TransSincorá: Travessia Ibicoara x Lençóis (Chapada Diamantina)
near Ibicoara, Bahia (Brazil)
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Trail photos
Itinerary description
Travessia a pé cruzando de sul a norte parte da Chapada Diamantina. Começando dentro da cidade de Ibicoara e terminando na cidade de Lençóis. Travessia conhecida como TransSincorá e TransDiamantina por percorrer parte da Serra do Sincorá, situada nas serras da Chapada Diamantina.
Expedição feita levando toda a comida e equipamentos, de forma autossuficiente, em 8 dias de trilha, onde foram percorridos um total de 160 km (sem incluir o “side trail” à Cachoeira da Fumaça por cima). Além desses dias, teve um dia inteiro de descanso na cidade de Mucugê e outro dia para a Cachoeira da Fumaça.
A travessia começa dentro da cidade de Ibicoara e passa por um setor ainda pouco visitado turisticamente, mas com um grande potencial de caminhada. Entre esses atrativos está a Cachoeira dos Gatos que começou a ser apresentada ao público no ano de 2023 e foi visitada no segundo dia da travessia.
Os dois primeiros dias possuem alto grau de dificuldade e foram feitos com o guia Genival, morador local e profundo conhecedor da serra. O restante da travessia foi feito sem guia. É importante salientar que a maior parte do trecho entre os dois primeiros dias NÃO HÁ TRILHA e tem VARA-MATO constante, além de possuir descidas e subidas íngremes. Não faça se não possuir experiência nesse tipo de terreno.
Para evitar essa parte, sugiro iniciar no Baixão, pela trilha da Cachoeira da Fumacinha, onde a maioria começa quando faz essa travessia. O guia local Genival anda há muito tempo e conhece bastante esse setor. Aqui no wikiloc, essa foi a terceira repetição desse trecho, sendo a primeira delas feita pelo Orlandinho Barros e a segunda pelo Marcelo Vieira.
Esse percurso contém as atrações, os pontos de pernoites, pontos de água e bifurcações. Relato com logística e mais detalhes da trilha abaixo.
INFORMAÇÕES
Tipo: Trekking autônomo e independente com planejamento do percurso e navegação realizados por conta própria;
Distância total: 174 Km;
Ganho de elevação: 3688 m;
Dias: 8 dias;
Época: É possível fazer em qualquer período do ano. Entretanto, atente para os níveis dos rios durante as fortes chuvas entre dezembro e março;
Data: 27 de dezembro de 2023 a 5 de janeiro de 2024;
COMO CHEGAR
A trilha começa no centro da cidade de Ibicoara. De carro, você pode chegar através da BR-242 e depois acessar a estadual BA-142.
Caso esteja a pé, há duas formas de chegar usando ônibus. A primeira delas é pegar um ônibus da empresa Novo Horizonte, no povoado de Tanquinho de Lençóis (povoado de Lençóis situado às margens da BR-242), às 7:00 da manhã, na Matos Churrascaria. A segunda forma é ir direto de Salvador até Ibicoara pelas empresas de ônibus Emtran e Cidade Sol, ambos saindo às 19h.
A TRAVESSIA
Para melhor estruturar a travessia, resolvi dividi-la em três trechos, sendo o primeiro trecho de Ibicoara à Mucugê, o segundo de Mucugê ao Vale do Capão e o terceiro do Vale do Capão à Lençóis. A travessia levou ao todo 8 dias, sendo 4 dias para concluir o primeiro trecho e para o segundo e terceiro trecho, 2 dias cada.
Cada trecho é uma sub-travessia da travessia completa (Ibicoara à Lencóis) e tem seus dias e dificuldades específicos. Caso não disponha de todos os dias para fazê-la em uma única investida (thru-hiking), você pode concluí-la por trechos em diferentes épocas do ano (section hiking).
O primeiro trecho é o mais difícil de todos pela dificuldade do terreno e da navegação. Esse trecho tem 67 km e foi feito em 4 dias.
O primeiro dia tem 13.7 km com começo na cidade de Ibicoara e término no riacho Lacrau. O segundo dia tem apenas 9.8 km e começa o dia subindo o cânion do Lacrau em direção à Cachoeira dos Gatos. Depois da cachoeira, a trilha passa nas Cachoeiras Mini Buracão e Véu de Noiva e tem ponto de pernoite no começo do cânion da Fumacinha. O terceiro dia tem 13.8 km e continua pelo cânion até visitar a Cachoeira da Fumacinha. Em seguida, sobe a fenda do cânion até a parte de cima nas gerais do Machobongo e tem pernoite na Toca do Vaqueiro. O quarto dia tem 30 km e segue por uma vegetação de cerrado e campo, passa na Cachoeira da Matinha e finaliza o trecho na cidade de Mucugê.
