pertence à Catedral, é a Torre do Reloxo ou La Berenguela. Duas coisas me vêm à memória sempre que avisto esta torre: o sino de catorze toneladas e o "fantasma peregrino" que, à noite, aparece na Praza da Quintana muito perto da sua base. Não conhecem?... pois, mas com a pressa que vamos nada mais tenho tempo de contar, vejam na Xacopedia e em santiagodecompostelainfo.com está lá tudo!
O passo não dá para mais acelerar mas acelera o coração com a proximidade da Praça do Obradoiro. Chegamos à Porta do Camiño. O belíssimo Cruceiro do Home Santo (séc. XIV) esconde-se atrás dos guardassóis do café Plaza e da vergonha de Juan Tuorum que ali pediu à Virgem «vem e me-val» preferindo morrer ali que no cadafalso. Entramos na zona das "Casas Reais" e a "Capilla de A Nosa Señora do Camiño" e a "Capilla das Ánimas" lembram-nos de relance outras peregrinações. Olhamos para a fachada desta última onde, entre quatro enormes colunas jónicas, em um policromado baixo-relevo, as pobres "ánimas" purgam no suplício do fogo as tentações a que não puderam resistir. Quantos de nós a isso estaríamos sujeitos?... a minha fé diz-me que não mas... tantos são os que acreditam... Sacudo a cabeça e caminho quase correndo porque apressados continuamos e os meus companheiros fogem-me. Se mochilas levamos já as esquecemos. O movimento da rua atrapalha. Desviamo-nos, ziguezagueando, de quem passeia. Passamos a Praza de Cervantes, que se chamava Praza do Foro na idade média, olhando o monumento a Miguel de Cervantes Saavedra sobre a fonte de quatro canos onde as pessoas se encostam agora apreciando o movimento. E nós seguimos, logo haverá tempo para passear. Fugimos das arcadas sobrepovoafas da Rúa da Acibechería caminhando no meio dela. Ainda por aqui existem muitas lojas de "recuerdos" mas aqueles de azeviche que à rua deram o nome já pouco se vêem.
Chegamos à Praza da Inmaculada. À nossa direita vemos de relance o impressionante Monasterio de San Martiño Pinario para logo olhar para a fachada norte da Catedral à nossa esquerda. Esta fachada foi construída em 1769 porque a anterior, em estilo românico, teve que ser demolida pelos danos que lhe causou o incêndio de 1758. A reconstrução começou por ser em estilo barroco mas acabou neoclássica pelas mãos de Domingo Lois Monteagudo e Clemente Fernández Sarela. Seria ali a "Porta do Paraíso" construída em 1122 por Bernardo "o tesorero" que com o fogo se transformou na "porta do inferno". Não paramos e entramos já no arco do Pazo de Xelmírez ou Pazo Arzobispal. Esta passagem dá-nos acesso à Praza do Obradoiro. São os últimos passos de quase um milhão andado desde que duas semanas atrás descemos do autocarro em Oviedo. O som estridente mas melódico da "gaita" do tocador de rua, soa a hino triunfal.
São 9h56m. Os olhos brilham e a emoção tolhe-nos a voz quando nos abraçamos defronte à grande Catedral de Santiago de Compostela. Bendito Sejas Senhor!

Waypoints

PictographPhoto Altitude 1,035 ft
Photo ofAinda no Monte do Gozo Photo ofAinda no Monte do Gozo Photo ofAinda no Monte do Gozo

Ainda no Monte do Gozo

PictographPhoto Altitude 1,008 ft
Photo ofA Casa de José Cao Lata Photo ofA Casa de José Cao Lata Photo ofA Casa de José Cao Lata

A Casa de José Cao Lata

PictographPhoto Altitude 933 ft
Photo ofCruzando o Vale do Sar sobre a AP-9 Photo ofCruzando o Vale do Sar sobre a AP-9

Cruzando o Vale do Sar sobre a AP-9

PictographPhoto Altitude 894 ft
Photo ofEl Templário Peregrino no Xardin do Pallote

El Templário Peregrino no Xardin do Pallote

PictographPhoto Altitude 898 ft
Photo ofPorta Itineris Sancti Iacobi no Parque de San Lázaro Photo ofPorta Itineris Sancti Iacobi no Parque de San Lázaro Photo ofPorta Itineris Sancti Iacobi no Parque de San Lázaro

Porta Itineris Sancti Iacobi no Parque de San Lázaro

PictographPhoto Altitude 949 ft
Photo ofIgrexa de San Lázaro Photo ofIgrexa de San Lázaro

Igrexa de San Lázaro

PictographReligious site Altitude 928 ft
Photo ofIgrexa Nosa Señora da Angustia e Fonte de San Mauro Photo ofIgrexa Nosa Señora da Angustia e Fonte de San Mauro Photo ofIgrexa Nosa Señora da Angustia e Fonte de San Mauro

Igrexa Nosa Señora da Angustia e Fonte de San Mauro

PictographPhoto Altitude 896 ft
Photo ofPela Rúa de San Pedro

Pela Rúa de San Pedro

PictographReligious site Altitude 875 ft
Photo ofNosa Señora do Camiño Photo ofNosa Señora do Camiño

Nosa Señora do Camiño

PictographReligious site Altitude 879 ft
Photo ofCapilla das Ánimas

Capilla das Ánimas

PictographPhoto Altitude 880 ft
Photo ofPraza de Cervantes e Rúa da Acibechería Photo ofPraza de Cervantes e Rúa da Acibechería

Praza de Cervantes e Rúa da Acibechería

PictographPhoto Altitude 881 ft
Photo ofPraza da Inmaculada Photo ofPraza da Inmaculada Photo ofPraza da Inmaculada

Praza da Inmaculada

PictographPhoto Altitude 828 ft
Photo ofE eis que chegámos. A Catedral resplandece diante de nós. Photo ofE eis que chegámos. A Catedral resplandece diante de nós. Photo ofE eis que chegámos. A Catedral resplandece diante de nós.

E eis que chegámos. A Catedral resplandece diante de nós.

Comments  (2)

  • Photo of AliceLigeiro
    AliceLigeiro May 20, 2022

    I have followed this trail  View more

    Etapa final e mais curta do que todas as outras feitas, mas apesar disso não teve "menos encanto".
    A chegada à cidade e à praça do Obradoiro é sempre fascinante. Na emotividade cruzam-se as paisagens, interações e superação de cada um dos peregrinos.
    Já sinto vontade de recomeçar...

  • Photo of Grande Líder
    Grande Líder Jun 23, 2023

    Excelente descrição

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