La Senda de Camille (Pirenéus Ocidentais) - ETAPA 1/7: Gabardito a Lizara (via pico Bisaurín)

O percurso aqui partilhado pode conter erros de GPS ou eventualmente passar por propriedades privadas, ou mesmo através de corta mato e ter passagens por locais que podem ser perigosos para os menos experientes. A descrição do percurso é efetuada à data da sua realização, pelo que se deve ter em atenção que as condições do trilho podem facilmente vir a alterar-se, quer pelas condições meteorológicas, quer por mudança da vegetação, quer por outros fatores inimputáveis à minha vontade. O grau de dificuldade e as condições técnicas atribuídas é baseado na minha experiência pessoal e apenas serve de referência, pelo que não me responsabilizo por qualquer acidente que possa ocorrer por influência ou utilização do percurso aqui disponibilizado.






A Senda de Camille é uma excecional travessia pelas paisagens mais deslumbrantes do Parque Natural de los Valles Occidentales, Parc National des Pyrénées, Pirineo Aragonés e Vallée d'Aspe. Seguindo os passos de Camille, o último urso nativo (fêmea) que teve o seu habitat natural nesta região, parte-se à descoberta de uma zona única da cordilheira dos Pirenéus.
É um percurso com uma média de seis horas de caminhada por etapa, que exige boa condição física, um nível técnico mínimo, capacidades de orientação (interpretação de mapas, manejo de bússola...) e conta com uma rede de refúgios devidamente equipados para que o descanso em cada etapa seja substancial.
A rota desenvolve-se por caminhos transitáveis e existem troços que coincidem com a GR-11 e a Haute Route Pyrénénne (HRP). Embora não existam etapas técnicas, nas zonas altas é possível encontrar neve, terrenos pedregosos e ravinas, pelo que o esforço necessário torna-se constante. Além disso, como as etapas são longas e os desníveis são pronunciados, é necessário estar-se em boa forma e habituado a caminhar em montanha.
Esta travessia não possui marcações específicas. Encontram-se placas típicas do Parque Natural de los Valles Occidentales (verdes) ou do Parc National des Pyrénées (amarelas), que indicam alguns dos pontos por onde se caminha em cada etapa ou para onde nos dirigimos. Também existem marcos de pedra e antigas marcações da GR, vermelhas e brancas.
Nesta aventura pode-se escolher o ponto de partida, a direcção a tomar, a possível subida a qualquer um dos magníficos picos, tais como Petrechema, Castillo d'Acher, Bisaurín ou Acué e visitar locais como os lagos de Estanés e Arlet, o Valle de los Sarrios, o Bosque de las Hayas, a Garganta del Aspe ou o Circo de Lescun.
Em suma, é uma excelente oportunidade para se desfrutar em pleno da riqueza natural destes vales.
Toda a informação necessária acerca deste tour pode ser consultada na sua PÁGINA OFICIAL.


