O COUREL: PR-G 219 Ruta do río Pequeno - PARCIAL (Galiza)

O percurso aqui partilhado pode conter erros de GPS ou eventualmente passar por propriedades privadas, ou mesmo através de corta mato e ter passagens por locais que podem ser perigosos para os menos experientes. A descrição do percurso é efetuada à data da sua realização, pelo que se deve ter em atenção que as condições do trilho podem facilmente vir a alterar-se, quer pelas condições meteorológicas, quer por mudança da vegetação, quer por outros fatores inimputáveis à minha vontade. O grau de dificuldade e as condições técnicas atribuídas é baseado na minha experiência pessoal e apenas serve de referência, pelo que não me responsabilizo por qualquer acidente que possa ocorrer por influência ou utilização do percurso aqui disponibilizado.


VELHO CASTANHEIRO (PORMENOR DO PERCURSO)


CAMINHO ENTRE MUROS (SEOANE DO COUREL)

- NOTA INTRODUTÓRIA: o percurso aqui publicado representa apenas uma pequena parte de um percurso mais longo que combinaria o PR-G 219 com uma extensão pelo vale do rio Pequeno, numa distância total de cerca de 20 kms. No entanto, devido a condicionantes meteorológicas, não foi possível realizar o percurso total. O objetivo inicial era, durante um fim-de-semana, conhecer e percorrer o vale do rio Pequeno e a Devesa de Paderne (ou da Escrita). Mas a tempestade "Domingos", com chuva e vento intensos, impediram-nos de realizar este propósito com segurança e conforto, pelo que optamos por apenas percorrer uma pequena parte em cada um dos dias, sempre debaixo de intensa chuva e com fortes rajadas de vento, pelo menos para podermos ver um pouco da incrível paisagem que nos rodeava. Ficou uma sensação de insatisfação, pois há muito que era minha pretensão conhecer O Courel. Mas, mesmo com meteorologia adversa, não resistimos a "espreitar" um pouco o que esta belíssima região galega nos reservava. E com uma certeza ficamos: vamos voltar na primeira oportunidade que nos surgir, com tempo favorável, pois a serra do Courel é um paraíso ímpar, de uma beleza avassaladora, que tem de ser conhecida e percorrida com calma e tempo propício ao desfrute de tão bela região.
- Tendo em conta que as características deste percurso são muito idênticas ao anterior aqui publicado, a descrição dos mesmos será em parte idêntica, salvaguardando-se a singular referência aos diferentes pontos de interesse que ambos apresentam;
- Trilho linear com marcações, com início e fim na aldeia de Seoane do Courel (oficial);
- O percurso que aqui se publica corresponde a um pequeno troço que faz parte do trilho oficial "PR-G 219: Ruta do rio Pequeno". Por conseguinte, o trajeto que seguimos teve por base o desenho percorrido por mazaira (a quem desde já agradeço a partilha), que o testou no terreno no final de agosto de 2016. A direção tomada foi no sentido contrário aos ponteiros do relógio e tivemos em consideração as informações publicadas na sua página;
- Por se tratar de um trilho linear, foi necessário empreender a respetiva logística com transportes. Optamos por deixar uma viatura em Paderne (final da etapa que pretendíamos percorrer) e levar o grupo nas restantes viaturas para Seoane do Courel, onde iniciamos a caminhada. No final, os condutores foram buscar as viaturas aí deixadas;
- Partindo-se do centro da povoação de Seoane do Courel, percorrem-se velhos caminhos rurais e calçadas por entre soutos e carvalhais, subindo o vale do rio Pequeno na direção da aldeia de Paderne. Este troço desenvolve-se sempre pela margem esquerda do rio Pequeno, sob frondosos castanheiros seculares e carvalhos, antigos muros de pedra cobertos de musgo a ladear os caminhos e cruzando várias linhas de água (Regos) que, nesta altura do ano e após fortes períodos de chuva, ganham um caudal extra obrigando a travessias nem sempre fáceis. Além disso, o declive de alguns caminhos ajuda a que a água destes "Regos" circule livremente, invadindo-os com autênticos "rios", tornando estas passagens muito escorregadias. Acresce ainda o manto de folhas caídas no solo, contribuindo para as dificuldades antes descritas. Na verdade, percorrer estes caminhos em dias de chuva e vento intensos, revelou-se toda uma nova aventura, pois uma