Caminhos de Santiago - Caminho Português do Interior (CPI) - Etapa final (Vedra - Santiago)
near Granxa, Galicia (España)
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Trail photos
Itinerary description
Última etapa. Às sete já no Camino. Uma chuva persistente acompanhou-nos até Santiago. O caminho inicialmente em terra passou a asfalto pouco depois de meia hora andada. Se havia pontos de interesse não dei por eles. Talvez a culpa se atribua à emoção da proximidade do destino ou então culpada foi a chuva que não parou.
A entrada em Santiago pela porta do norte foi um nova e diferente experiência. Mas antes, deixem que vos diga, peregrinar à chuva é mesmo isso: peregrinar. Não fazer turismo nem tão pouco a conjugação das duas coisas. É apenas peregrinar. Que o digo o alto e bem equipado indivíduo, com ar de "pagador de promessas" que, tendo dormido no mesmo albergue onde pernoitámos, por nós passou exibindo o seu "paráguas" sem necessitar de prescindir de qualquer um dos dois bastões e mantendo um passo cadenciado sem preocupações de olhar para a paisagem por onde passava. Profissional é assim!
Ao longo deste caminho passámos por imensos cruzeiros e nunca descrevi nenhum. Há-os por toda a Galiza mas nos Caminos de Santiago são típicos, juntamente com os hórreos (espigueiros). Dizem que, não se sabendo como apareceram os primeiros cruzeiros, se pensa que são uma mescla entre os miliários romanos e as cruzes que os peregrinos transportavam. Normalmente apresentam-se rodeados de uma base quadrangular, são em granito e têm de um lado o Cristo crucificado e do outro a Virgem Maria, que sofreu também o martírio da cruz assistindo seu filho crucificado. Alguns cruzeiros apresentam ainda outras imagens e/ou pormenores bastante interessantes mesmo escultoricamente. Deixo-vos aqui, em duas das fotos (waypoint) as ilustrações tal como a chuva que caía e a câmara do telemóvel permitiram: O Cruzeiro de Aldrei que apresenta um pedestal e varal com votos, no remate tem uma moldura muito trabalhada, de quatro faces com cabeças de anjos no capitel. A Cruz é do tipo lenhoso como se fora feita de troncos de carvalho. Apresenta Cristo e a Virgem (anverso e reverso) em grande sofrimento.
Um pouco à frente, na freguesia do Eixo, já muito perto de Compostela, encontramos à nossa direita a Ermida de Santa Lucía. O lugar era aprazível e merecia que parássemos, mas a meteorologia apressava a chegada e passámos, apenas registando a imagem do cruzeiro e da Ermida que, sabemos, data de 1829 e apresenta uma fachada classicista em granito semelhante a outras que vimos pelo caminho. Fora o tempo um pouco diferente e poderíamos ter ido beber à fonte que se encontra junto à capela. Registámos ainda imagem do cruzeiro. Mais simples que o descrito acima chamam-nos a atenção apenas dois pormenores: o capitel parece coríntio e a virgem (que a qualidade da imagem não permite ver) está em atitude de oração. Tentámos ainda de passagem fotografar a Ponte de Santa Lucía em pedra, sobre o Rego do mesmo nome, onde passava a Via de La Plata e que fazia parte do velho Camiño Real de Piñeiro: deste caminho conserva-se um pequeno trecho, paralelo ao Rego de Angrois com pedras gastas pela passagem de pessoas e carruagens, que vai paralelo ao rego de Angrois. Este e a calçada de Sar, onde havemos de passar mais à frente, são os dois bocados do Camiño Real que ainda se conservam em Compostela.
Passamos o Camiño Real de Angrois, e depois a Calçada de Sar e aparece-nos à nossa frente a Grande Catedral. Mesmo com chuva é um momento único porque, não tendo dado para subir ao Monte Sacro, era a primeira vez que a víamos. Passamos a Ponte de Sar que data do século XII, é d eestilo românico com três arcos, sendo o central mais alto que os outros dois. Daqui para a frente o caminho é a subir e anima-nos a vontade de chegar depressa à Catedral. Passamos o Convento das Mercedarias Descalzas e entramos pelo Arco de Mazarelos que é a única que resta das sete portas da muralha que cercava a cidade. A seguir, à nossa direita, a faculdade de Filosofia depois a Igreja da Universidade, que atualmente serve de centro de exposições, a faculdade de História e Geografia e depois não vimos mais nada, como que encandeados pelo brilho da Catedral.
No Obradoiro o sentimento forte do objetivo cumprido e a ação de graças por o ter conseguido com a companhia, força e perseverança da Alice encheram-me a alma. O que se sente é indiscritível. A alma transborda de sentimentos.
A Catedral continua em restauro mas a fachada está praticamente toda visível.
