Etapa 7/7 - Caldas de Reis - Santiago (Caminho Central Português para Santiago)
near Caldas de Reis, Galicia (España)
Viewed 3089 times, downloaded 152 times
Trail photos
Itinerary description
A PURGA (física, emocional, ou outra que queiram escolher) PELA DOR é conhecida e utilizada em diferentes culturas. Resulta. E como resulta! Faz-nos sair do conhecido e testa-nos os limites. Por loucura, estupidez ou simples desafio pessoal arrisquei o Caminho Central Português em 7 etapas e sem treino ou preparação específica. Contando apenas com a experiência dos caminhos anteriores. 250km de terra batida, asfalto, paralelo, ervas, pó. Com frio e calor, com lesões pelo caminho, com 3 desistências em mente.
Fiz o Caminho sozinho e cruzei-me com peregrinos, bicigrinos, turigrinos e até girinos. Recuperei-me em fontes, em rios, em lagos. Até debaixo da ponte do rio Lima estive! Andei às 5h30 em bosques e florestas isolados e sombrios. Também ao sol, com 30°. Enfrentei medos e geri sub-etapa a sub-etapa, etapa a etapa. Aceitei elogios e incentivos. Ultrapassei insultos à minha missão e à minha necessidade de responder ao "E se?". Passei por pontes, igrejas, cafés, caminhos de cabras, galos, cavalos, nascer e pôr do sol. Encontrei companhia de viagem (obrigado André!) entre Labruja e Mós. De resto, sozinho. Focado nos pés, no edema, nas bolhas, nas botas que já me levaram 4 vezes a Santiago.
Com 6kg às costas a uma velocidade média de 4.5 a 5km/h já com paragens. Sem os luxos do costume, a mochila XPTO ficou em casa. Pedi a mochila do meu filho emprestada. A mais simples que pode existir. Sem símbolos de Santiago. Simples. Vi pessoas a peregrinar com mochilas, sem mochilas e até a chegar de táxi aos albergues. Questiono-me sobre os conceitos de peregrinação, pedestrianismo e turismo. Não me pareceu importante perder energia com isso.. Mantive o foco, o ritmo. Cozinhei, comi, lavei e sequei a roupa e segui. Até vi a preparação da receção a um novo pároco e uma desfolhada. Não sei ainda bem o impacto desta viagem. Só sei que cheguei. Está feito.
Agradeço às minhas botas que, até hoje, fizeram 800km até Santiago. Foi a sua última vez. Entram outras em ação. Que experiência! Terminada com a acústica e mantras únicos da Catedral e, a posteriori, com a alegria contagiante da Tuna de Direito da Universidade de Santiago. O Caminho de Santiago continua ainda a ser um Caminho de Humanidade.
Nota prévia:
PORTO a VALENÇA = "CAMINHO DE CABRAS" (Piso duro. Muito granito.)
VALENÇA a SANTIAGO = "ALCATIFA" (Piso muito mais regular. Os espanhóis estão a nivelá-lo tanto que qualquer dia vamos em passadeiras rolantes).
PORTO A SANTIAGO DE COMPOSTELA | 2018 | 7 ETAPAS | 250KM
Etapa 00. Sé do Porto à Igreja do Carvalhido (saída do centro da cidade)
Etapa 01. Porto - São Pedro de Rates
Etapa 02. São Pedro de Rates - Tamel
Etapa 03. Tamel - Ponte de Lima
Etapa 04. Ponte de Lima - Valença
Etapa 05. Valença - Redondela
Etapa 06. Redondela - Caldas de Reis
Etapa 07. Caldas de Reis - Santiago de Compostela
DADOS GPS
Distância: 45,23km
Hora de início: 07:48
Hora de chegada: 17:40 (embora só tenha tirado a foto ao GPS às 17:52)
Tempo em andamento: 08:31
Tempo parado: 01:32
Média em andamento: 5.3 km/h
Média geral (com paragens): 4.5 km/h
NOTAS SOBRE A ETAPA
Estive para desistir. Estive para acordar e ir de autocarro até Santiago. Mas a ideia não me agradava. Mesmo com lesões e dor ao caminhar, preferia arriscar ir até Padrón e depois logo se via. Mas até Padrón me parecia longe. GRRR! A verdade é que me deixei afetar pelo "insulto" do alemão (dos seus 70 anos) que não compreendia a minha necessidade de "purga" física. Basicamente, é mesmo isto: dar uma tareia corporal, como forma de compensar algo que sentia que não estava bem. Pois bem. Queria ter-me levantado às 05:30, mas optei por me levantar apenas às 07:00. Iria até Padrón. Mas aquele acordar foi diferente. Ter desistido da minha intenção de chegar a Santiago, tinha-me relaxado. Tinha descansado bem. Tinha dormido bem. Sentia-me confiante. Com energia. E com este momento, a compreensão de que se queres conquistar alguma coisa, tens de desistir de a querer. O resto irá fluir.. Dores? MUITAS! Não vamos ser utópicos e pensar que desapareceram da noite para o dia. Mas a confiança era muita. Ainda assim, com calma, optei por "Deixa-te ir APENAS até Padrón, num ritmo certo, calmo". Cheguei a Padrón às 11h40, troquei as meias, almocei, tomei um café e avancei para os últimos 26km. A chorar (sim, também se chora!) pois via que iria conseguir o que me tinha proposto. E aqui deu-se o momento de catarse. À saída de Padrón. E com ele, várias emoções a fluir e a se libertarem. EU IA CONSEGUIR! Reconhecendo que estava longe da minha capacidade física ideal, superando lesões, dor, sofrimento. Mantendo-me focado, a cada passo que dava. A cada marco que passava. A cada peregrino com quem me cruzava.