distância que se percorreria num curto espaço de tempo acabou por durar bastante mais. Mas a opção já estava tomada e, no final, mesmo com os pés encharcados, a diversão foi superior, tornando estes momentos inesquecíveis! Por conseguinte, após deixarmos a aldeia de Seoane do Courel, entramos em caminhos de terra, atravessando soutos e carvalhais. Ao longo do caminho vamos passando por inúmeros edifícios em pedra, as "cabanas", antigos sequeiros de castanhas. São vários conjuntos, alguns melhor conservados do que outros, e dos quais se destacam as "Cabanas dos Carballois". Embora o percurso se desenvolva sempre com o rio Pequeno do nosso lado esquerdo, a determinada altura, de forma a acompanhar a orografia do terreno, o trilho afasta-se do leito do rio para atravessarmos o "Rego de Bois" que, nesta data, apresentava um caudal de respeito e a consequente necessidade de nele mergulhar os pés de forma a cruzar as águas revoltosas que desciam as encostas da montanha. Em toda esta zona, os espetaculares bosques da "Devesa de Paderne" submergem-nos num paraíso verde, pelo meio de carvalhos, teixos, bétulas, faias, azevinhos e castanheiros, vários cursos de água que descem as encostas até ao rio Pequeno e toda uma atmosfera ancestral cuja biodiversidade faz desta serra uma das reservas naturais mais importantes da Galiza. Continuando pelo meio de uma exuberante vegetação, passa-se ao lado do desvio (linear) para o "Pozo da Grada", local onde o rio Pequeno nos proporciona um belo conjunto de cascatas e lagoas e mais à frente surge o "Rego Cantillón", onde existe uma ponte de madeira para o atravessar. Também aqui se pode observar mais um belo conjunto de cabanas, as "Cabanas de Penido". Pouco depois deste local, e após uma subida mais pronunciada por caminhos que são um misto de calçadas de pedra e terra, chega-se à aldeia de Paderne, entrando-se nesta e percorrendo-se algumas vielas até ao ponto de término deste trilho;
- Ao longo do trajeto existem vários pontos de referência, com destaque para o casario rural típico das aldeias de Seoane do Courel e de Paderne, as "Cabañas" que são antigos sequeiros de castanhas espalhadas pelas encostas do vale, nomeadamente os conjuntos de "Carballois" e de "Penido", os densos bosques da Devesa de Paderne, povoados por imponentes castanheiros (muitos deles seculares), carvalhos, teixos, faias, bétulas e azevinhos, os muitos cursos de água (Regos) que descem as encostas na direção do rio Pequeno, dos quais destaco o "Rego de Bois" e o "Rego Cantillón" (este último com a sua ponte de madeira), as cascatas e lagoas do "Pozo da Grada" e, por fim, toda a envolvente paisagística que este paraíso galego nos proporciona;
- Tendo em conta as condições meteorológicas já acima descritas, optei por praticamente só assinalar as várias bifurcações e desvios que se foram tomando, em detrimento de outros pontos de interesse, os quais pretendo assinalar numa próxima caminhada que por aqui faça;
- Misto de caminhos de terra, calçadas e arruamentos (aldeias);
- Percurso com características fáceis e fisicamente acessível, com um primeira parte relativamente plana e depois uma longa mas suave subida, assinalando-se pelo meio alguns declives mais acentuados mas curtos. Porém, se chover, com vento ou neblinas fortes, como foi precisamente o caso, as dificuldades tornaram-se bem mais acrescidas. Além disso, o uso de GPS constituiu uma boa ajuda devido às várias bifurcações e desvios;
- No seu todo, este é mais um percurso essencialmente sensorial que nos permite usufruir das deslumbrantes vistas sobre o vale do rio Pequeno e as encostas da "Devesa de Paderne", assim como de uns tantos pontos de interesse. Além disso, submerge-nos numa atmosfera verde, ancestral, de bosques autóctones e cursos de água selvagens que fazem com que esta seja, sem dúvida, uma experiência que perdura na memória. Imagino que na primavera esta experiência continue a ser deslumbrante, pois no outono a explosão de cores e aromas típicos desta estação são inesquecíveis. Sem dúvida alguma, O Courel será para regressar e conhecer melhor, pois este primeiro contacto aguçou-me ainda mais a curiosidade por tão deslumbrante paraíso natural galego. Maravilhoso!!!


