Serra da Sanabria: Lago dos Peixes, Peña Trevinca, Peña Negra, Peña Surbia, Picón e 'Três Burros'

1. A serra da Sanábria situa-se no extremo noroeste da Província de Zamora, no limite com a Galiza e Portugal muito perto do Parque Natural do Montezinho. Abrange uma paisagem que foi modelada pela ação dos glaciares. Dos seus altos cumes - Peña Trevinca (2127 m) Peña Negra (2121 m), Peña Surbia (2116 m) - desprenderam-se várias línguas glaciáricas que, ao retroceder, deixaram a descoberto profundos vales em forma de U, moreias e um importante conjunto de lagos de entre os quais se destaca o Lago de Sanabria (o maior lago glaciar da Península Ibérica).
2. Foi neste impressionante contexto que desenhamos e realizamos o presente percurso (circular e não marcado).
3. Começamos no Lago dos Peixes. Subimos em direção ao alto de Marón. Descemos ao Lago Vega do Conde. Subimos pelo vale glaciar do rio Tera até ao sopé do pico - Peña Trevinca. Subimos até ao cimo por um trilho bem definido, mas com um declive muito … muito acentuado (subida muito dura), mas que compensa – vistas de 360 graus fabulosas.
De Peña Trevinca, descrevemos um arco na direção dos ponteiros do relógio passando pelos cumes mais elevados da serra (Peña Negra, Peña Surbia, Picón, Alto de Riopedro e "Três Burros" (?!). A transição da Peña Negra para a Peña Surbia é complicada – ou melhor, “ligeiramente arriscada” (exige-se muita precaução, sendo proibido escorregar). Este troço do percurso é, diríamos, um só miradouro sobre vários vales glaciares e desfiladeiros de meter medo (regato do Castaño, regato da Surbia, regato/lagoa da Baña e regato Cabadal). As vistas são brutais: amplas, duras, agressivas, de prender a respiração.
Dos 3 Burros até ao Lago das Éguas foi a parte mais monótona do percurso devido, talvez, ao cansaço acumulado e ao facto de cerca de 50% da distância (os primeiros 2 km) ter sido feita a corta-mato e/ou por carreiros sem direção definida e que tão depressa aparecem como desaparecem. Mas faz-se sem qualquer dificuldade - o mato é baixo e pouco espesso. Nesta parte do percurso, em que não há trilho definido (apesar de, no mapa, se verem indícios de trilho), interessa manter o rumo (Três Burros --> Lago das Éguas) e seguir por onde se achar mais conveniente. Do Lago das Éguas até ao Lago dos Peixes (fim de percurso) é um “tirinho” por trilho/caminho muito bom.
4. Em síntese, diríamos que é um percurso brutal: pela extensão (cerca de 35 km); pela dureza e tecnicidade de alguns troços com declives muito acentuados e perigosidade de algumas cumeadas; pela amplitude e sumptuosidade das vistas panorâmicas sobre cumes e vales glaciares.
É um percurso a repetir mais algumas vezes, em maio, quando a giesta, a urze e tojo estrão floridos.

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