Para quem me for aturando no Wiki digo que o CPI (Caminho Português do Interior) é extraordinário em beleza, cultura, espiritualidade e dificuldade, tudo isto em maior medida na parte portuguesa.
Um abraço desde Santiago.
A entrada em Santiago pela porta do norte foi um nova e diferente experiência. Mas antes, deixem que vos diga, peregrinar à chuva é mesmo isso: peregrinar. Não fazer turismo nem tão pouco a conjugação das duas coisas. É apenas peregrinar. Que o digo o alto e bem equipado indivíduo, com ar de "pagador de promessas" que, tendo dormido no mesmo albergue onde pernoitámos, por nós passou exibindo o seu "paráguas" sem necessitar de prescindir de qualquer um dos dois bastões e mantendo um passo cadenciado sem preocupações de olhar para a paisagem por onde passava. Profissional é assim!
Ao longo deste caminho passámos por imensos cruzeiros e nunca descrevi nenhum. Há-os por toda a Galiza mas nos Caminos de Santiago são típicos, juntamente com os hórreos (espigueiros). Dizem que, não se sabendo como apareceram os primeiros cruzeiros, se pensa que são uma mescla entre os miliários romanos e as cruzes que os peregrinos transportavam. Normalmente apresentam-se rodeados de uma base quadrangular, são em granito e têm de um lado o Cristo crucificado e do outro a Virgem Maria, que sofreu também o martírio da cruz assistindo seu filho crucificado. Alguns cruzeiros apresentam ainda outras imagens e/ou pormenores bastante interessantes mesmo escultoricamente. Deixo-vos aqui, em duas das fotos (waypoint) as ilustrações tal como a chuva que caía e a câmara do telemóvel permitiram: O Cruzeiro de Aldrei que apresenta um pedestal e varal com votos, no remate tem uma moldura muito trabalhada, de quatro faces com cabeças de anjos no capitel. A Cruz é do tipo lenhoso como se fora feita de troncos de carvalho. Apresenta Cristo e a Virgem (anverso e reverso) em grande sofrimento.
Um pouco à frente, na freguesia do Eixo, já muito perto de Compostela, encontramos à nossa direita a Ermida de Santa Lucía. O lugar era aprazível e merecia que parássemos, mas a meteorologia apressava a chegada e passámos, apenas registando a imagem do cruzeiro e da Ermida que, sabemos, data de 1829 e apresenta uma fachada classicista em granito semelhante a outras que vimos pelo caminho. Fora o tempo um pouco diferente e poderíamos ter ido beber à fonte que se encontra junto à capela. Registámos ainda imagem do cruzeiro. Mais simples que o descrito acima chamam-nos a atenção apenas dois pormenores: o capitel parece coríntio e a virgem (que a qualidade da imagem não permite ver) está em atitude de oração. Tentámos ainda de passagem fotografar a Ponte de Santa Lucía em pedra, sobre o Rego do mesmo nome, onde passava a Via de La Plata e que fazia parte do velho Camiño Real de Piñeiro: deste caminho conserva-se um pequeno trecho, paralelo ao Rego de Angrois com pedras gastas pela passagem de pessoas e carruagens, que vai paralelo ao rego de Angrois. Este e a calçada de Sar, onde havemos de passar mais à frente, são os dois bocados do Camiño Real que ainda se conservam em Compostela.
Passamos o Camiño Real de Angrois, e depois a Calçada de Sar e aparece-nos à nossa frente a Grande Catedral. Mesmo com chuva é um momento único porque, não tendo dado para subir ao Monte Sacro, era a primeira vez que a víamos. Passamos a Ponte de Sar que data do século XII, é d eestilo românico com três arcos, sendo o central mais alto que os outros dois. Daqui para a frente o caminho é a subir e anima-nos a vontade de chegar depressa à Catedral. Passamos o Convento das Mercedarias Descalzas e entramos pelo Arco de Mazarelos que é a única que resta das sete portas da muralha que cercava a cidade. A seguir, à nossa direita, a faculdade de Filosofia depois a Igreja da Universidade, que atualmente serve de centro de exposições, a faculdade de História e Geografia e depois não vimos mais nada, como que encandeados pelo brilho da Catedral.
No Obradoiro o sentimento forte do objetivo cumprido e a ação de graças por o ter conseguido com a companhia, força e perseverança da Alice encheram-me a alma. O que se sente é indiscritível. A alma transborda de sentimentos.
A Catedral continua em restauro mas a fachada está praticamente toda visível.
Para quem me for aturando no Wiki digo que o CPI (Caminho Português do Interior) é extraordinário em beleza, cultura, espiritualidade e dificuldade, tudo isto em maior medida na parte portuguesa.
Um abraço desde Santiago.
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Gostaria de fazer esta etapa