RIO PEQUENO


PONTE DE MADEIRA SOBRE O REGO CANTILLÓN

Outros percursos realizados nesta região:
O COUREL: pela vale do rio Pequeno, entre Paderne e Pedrafita (Galiza)


PANORÂMICA DA DEVESA DE PADERNE


PORMENOR DO PERCURSO (PADERNE)

- SERRA DE O COUREL
A serra de O Courel, atravessada pelo rio Lor, é uma paragem de incalculável beleza, descrita exemplarmente pelo escritor local Uxío Novoneyra nos seus poemas. Os seus cumes mais altos são Formigueiros, Montouto e Pía Paxaro, montanhas muito apropriadas para realizar caminhadas e desfrutar da natureza no seu estado mais agreste e vivo.
Cumes adscritos aos piornos-dos-tintureiros e, em geral, com predomínio do matagal, com urzais e “xesteiras”. Nas altitudes médias, florestas de carvalhos, bétulas e faias. Massas frondosas bem conservadas e relevantes como a da Devesa da Rogueira. Abundante fauna com mais de 170 espécies de vertebrados: lobos, raposas, javalis, texugos, martas... Interessantes colónias associadas a algares e grutas. O Courel dos cumes que olham de longe prolonga-se entre O Cebreiro, ponto de entrada do Caminho de Santiago na Galiza, e o rio Sil pelo sul, mas sem chegar a tocá-lo. É uma das terras mais velhas da península. O seu interesse geológico é manifesto: uma enorme quantidade de grutas vivas e de passadiços ou a espetacular dobra de Campodola (Quiroga), classificada como um dos monumentos geológicos da Europa.
O Courel é a grande reserva verde da Galiza. Todas as espécies, menos as litorais, têm representação neste cruzamento geográfico de montanha, com o melhor das características atlânticas e mediterrânicas. Castanheiros à volta das aldeias e um reduto das oliveiras em Quiroga. As formações florestais típicas d’O Courel são as devesas, nome empregue para referir florestas de muitas outras espécies vegetais, geralmente nas nascentes dos rios. A camada vegetal deste local, muito abundante e rica, aparece coberta de urze e carvalhos; nas zonas altas, podemos ver bosques de azinheiras e outras árvores autóctones. Os vales estão rodeados de montes de castanheiros. Em O Courel, também se destacam "devesas" como a de A Rogueira, uma reserva botânica que se encontra entre as mais belas e ricas da Galiza.
As aldeias da serra, localidades pequenas com casas de xisto, são encantadoras. Nesta serra ainda é possível visitar várias palhoças típicas. A escassa população destes lugares, onde confluem as províncias de Lugo e Ourense com a comarca leonesa de El Bierzo, é atualmente uma das mais envelhecidas da Europa. Mas a vida respira verdadeira diversidade e história nos estreitos vales dos rios Lor e Lóuzara, Selmo e Sondón. Sobre os sopés verdes, descobre-se esse outro património d’O Courel que são as suas aldeias de ardósia, no coração da serra. De Romeor a Froxán e d'A Ferrería a Ferramulín, os quatro pontos cardeais.
É obrigatório referir a importância do castanheiro quando falamos desta paragem natural. Durante muito tempo, o seu fruto foi a base fundamental da alimentação dos habitantes desta zona; um ingrediente importante de muitas refeições, como o caldo de castanhas, castanhas com toucinho ou leite com castanhas. Mas não era só o fruto que se utilizava, mas sim a árvore completa: as folhas, para tapar o chão dos currais dos animais; a madeira e a flor, para a produção de mel.
Uma rota por O Courel é uma viagem pelo tempo, para se maravilhar com uma Galiza que está a desaparecer.