PANORÂMICA DO PICO AGÜERRI


PANORÂMICA DO PICO BISAURÍN

- ETAPA 1/7: DO REFÚGIO DE GABARDITO AO REFÚGIO DE LIZARA
- A Senda de Camille é um tour dividido em 7 etapas (pode ser realizado em 6), com algumas variantes e algumas ascensões a picos relevantes desta região. É um trilho circular, sem marcações específicas mas com informações de distâncias (essencialmente nas muitas interseções que se encontra) e também com marcas da GR11, sempre que coincide com esta (e coincide bastantes vezes). Pode ter início em qualquer um dos refúgios por onde passa, exceto no refúgio de Arlet (é o único que não tem acesso por estrada ou estradão de terra), pelo que a logística deste tour será sempre opcional em função da direção de onde se vem, do tempo disponível para o percorrer e outras escolhas que se façam. Além disso, na sua PÁGINA OFICIAL, é possível recorrer a uma central de reservas que trata de toda a logística inerente, mediante o pagamento de um valor suplementar. Foi o que fizemos, com a opção SEM GUIA, e realmente compensou pois facilitou-nos imenso trabalho, uma vez que éramos um grupo de amigos (11 pessoas), com todos os imprevistos e dúvidas que nestas situações surgem. A nossa experiência foi muito positiva, tudo correu bem e não tivemos nenhum contratempo logístico, quer com as reservas nos refúgios, quer com toda a informação e documentação que nos disponibilizaram;
- Este percurso teve como orientação o desenho percorrido pelo Kminante del Sur (a quem desde já agradeço a partilha e excelente informação publicada), testado no terreno em agosto de 2019. Seguimos praticamente o mesmo traçado e na mesma direção (sentido contrário aos ponteiros do relógio), excetuando uma ou outra alteração, nomeadamente entre os refúgios de Oza e Gabardito (optamos seguir pela Calçada Romana);
- Esta 1ª etapa pode ser dividida em 3 partes: numa primeira parte, começa-se por se percorrer a "Senda de Gabardito a Collado de lo Foratón", no início por entre bosques frondosos e depois atravessando o imponente Plandaniz (um extenso conjunto de prados de montanha). Pelo meio surge uma bifurcação para a "Senda del Puerto D'Acher a Gabardito", passa-se ao lado dos abrigos de montanha (pastores) de "Dios te Salve" e "Plandaniz" e cruza-se o "Barranco de la Cuta" (ribeiro), antes de se chegar ao "Collado de lo Foratón". Neste troço a paisagem é deslumbrante, até porque é o primeiro impacto que se tem dos maciços que nos rodeiam: as escarpas do "Salto de la Vieja", a panorâmica do "Pico Agüerri", a imensidão dos prados de "Plandaniz" e as primeiras vistas panorâmicas do "Pico Bisaurín";
- Chegados ao "Collado de lo Foratón", tem início a segunda parte: a ascenção e descida do "Pico Bisaurín" (2670 m). A melhor opção será deixar as pesadas mochilas próximo do collado (basta escolher um bom local, algo afastado do trilho e é seguro), de forma a tirar-nos peso das costas e facilitar quer a subida, quer a descida (os joelhos agradecem!). Iniciada a subida (fundamental levar água e algo energético para comer), os dois terços iniciais fazem-se com relativa facilidade (apenas sobe). Mas o último terço torna-se fisicamente mais exigente e requer também atenção, pois o terreno é pedregoso, com rochas que facilmente podem rolar encosta abaixo e, embora existam muitas "mariolas", também existem muitos carreiros trilhados, o que confunde e pode levar a tomarem-se opções menos acertadas (mais longas, mais duras e com "trepadas"). As vistas panorâmicas no topo são simplesmente deslumbrantes e compensam todo o esforço despendido para lá chegar. Quanto à descida, esta será tão dura quanto a subida, pois o terreno é escorregadio (terra e cascalho rolante) e é preciso percorrer o mesmo trajeto com todo o cuidado, sempre atentos ao declive que é bastante pronunciado;
- De novo no "Collado de lo Foratón", e após uma pausa de descanso e de reforço alimentar, com o refúgio de Lizara a avistar-se no fundo do vale, recomeça-se a marcha para a terceira e última parte, desta vez sempre a descer pela "Senda de Collado de lo Foratón a Lizara" e com o "Macizo de Bernera" diante de nós, por trilho de terra entre encostas cobertas por erva que servem de pasto a cavalos, vacas e rebanhos de ovelhas. Neste troço passamos ao lado da "Fuente Abrevadero", que estava seca, mas mais abaixo encontra-se "La Fuenfria", uma fonte de água fresca, potável, que serve um grande bebedouro para o gado que por estas encostas pasta. Pouco depois encontra-se a bifurcação, à esquerda, para o "Puerto de Bernera" e, continuando em frente, chega-se ao refúgio de Lizara, local de pernoita e término desta 1ª etapa;
- Este percurso, conforme já referi, não apresenta marcações "oficiais". Por conseguinte, de forma a evitar enganos ou acrescentar kms desnecessários, aconselha-se o uso de mapas e bússola, GPS (foi a minha opção) ou as aplicações de telemóvel (estas não são muito fiáveis, pois em grande parte deste tour não se consegue obter rede de telecomunicações);
- Misto de trilhos de pé posto (montanha) e caminhos de terra;
- No seu todo, é uma etapa belíssima, desafiante e fisicamente exigente caso se suba ao "Pico Bisaurín". As paisagens dos Pirenéus, mais precisamente do seu "Parque Natural de los Valles Occidentales" são de uma beleza avassaladora, com toda a perceção dos muitos maciços rochosos que povoam este imenso território montanhoso. Um especial destaque para as impressionantes vistas panorâmicas do topo do "Pico Bisaurín". Em resumo, como primeira etapa de um tour de sete dias, esta foi uma excelente "rampa de lançamento" para uma aventura que se esperava fabulosa. E assim correspondeu, sem dúvida!!!