Chegar a Santiago não foi tão emotivo como idealizava. Mas foi um grito interno de "F......, CONSEGUI!"
Atenção, que o acumulado de subidas da etapa é de 654m e de descida 423m. É uma etapa pior que a de Redondela a Caldas de Reis!
Waypoints
Valga - desvio para o albergue
Ainda não conheço o albergue de Valga. Apesar de estar a cerca de 400m, não fiz o desvio para lá ir visitar. Tinha 45km previstos para a etapa. Mais 1km já fazia muita diferença.
Virar à direita para Hébron. À esquerda, para Padrón.
Se quiser ir para o Mosteiro de Hébron, vire à direita. Neste caso, segui até Padrón. Ainda não visitei o Mosteiro de Hébron, mas dizem maravilhas do local.
Padrón
Chegada a Padrón. Cheguei às 11h45, à ponte, depois de 18,73km (contados a partir da saída do albergue de Caldas de Reis). A média geral foi de 4.7km/h, já com paragens. Para esta média contribuiu o facto da altimetria não ser difícil.
Albergue de Padrón e Fonte Del Carmen
Aproveitei para almoçar na Fonte Del Carmen. Não tinha água, para minha infelicidade. Restou-me trocar as meias, para ir com os pés secos para os últimos 26km até Santiago. Pela primeira vez, desde o Porto, parei para almoçar com calma e tomar um café.
Saída de Padrón
Saí de Padrón às 12h20. Se formos a ver, a paragem para almoço não foi longa. Uns 15min, mais uns quantos para o café e umas visitas aos "tradicionais monumentos".
Caminhar novamente até à N-550
Ora bem! Uns metros antes, ultrapassei 2 rapazes que seguiam o caminho de Santiago. Estranhamente, fui passar novamente por eles a chegar ao albergue de Teo. Portanto... SÓ PODEM TER CORTADO PARA A N-550 algures nesta área (talvez na zona do túnel). Se é para cortar caminho, podemos vir sempre por nacional, desde o Porto. É mais rápido. Ou vir de autocarro, carro, comboio, ...
Faramello/ Teo
Aqui, encontrei de novo os mesmos rapazes pelos quais tinha passado uns km antes. Ora se eu não parei, nem ninguém passou por mim... algum (GRANDE) corte fizeram.
Ui... que apanhei tanto calor!
Nesta zona, quer seja em abril, junho ou outubro, apanho sempre calor! Mesmo em outubro, estavam uns 29ºC!
Estamos a chegar a Santiago!
Nesta zona, cruzamo-nos com o anterior traçado do caminho, anterior a 2016
Chegamos a Santiago! À entrada! Até à Catedral são mais 4km!
Cuidado com a zona florestal à entrada de Santiago! Movimentos suspeitos! Principalmente com mulheres!
Túnel e Bifurcação
Chegamos ao túnel e, mais à frente, temos uma bifurcação. Se formos pela esquerda são +2,5km até à Catedral. Pela direita (que nunca fui) são +5km. Sinceramente, com 42km nas pernas... VOU PELA ESQUERDA!
Zona Histórica de Santiago de Compostela
"F.....! CHEGUEI! 250KM EM 7 DIAS, DESDE O PORTO"
Albergue de Caldas de Reis
Zona florestal até à N-550
Caminhamos numa zona florestal, até nos cruzarmos com a N-550. Muitos peregrinos a sair de Caldas de Reis.
Carracedo (um aplauso ao projeto de 5 anos desta escola, que acabou!)