VELHO CASTANHEIRO (PORMENOR DO PERCURSO)


CAMINHO POR SOUTO (SEOANE DO COUREL)

- POVOAÇÕES (referência neste trilho)
Seoane do Courel
Seoane do Courel situa-se no centro geográfico da serra de O Courel, numa encosta íngreme acima do rio Lor, na confluência do rio Pequeno e do rio Parada. Juntamente com Folgoso do Courel, é o melhor local a escolher como base para visitar a zona, pela sua localização e variedade de serviços. Foi capital municipal até à guerra civil, altura em que foi transferida para Folgoso.
Folgoso do Courel
Folgoso do Courel é a actual capital do município, desde 1936, altura em que foi transferida de Seoane para esta localidade. Está localizada a 12 km de Seoane, também no curso do rio Lor. Tal como acontece com Seoane, é aconselhável tomá-lo como base para visitar a zona, devido à sua maior variedade na oferta de serviços e à sua comunicação com as zonas baixas do Courel (Froxan, Vilamor, etc.).
Paderne
Situa-se a uma altitude bastante elevada numa encosta do rio Pequeno, próximo dos limites do município com Louzara. Nas suas proximidades existe uma interessante floresta (Devesa de Paderne), com um denso arvoredo constituído maioritariamente por faias, carvalhos, teixos e azevinhos. Um pouco mais adiante fica o monte de La Escrita, com outra pastagem onde também existe uma grande variedade de espécies vegetais. É o berço do lendário grupo musical Os Padernes, que animou as festas de montanha durante quase um século.


CALÇADA E "CABANA" (SEQUEIRO DE CASTANHAS)


CAMINHO POR BOSQUE (SEOANE DO COUREL)

- RIO LOR
O rio Lor é um afluente do Sil. É conhecido por ser o rio mais importante da serra de O Courel. Nasce na aldeia de Fonlor, concelho de Pedrafita do Cebreiro e depois de percorrer 54 km desagua no Sil em Augas Mestas (Quiroga), aldeia hoje sob as águas de uma albufeira. Começa em Fonlor (O Cebreiro) e atravessa a zona central de O Courel.
Tem 54 km de extensão e a sua bacia tem 372 km². Percorre a Serra do Courel de norte a sul, no concelho de Folgoso do Courel. Seus afluentes mais importantes são os rios Lóuzara e Pequeno, desaguando no rio Sil.
Banha os dois núcleos populacionais mais significativos da zona, Seoane do Courel e Folgoso do Courel. Faz fronteira com o Castro de Vilar e a jusante, a poucos quilómetros de distância, fica a localidade de Froxán, onde na época romana o ouro era extraído pelo método de aluvião. À esquerda está Castro Portela. Entra no município de Quiroga e deságua no Sil de A Labrada.
O Lor tem vários afluentes. Do lado direito recebe o Rio Pequeno, em Ferrería de Seoane. Cerca de 4 km a jusante, encontra o Lóuzara, que nasce em Louzarela (Piedrafita) e que por sua vez tem numerosos afluentes. Seguindo o curso, segue-se o rio Seco, entre Froxán e Castro Portela e, por último, desse lado, recebe o rio Mazo, nas proximidades de Vilar de Lor.
Na sua margem esquerda recebe as águas do Romeor, que no seu último trecho forma um sumidouro, onde termina seu canal. 2 km. Mais abaixo fica Ferreirós. O Lor é um rio de trutas, considerado um dos melhores neste aspecto. Também é adequado para descidas de barco ou canoa.


CALÇADA E "CABANA" (SEQUEIRO DE CASTANHAS)


VELHOS CASTANHEIROS (PORMENOR DO PERCURSO)