COLLADO DEL FORATÓN (PORMENOR DO PERCURSO)


PANORÂMICA DE PLANDANIZ

- REFÚGIO DE GABARDITO
- Por opção logística, este tour pela Senda de Camille foi iniciado neste refúgio (poderia ser em qualquer um dos demais, exceto Arlet), onde os veículos ficaram estacionados. Chegamos de véspera, pernoitamos no refúgio (não jantamos mas tomámos pequeno-almoço) e iniciamos o tour no dia seguinte.
Acerca do refúgio, apenas algumas notas:
- Está bem localizado, rodeado por arvoredo e é um edifício característico da região. Tem capacidade para 45 pessoas, divididas por 6 quartos (4 de 4px / 1 de 18px / 1 de 11px);
- Como éramos um grupo grande (11 pessoas), ficamos todos juntos num quarto com 11 camas (beliche), que estava limpo e com instalações bastante razoáveis. Todas as camas tem manta e almofada;
- Existem dois chuveiros (água quente), dois w.c. e duas bancadas com lavatórios. Tal como é costume neste tipo de refúgio de montanha, tendo em conta o movimento de pernoitas, as instalações sanitárias são razoáveis mas estão a precisar de ser melhoradas;
- No exterior existe um amplo jardim relvado, equipado com mesas e cadeiras suficientes e com bastantes árvores, o que torna este espaço muito agradável;
- Para além da sala de refeições, existe também uma cozinha livre, pois é permitido acampar (pernoita) no exterior;
- O serviço de bar e cafeteria é razoável, com preços algo elevados e o atendimento é sofrível, com exceção de Irene, cuja simpatia e disponibilidade rivaliza com os demais responsáveis. Além disso, é uma artista que cria uns belíssimos postais (estão à venda ao balcão);
- JANTAR: sem informação / PEQUENO-ALMOÇO: razoável... / PICNIC: sem informação
PÁGINA OFICIAL

- REFÚGIO DE LIZARA
- É um refúgio grande, muito bem localizado, com boas instalações e cujo edifício é parecido com o de Gabardito. Ao seu redor existe um pátio com mesas e cadeiras, mas não tem árvores. Tem capacidade para 75 pessoas, divididas por 10 quartos (1 de 16px / 9 de 8px). Além disso, todos os quartos têm w.c. privado, com chuveiro, sanita e lavatório. No geral, as instalações deste refúgio são muito boas;
- Ficamos em 2 quartos com 8 camas cada (beliche), que estavam limpos e com instalações muito simpáticas. Todas as camas tem manta e almofada;
- Só o facto de ter w.c. privado no quarto, por si só já é um luxo! O espaço, não sendo amplo, tinha o tamanho suficiente, o chuveiro tinha água quente e os equipamentos sanitários eram muito razoáveis;
- Para além da sala de refeições existe outro w.c. e uma cozinha livre, pois é permitido acampar (pernoita) no exterior;
- Todo o serviço de bar e cafeteria é excelente, com preços acessíveis e ótimo atendimento;
- JANTAR: não foi fenomenal mas satisfez / PEQUENO-ALMOÇO: bem diversificado e com qualidade / PICNIC: sem informação
PÁGINA OFICIAL


