PN Chapada Diamantina: Circuito Intangível

Caminhada de 5 dias, realizada de forma autônoma e sem guia, pelo interior do Parque Nacional da Chapada Diamantin. Leia a descrição para maiores detalhes.

COMO CHEGAR:
A trilha se iniciou no distrito de Caeté-Açu, mais conhecido por Vale do Capão. A vila do Capão pertence ao município de Palmeiras, distando 20km da sede municipal. O acesso é feito por estrada de terra em condições medianas, porém costuma ser acessível a qualquer tipo de veículo.

Palmeiras é uma cidade atendida por linhas intermunicipais, desde Salvador, Feira de Santana, Lençois e Seabra, por exemplo. Para o Capão não há transporte coletivo consolidado. Para quem não tem veículo, a melhor forma de chegar é tomando uma van desde Palmeiras. Normalmente as vans saem após as chegadas dos ônibus intermunicipais.

Para informações utilize a ferramenta "Instruções de direção até o ponto de partida" disponível na versão web do Wikiloc.

A TRILHA:
1º DIA: Capão x Toca do Macaco
A caminhada tem início na região dos Campos, parte alta da vila do Capão. A primeira parte é pela trilha da parte alta da Fumaça, trecho sem dificuldade de orientação e com poucos obstáculos, a exceção da subida inicial com vários degraus e terreno irregular. Após apreciar o mirante da cachoeira da Fumaça, retornamos algumas centenas de metros pela trilha até encontrar a discreta bifurcação que marca o acesso à parte baixa da cachoeira.

A trilha segue bem demarcada pelos gerais rumo às cabeceiras do rio Capivara. Uma descida mais forte leva ao leito do rio. Uma trilha vai margeando o leito até a bifurcação da fenda da Fumaça. No caminho há uma passagem por um pocinho que serve de refresco nos dias mais quentes.

A bifurcação fenda Fumaça x Serra do Macaco é discreta, a trilha para a fenda segue em aclive por um trecho de vegetação mais viçosa. Após a subida mais forte a trilha desemboca nos gerais da encosta da serra, proporcionando uma belíssima visão do vale da Fumaça.

Mais a frente um trecho que demanda atenção: há uma bifurcação na trilha onde é preciso seguir pela esquerda e descer uma fenda. A trilha passa por baixo de uma rocha e segue ladeando a serra. Pouco depois há uma subida forte à esquerda, seguida por um fortíssimo declive que termina somente próximo ao poço da cachoeira da Fumaça.

Após a bifurcação Fenda x Serra do Macaco a dificuldade da trilha se eleva de sobremaneira, com diversos obstáculos, terrenos acidentados e escorregadios, além da exposição à altura em alguns pontos. Fisicamente muito desgastante e exige uma boa perícia por parte do caminhante.

Próximo ao leito do riacho da Fumaça interceptamos a trilha que vem da Toca do Macaco. Por esta trilha seguimos até o poço da cachoeira e no retorno seguimos por ela até a chegada a toca. São aproximadamente 3km do poço da cachoeira até a toca do Macaco, porém com terreno bastante irregular. A trilha segue sempre pelas margens do riacho, sendo necessário cruzá-lo em poucos trechos.

O primeiro pernoite foi feito nos arredores da Toca do Macaco, após, aproximadamente, 14.3km de caminhada.

2º DIA: Toca do Macaco x Rio Caldeirões
Partindo da Toca do Macaco, o caminho segue acompanhando o Rio Capivara até seu encontro com o Rio Capivari. Após uma hora de caminhada chegamos à cachoeira do Capivara, onde fizemos uma longa parada. A trilha segue margeando o rio Capivara até o acesso à cachoeira do Palmital. Após este ponto, a caminhada se desenvolve pulando as pedras do leito do rio, normalmente sem muitas dificuldades e sem a necessidade de se molhar.

Próximo ao encontro com o rio Capivari uma trilha discreta surge na margem direita do Rio Capivara, por ela seguimos até o ponto de travessia do rio Capivari. Após a travessia, um forte aclive até o topo da serra e, a partir daí, um aclive contínuo acompanhando o rio Capivari e o córrego Piçarras.

Após o córrego Lajes a trilha se torna mais discreta e mais suja, tendo em vista o pouco uso. Na chegada ao rio Caldeirões há vários trechos confusos, principalmente se chegar no final do dia, pois a baixa luminosidade dificulta a visualização do caminho a ser seguido. Uma trilha discreta desemboca no leito do rio Caldeirões, onde é possível acampar nos lajeados. Neste dia foram 13.8km caminhados.

DIA 3: Cachoeira Entocada e Caldeirões
Dia destinado a atacar as cachoeiras do rio Caldeirões. Primeiro nos deslocamos rio acima, rumo à cachoeira Entocada. A caminhada, a princípio, se desenvolve por uma trilha discreta à esquerda do rio (sentido de quem sobe). Em alguns pontos a trilha praticamente some. Uma área recém queimada facilitou o deslocamento por algumas centenas de metros.

Próximo ao encontro dos rios há uma pequena área de acampamento, o mais avançado deste trajeto. O trecho final da caminhada é feito pelo leito do rio Caldeirões, próximo à cachoeira os blocos rochosos são enormes, demandando um grande esforço físico.