Nesta localidade, existe a escola que tinha um projeto muito interessante com os peregrinos de Santiago. Nas suas janelas, "Boa Viagem" aparecia em 65 línguas. . Infelizmente, em 2018, tudo acabou. Para quem quiser ler a notícia, poderá encontrar aqui: "La Escola de Carracedo cierra su ventana al mundo cinco años después" https://www.diariodepontevedra.es/articulo/caldas-deza/escola-carracedo-cierra-ventana-mundo-anos-despues/201809221501191001450.html Desde hace cinco años y con algunas interrupciones, como el curso pasado, por ausencia de su profesor, la Escola de Carracedo, ahora integrada en el Colexio Rural Agrupado de Caldas de Reis, tenía, literalmente, su ventana abierta al mundo, el que le hicieron llegar los miles de peregrinos que, procedentes de distintos puntos del planeta, fueron invitados por el docente y sus alumnos a hacer una parada en el Camino, que pasa por delante del centro, y sentarse en sus aulas para contar sus experiencias. Fueron auténticas lecciones de idiomas, historia, geografía, convivencia o interculturalidad, pero la experiencia llega a su fin. "A mellor educación que eu lle podía dar ós rapaces era a través deste programa", explica su profesor e impulsor de la iniciativa, Quinín Freire. Según indica el docente, algunos padres y madres de los niños que cursan estudios este año en el centro se han mostrado reticentes a continuar con la experiencia. Los carteles de bienvenida en distintos idiomas junto a la ventana ya han sido retirados, dejando atrás un proyecto que han seguido a través de Facebook El temor expresado por algunos progenitores a que la entrada en las aulas de personas ajenas a la comunidad educativa pudiera provocar situaciones de falta de seguridad hacia los niños y las dudas sobre en qué medida el proyecto resta tiempo para avanzar en la programación educativa ha llevado, dice Freire, a poner punto y final a la experiencia. También algunos tutores se mostraron este curso reticentes a que fotografías de los niños durante las recepciones a los peregrinos apareciesen publicadas en la cuenta de Facebook a través de la que se contaban los avances del proyecto, que ya ha sido cancelada. Dicha difusión de imágenes, hasta el momento, según Freire, contaba con la autorización de las familias. "Tal e como están as cousas non ten sentido seguir", explica el profesor. ADIÓS CON PREMIO. La Consellería de Educación confirmó este viernes que "o proxecto vaise paralizar por cuestións pedagóxicas". Según apunta, la directora del centro se puso en contacto con Inspección para exponer la situación y "prefiren que os nenos cumpran o currículum escolar, que se centren na formación". La Xunta admite que "o proxecto é interesante", pero, por el momento, se paralizará, "o que non quere dicir que non se poida retomar" más adelante, argumenta. Así es que la ventana al mundo de la escuela de Carracedo, emplazada en Gorgullón y con 13 alumnos este curso, echa el pestillo "con moita pena", admite Freire, aunque dejando dentro un número incalculable de grandes historias. Su profesor, que lleva 35 años dando clase, 25 de ellos en la escuela de Carracedo, regresó este curso tras un año en Chicago. Durante ese tiempo, la docencia en el centro caldense estuvo impartida por otra maestra, que aparcó un proyecto que Freire "quería retomar este ano" y que, paradójicamente, acaba de recibir el primer premio Camino de Santiago 2018 al Mejor Proyecto Educativo de Infantil, Primaria, Secundaria y Bachillerato, un galardón que alumnos y profesor recogerán el próximo 4 de octubre. "Non lles puiden facer ver o meu punto de vista: que é máis interesante o que unha persoa que vén alí che poida narrar que o que eu lles poida contar ós nenos nese intre. Algúns pais dinme que é unha pena que se cancele e outros están súper contentos", explica. Los carteles de bienvenida en distintos idiomas junto a la ventana ya han sido retirados, dejando atrás un proyecto que han seguido a través de Facebook y con el que han colaborado "uns 2.600 peregrinos, veciños e familias que nos seguían diariamente, que colaboran, que comentan cousas...". Incapaz de calcular el número exacto de caminantes hacia Compostela que han pasado por sus aulas, Freire alude a un dato aportado por uno de los padres. "Dixo que levabamos publicadas unhas 8.500 fotos; eu non as contei, pero, se é así, poden ser unhas 1.500 visitas" de peregrinos. SALUDOS EN 65 IDIOMAS. Había días de hasta cuatro visitas, otros de solo una, dependiendo del tiempo que tuviesen para atenderlos sin descuidar el programa educativo. El "¡Buen viaje!" con el que se saluda a los peregrinos sonó en hasta 65 idiomas en la escuela de Carracedo durante los últimos cinco años "e os nenos chegaron a recordar ata sete ou oito diferentes", apunta Freire. Alemán, checo, letón, lituano, griego, vietnamita, hebreo, tamil de India, maorí de Nueva Zelanda, japonés o coreano son solo parte de la plurilingüe lista de la escuela.
Comments (2)
You can add a comment or review this trail
I have followed this trail verified View more
Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Muito bem descrita.
Só custou realizá -la em Novembro à chuva..
Existe agora uma alteração a chegar a O Milladoiro. Acabei de realizar essa etapa no dia 06/11/2019.