O segundo trecho possui grau de dificuldade moderado de progressão e navegação no terreno. Esse trecho tem 58 km e foi feito em 2 dias.
O quinto dia tem 26.6 km e segue em direção ao Vale do Pati pelas Gerais do Rio Preto. Às margens do rio Paraguaçu é visitado a Lapa do Caboclo até chegar ao ponto de acampamento na Toca do Gavião. O sexto dia tem 31.7 km e começa com um “side trail” ao Cachoeirão por Cima. Em seguida, a caminhada continua pelo Pati em direção ao Mirante do Vale do Pati. Percurso apenas na parte de cima caminhando pelas gerais do Rio Preto. Pernoite em pousada no centro do Vale do Capão.
O terceiro e último trecho termina a travessia na cidade de Lençóis pela trilha das Águas Claras. Esse trecho tem 33 km e foi feito em 2 dias.
O sétimo dia tem 19.7 km e segue até a pernoite no Poném pela trilha das Águas Claras. É o dia onde o Morrão fica mais próximo e o Morro de Pai Inácio aparece. O oitavo e último dia tem 13.2 km, visita a Gruta do Lapão e finaliza a travessia na cidade de Lençóis.
TRECHO 1: IBICOARA X MUCUGÊ
DIA 1 - IBICOARA AO RIACHO LACRAU
Esse dia tem 13.7 km e começa dentro da cidade de Ibicoara na Pousada Sabor da Chapada. Nos hospedamos no dia anterior para começar cedo no dia seguinte. De um modo geral é um dia de esforço físico moderado, com um “vara-mato” no quilômetro final para chegar ao acampamento.
Devido às dificuldades do terreno, os dois primeiros dias foram feitos com o guia local Genival. Morador local do Brejão e profundo conhecedor da região e da Chapada Diamantina, ele nos conduziu pela serra explicando os costumes locais e paisagens por onde passávamos.
O percurso começa por uma estrada rural até chegar numa antiga trilha. Até lá são 3 km de estrada passando pela primeira subida longa do dia na vertente do rio Sincorá. Pela estrada foi possível observar os pés de café que iam fazendo parte da paisagem e contornando as curvas da estrada à medida que passávamos.
Saindo da estrada, à esquerda, começa a surgir a antiga trilha com algumas partes calçada de pedra em meio a uma mata mais fechada. Logo chega-se ao primeiro ponto de água. Um pouco mais a frente a trilha abre novamente e fica numa área de vegetação de cerrado onde é possível avistar o mirante do Campo Redondo e algumas serras em volta. A trilha toma essa cara até o setor do antigo condomínio Eco Vila.
Do começo da Eco Vila até o local de acampamento são cerca de 6 km com dois pontos de água pelo caminho. Aproveitamos para caminhar nos espaços abertos que foram roçados até chegar no segundo ponto de água e aparecer uma trilha mais discreta por entre a vegetação. Desse ponto de água em diante, a trilha continua aberta, mas termina no ponto marcado como “Fim Trilha”. Desse ponto até o riacho do Lacrau, nosso ponto de acampamento, são quase 1 km descendo de forma suave, mas sem trilha e com vara-mato.
Chegamos ao local de acampamento, numa área de mata às margens do riacho Lacrau, no meio da tarde, com tempo para preparar o acampamento e aproveitar um pouco das águas da chapada. Com suas águas geladas, o riacho Lacrau é um dos afluentes do Rio Mucugezinho onde mais a frente se une ao rio Una até chegar posteriormente à Cachoeira do Buracão.
DIA 2 - RIACHO LACRAU AO CÂNION DA FUMACINHA
Esse dia tem 9.8 km e é o mais difícil de toda a travessia. Começamos um pouco atrasados e saímos às 7h30 da manhã. Esteja preparado para andar com capim e mato alto e escalaminhadas em trechos de subidas e descidas íngremes. Com exceção de um pequeno trecho de trilha para chegar na Cachoeira dos Gatos, o restante do percurso não tem trilha e possui mato fechado o tempo todo. Andar com calça ou pernito é essencial para uma melhor experiência.
Caso seja feito sem guia, é preciso ter bastante experiência nesse tipo de terreno, dependendo do caminho escolhido pode levar a paredes bem verticais. É um trecho bem desgastante que fizemos em um dia de caminhada, graças ao Genival que sabia o melhor caminho a seguir.
O percurso começa subindo a vertente do riacho Lacrau à esquerda de uma drenagem da serra. À medida que caminhavámos o vale do riacho ia ficando mais aparente, além de outros topos de serras ao redor. Até o final da subida, onde o terreno começa a ficar mais plano, são quase 1 km e levamos quase uma hora e meia para vencer a primeira subida do dia.