PLANDANIZ (PORMENOR DO PERCURSO)


PANORÂMICA DO MACIZO DE BERNERA (DESDE O PICO BISAURÍN)

ETAPAS:
ETAPA 1/7: Gabardito a Lizara (via pico Bisaurín)
ETAPA 2/7: Lizara a Somport
ETAPA 3/7: Somport a Arlet
ETAPA 4/7: Arlet a Lauzart (com desvio a Lescun)
ETAPA 5/7: Lauzart a Linza
ETAPA 6/7: Linza a Oza
ETAPA 7/7: Oza a Gabardito (via Calçada Romana)
LA SENDA DE CAMILLE (integral via Bisaurín e Calçada Romana por Selva de Oza)


REBANHO DE OVELHAS NAS LADERAS DE FETÁS


PANORÂMICA DO CASTILLO DE ACHER (ESQ.) E DAS PLANAS DE LA CONTIENDA (DIR.)

- GRAU DE DIFICULDADE DA ETAPA 1/7
- Tendo sido esta a nossa 1ª etapa, as expectativas eram elevadas, sobretudo porque queríamos subir ao Pico Bisaurín. No geral, é uma etapa relativamente curta (sem a ascenção ao Bisaurín, tem apenas cerca de 9 kms) mas com uma longa distância sempre a subir e muito pronunciada na encosta a partir do Collado de lo Foratón (entre o refúgio de Gabardito e o Pico Bisaurín são cerca de 8,3 kms). A subida e descida do pico representa o desafio da etapa que, não sendo técnica, é fisicamente exigente, pois o troço final apresenta 1,5 kms com uma inclinação na ordem dos 30% a 40%. Depois do Collado de lo Foratón e até ao refúgio de Lizara, a descida faz-se sem sobressaltos.





- 134 - MÉDIA

ANÁLISE DETALHADA. (Em função da preparação física de cada pessoa, este gráfico indicará o grau de dificuldade do percurso. No meu caso, considerei a minha preparação física como sendo ALTA)
IBP INDEX


PANORÂMICA DO ABRIGO DE DIOS TE SALVE


GADO DESCENDO A ENCOSTA DE LA FUENFRIA

- OBSERVAÇÕES
- Pelo facto de termos realizado este tour no mês de agosto, e devido às temperaturas mais elevadas que normalmente se fazem sentir nesta altura do ano, grande parte das pequenas fontes que existem na montanha (assim como algumas linhas de água) estão secas. E embora se cruze um ou outro ribeiro (Barranco de la Cuta), somente já muito próximo do refúgio de Lizara é que surge uma fonte, La Fuenfria, que serve essencialmente o gado que por ali pasta. De qualquer das formas, aí a água é fresca, potável e sempre bem vinda. No entanto, é fundamental partir-se de Gabardito bem prevenidos e com provisão de água suficiente para se enfrentar a etapa e a subida ao Bisaurín.
- Uma questão muito importante que obrigatoriamente tem que ser equacionada é a METEOROLOGIA. Nesta região montanhosa, em agosto (sobretudo no início) é usual ao final da tarde formarem-se nuvens de trovoada, com precipitação durante a noite e, algumas vezes, as neblinas matinais também se fazem sentir. Por conseguinte, se chover, com vento e neblina, as dificuldades serão muito acrescidas, pelo que percorrer esta etapa nessas condições climatéricas deve ser muito bem analisado e ponderado. Botas e bastões são essenciais em todos os percursos.


COLLADO DEL FORATÓN (PORMENOR DO PERCURSO)


REFÚGIO DE LIZARA