O retorno é feito pelo mesmo trajeto da ida até o local de acampamento da noite anterior. Há a possibilide de seguir descendo pela trilha discreta da margem do rio Caldeirões (direita de quem desce), que foi a melhor opção que encontrei. Mais a frente voltamos ao leito do rio Caldeirões, descendo por ele até o topo da cachoeira. Ao lado esquerdo, próximo do topo, uma trilha discreta segue pelos lajeados e desce por uma espécie de fenda, chegando ao poço da cachoeira.

Retornamos ao local de acampamento da noite anterior pelo mesmo caminho, finalizando a caminhada após 9.8km.

DIA 4: Rio Caldeirões x Encontro Capivara/Capivari

No 4º dia retornamos pelo mesmo trajeto até a bifurcação que leva ao Poção/Mixila e seguimos até o ponto "acampamento Mixila", onde deixamos as cargueiras. Seguimos até o Mixila somente com itens essenciais. A trilha para o Mixila começa por um rego de garimpo, desembocando no rio Capivari mais a frente. Segue-se um trecho razoável pela margem do rio, com diversos obstáculos. Quando o cânion afunila logo é preciso tirar a bota e começar a nadar. Após o primeiro poço é preciso subir uma pequena queda d'água. Depois do lajeado se chega ao 2º poço, com uma pequena queda d'água ao fim da travessia. Por fim, uma caminhada razoável pelas lajes e rochas até se aproximar da cachoeira, sendo que há uma pequena queda d'água para subir no trecho final.

Mixila é um dos pontos especiais da caminhada, não pode ficar de fora. Dê preferência para chegar na cachoeira na parte da manhã, de preferência antes das 12h00.

Após a cachoeira do Mixila retornamos ao ponto de acampamento onde estava a cargueira. Depois de um breve descanso começamos a descer a serra em direção ao encontro dos rios Capivari/Capivara, mas antes fazendo um rápido ataque à cachoeira do Capivari. As cargueiras ficaram um pouco após à bifurcação que leva à cachoeira do Capivari.

Após uma descida bem íngreme, com alguns trechos de exposição à altura, chegamos ao Rio Capivari, sendo que a área de acampamento fica a algumas dezenas de metros do rio. Neste dia caminhamos 17km.

DIA 5: Encontro Capivara/Capivari x Capão
A caminhada se inicia por uma trilha discreta na margem do rio Capivara, que logo desemboca no leito deste rio. Até o acesso à cachoeira do Palmital o trajeto é pelo leito, pulando pedras e desviando da água.

Ao tomar a trilha para o Palmital, tem início uma forte subida, bem íngreme e cansativa. Após escalaminhar uma das vertentes da serra, abre-se um pequeno platô, sendo que a cachoeira do Palmital está no fundo desse pequeno trecho mais plano.

Após a cachoeira retornamos algumas centenas de metros pela trilha e tomamos o sentido de Lençois. Após um curto trecho de subida, demos uma guinada para o norte, tomando a discreta trilha do mirante da Fumaça. Depois da passagem pelo córrego que forma a cachoeira do Palmital, último ponto de água, uma longuíssima subida nos aguarda.

A caminhada é quase sempre por áreas abertas, de vegetação rasteira, com muita exposição ao sol. Próximo ao mirante da Fumaça de frente o terreno se estabiliza. Ignoramos as trilhas que levam ao "Córrego Branco" e cachoeira do 21, além da trilha para o mirante superior da cachoeira da Fumaça, e seguimos por uma trilha discreta que leva direto ao Capão. Após o último "top" a trilha adentra nas cabeceiras do riacho que forma a cachoeira da Fumaça. Neste trecho a trilha é suja e discreta e assim permanece até interceptar a trilha principal Capão x Fumaça.

Ao chegar ao trilho principal, a caminhada segue por um platô até iniciar a descida para o Capão, onde finalizamos a caminhada de 5 dias. Neste último dia caminhamos 16,8km.

OBSERVAÇÕES:
- Diante da dificuldade física, técnica e de navegação, qualifico este trajeto como "Só para experientes". Não se engane, é uma caminhada sofrida, principalmente em virtude das altas temperaturas na região, o que é comum na maior parte do ano. Já a trilha se encontra discreta e/ou suja em grande parte, devido à falta de uso;7

- Circuito foi realizado cerca de 10 dias após fortes chuvas na região. Havia água em todas as cachoeiras, até mesmo na Fumaça. Durante chuvas intensas na região, o presente trajeto não é recomendado, tendo em vista que a dificuldade aumentará significativamente. Além de incrementar o risco de quedas e escorregões, chuvas intensas na região podem impedir que o caminhante atravesse os rios com segurança, dificultando de sobremaneira ou impossibilitando a conclusão da caminhada;

- Não há nenhum tipo de infraestrutura ao longo da rota. É uma caminhada para ser feita de forma autônoma, levando tudo que será utilizado. Não há casas de nativo nem venda de serviços no trajeto. No entanto, algumas tocas de garimpeiro e lapas podem servir de abrigo ao longo do percurso;

- A trilha percorre trechos do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Não há controle de acesso, tampouco restrição. A Associação de Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACV-VC) realiza um controle voluntário no início da trilha, sem restrições de acesso. Siga as normas da unidade de conservação, não deixe lixo no local, não faça fogueiras.

- Sinal de telefone em alguns pontos ao longo da rota, em especial na parte alta da serra entre o Córrego Piçarras e a Cachoeira da Laje;

- Boa parte da caminhada é feita por áreas expostas, sem sombreamento. Proteja-se!
PONTOS DE PASSAGEM