Irún - Donostia
near Anaka, País Vasco (España)
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Trail photos
Itinerary description
Irún foi sempre, para mim, um sítio de passagem. Há imensos sítios de passagem que acabaram, com o tempo, por serem locais onde sedimentaram culturas e se desenvolveram poderosas “hot beds” de conhecimento. Irún não teve essa sorte. Nem Hondarribia logo ao lado. A via férrea, a proximidade do mar e os ecos longínquos da exploração dos minérios, que fizeram a riqueza do país basco espanhol no final do Séc. XIX, são a sua âncora. Ponto de partida, ponto de chegada e ponto final.
Depois de uma viagem atribulada, a noite no albergue foi de terror. Entre o calor húmido da noite e o cansaço, somei três ou quatro horas às que não tinha dormido na noite anterior. “Fresco que nem uma rosa”, deixei para trás Irún às 06:00.
Antes de mim (uma boa meia hora), tinham saído duas pessoas. Uma cachopa do tamanho de um grão de bico e um oriental do tamanho de uma plantação de grãos de bico. Imenso!
À “grão de bico” apanhei eu na subida para o Monte Jaizkibel. Num troço onde de repente o caminho sai do alcatrão para o início de uma subida desconcertante e particularmente inclinada, em “caminho de pé posto”, ali estava ela! Cabeça no telemóvel e, logo, olhar de espanto para o entorno. Parecia um espectador de ténis a seguir a bola. O que via no telemóvel, não casava com o que via no terreno. Indecisa sobre o que fazer, ameaçava criar raízes onde parara.
Fiz-lhe sinal de longe para me seguir. Acenou-me de volta. Indecisa. Segui o meu caminho. A meio da subida olhei para trás. O ponto minúsculo em que se tornara ainda lá estava. Se aguentar o sequio do verão e os rigores do inverno, lá pela primavera, dará flor.
À “plantação de grão de bico”, que vim a saber, era de origem sul coreano e de sua graça Kim “qualquer coisa”, apanhei eu a uns 3 kms antes de Pasai/Donibane. O português dele era inexistente, o meu coreano ainda pior. Falamos em “hiper broken” inglês e, sobretudo por gestos, sinais de fumo e tambores. Quando uma coisa era “fixe”: polegar para cima. Quando alguma coisa era “não fixe”: dois indicadores cruzados à frente de uma carantonha maior e mais redonda que a lua cheia.
Foi com esse gesto que em Donostia se despediu. Tendo chegado ao albergue duas horas depois de mim, não encontrou vaga.
A etapa em si, corre ao longo da costa e, de quando em vez, o olhar molha-se num mar que, está sempre próximo, mesmo quando, misterioso, se esconde da vista de quem passa. São cerca de 27 kms de sobe e desce, com os últimos 4 a 5 kms a serem uma travessia (quase com os pés na areia) de Donostia/San Sebastian. Surpresa foram os desenhos na areia. Apreciável actividade.
Excelentes pinchos, razoável cerveja (Keller) e uma gastronomia que por muito incensada que seja (mas para bolsas recheadas) prima, como quase tudo, sobretudo pelos pratos com “K, X e Z”.
Sempre que passo pelo país basco vem-me à memória a piada: Diz um basco para o outro: “Vê tu como Jesus era humilde! Podendo ter nascido em Bilbao, foi nascer a Belém!”
Sigo amanhã para Zarautz. Não consegui reservar dormida. Acho que vou dormir com mais estrelas que vocês. Roam-se de inveja ó gentes urbanas!
Depois de uma viagem atribulada, a noite no albergue foi de terror. Entre o calor húmido da noite e o cansaço, somei três ou quatro horas às que não tinha dormido na noite anterior. “Fresco que nem uma rosa”, deixei para trás Irún às 06:00.
Antes de mim (uma boa meia hora), tinham saído duas pessoas. Uma cachopa do tamanho de um grão de bico e um oriental do tamanho de uma plantação de grãos de bico. Imenso!
À “grão de bico” apanhei eu na subida para o Monte Jaizkibel. Num troço onde de repente o caminho sai do alcatrão para o início de uma subida desconcertante e particularmente inclinada, em “caminho de pé posto”, ali estava ela! Cabeça no telemóvel e, logo, olhar de espanto para o entorno. Parecia um espectador de ténis a seguir a bola. O que via no telemóvel, não casava com o que via no terreno. Indecisa sobre o que fazer, ameaçava criar raízes onde parara.
Fiz-lhe sinal de longe para me seguir. Acenou-me de volta. Indecisa. Segui o meu caminho. A meio da subida olhei para trás. O ponto minúsculo em que se tornara ainda lá estava. Se aguentar o sequio do verão e os rigores do inverno, lá pela primavera, dará flor.
À “plantação de grão de bico”, que vim a saber, era de origem sul coreano e de sua graça Kim “qualquer coisa”, apanhei eu a uns 3 kms antes de Pasai/Donibane. O português dele era inexistente, o meu coreano ainda pior. Falamos em “hiper broken” inglês e, sobretudo por gestos, sinais de fumo e tambores. Quando uma coisa era “fixe”: polegar para cima. Quando alguma coisa era “não fixe”: dois indicadores cruzados à frente de uma carantonha maior e mais redonda que a lua cheia.
Foi com esse gesto que em Donostia se despediu. Tendo chegado ao albergue duas horas depois de mim, não encontrou vaga.
A etapa em si, corre ao longo da costa e, de quando em vez, o olhar molha-se num mar que, está sempre próximo, mesmo quando, misterioso, se esconde da vista de quem passa. São cerca de 27 kms de sobe e desce, com os últimos 4 a 5 kms a serem uma travessia (quase com os pés na areia) de Donostia/San Sebastian. Surpresa foram os desenhos na areia. Apreciável actividade.
Excelentes pinchos, razoável cerveja (Keller) e uma gastronomia que por muito incensada que seja (mas para bolsas recheadas) prima, como quase tudo, sobretudo pelos pratos com “K, X e Z”.
Sempre que passo pelo país basco vem-me à memória a piada: Diz um basco para o outro: “Vê tu como Jesus era humilde! Podendo ter nascido em Bilbao, foi nascer a Belém!”
Sigo amanhã para Zarautz. Não consegui reservar dormida. Acho que vou dormir com mais estrelas que vocês. Roam-se de inveja ó gentes urbanas!
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