Em cima, a caminhada continua sem trilha por mais quase 5 km, num campo sujo com grande parte de capim alto e muitos arbustos, até chegar numa trilha batida. Depois de um dia inteiro desviando e esbarrando na vegetação, enfim um caminho confortável para seguir. Essa trilha havia sido recém aberta e leva até a Cachoeira dos Gatos e ao Pico da Batavia, novos atrativos na região.
Por esse caminho batido, anda-se por quase 1 km até chegar ao topo da Cachoeira dos Gatos. Chegamos na cachoeira era meio dia e aproveitamos para se refrescar em mais um dia bem quente na chapada.
Depois do banho, seguimos em direção às nossas próximas atrações do dia: a Cachoeira Véu de Noiva e Cachoeira Mini Buracão, que estão situadas mais abaixo do riacho. Aliás, outras duas quedas d’águas são formadas nesse mesmo cânion, mas são acessadas apenas caminhando por dentro do cânion e descendo por pontos de rapel.
Voltando ao topo da cachoeira, o percurso continua por cima do cânion, à esquerda do sentido do riacho. Novamente “vara-mato” que permanece até a descida para dentro do cânion mais a frente. São quase um quilômetro e meio com uma paisagem espetacular até o ponto de descida.
A descida é feita num ponto onde o cânion fica mais aberto. Genival foi na frente abrindo passagem e procurando o melhor caminho. À medida que íamos ziguezagueando o paredão do cânion era possível ver a água do cânion ficando cada vez mais perto. Toda a descida foi feita andando, porém, já próximo ao rio, houve um pequeno trecho onde foi preciso fazer uma desescalada curta.
Chegando embaixo, paramos um pouco para respirar e continuar pelo leito do rio. Todas as passagens até a Cachoeira Véu de Noiva são feitas pela lateral direita do paredão. Logo a frente, chega-se na Cachoeira Mini Buracão, uma cachoeira muito semelhante à Cachoeira do Buracão, porém menor, e depois na Cachoeira Véu de Noiva. Duas belas cachoeiras para finalizar o dia cansativo.
Após a Cachoeira Véu de Noiva, a trilha segue pela margem direita do rio, por entre a mata, até chegar ao ponto de acampamento. O local fica numa área dentro do cânion da Cachoeira da Fumacinha, após atravessar o rio Riachão (Rio Una).
DIA 3 - CÂNION DA FUMACINHA À TOCA DO VAQUEIRO
Esse terceiro dia tem 13.8 km e pode ser um dia muito difícil pela dificuldade de navegação dentro do cânion e a subida da fenda da Fumacinha. A trilha segue pelo cânion e visita a Cachoeira da Fumacinha. Após a visita-la, o percurso volta até chegar ao ponto de subida do cânion pela trilha da nova fenda.
Já existem vários relatos de como chegar até a Fumacinha, dessa forma não irei me alongar e explicarei algumas passagens que considero importantes. A dica principal é sempre contratar um guia caso não tenha experiência. Dependendo do nível do praticamente, chegar a cachoeira pode ser muito difícil devido à navegação, dificuldade do terreno e grande esforço físico.
Essa foi minha segunda ida à Fumacinha e desde a última vez (2019), observei algumas alterações que facilitaram tanto a navegação como a dificuldade do terreno, a exemplo da retirada do ponto de escalaminhada que havia depois do Poço da Cachorra e a passagem pelo paredão da Pedra Lascada.
Depois do acampamento, a trilha segue pela mata até encontrar novamente o rio (~1.1km). Nesse ponto, cruze o rio para a margem esquerda e siga caminhando pelo lado esquerdo, por sobre as pedras. Mais a frente a trilha entra novamente na mata, na margem direita do rio. A trilha começa discreta na mata e depois se consolida. Acertando a trilha, o caminho segue sem dificuldades e passa por cima da Pedra Lascada. Siga sempre pegando as bifurcações à direita
A trilha entra novamente no leito do rio e segue até pegar novamente, no lado direito, uma trilha dentro da mata. Mais a frente há o entroncamento com a trilha da antiga fenda da Fumacinha. Depois do encontro de rios, chega-se até a Cachoeira do Encontro, uma queda pequena com um grande poço. A passagem é feita pelo lado esquerdo da cachoeira.
Seguindo pela esquerda, passa-se por um ponto de água e mais a frente pelo ponto de início da nova fenda. Esse pode ser um bom local para deixar a mochila e ir até a cachoeira apenas com uma mochila de ataque. Mais a frente, a trilha continua pela direita, até o momento onde é preciso cruzar o rio mais uma vez. Após a travessia a trilha segue sempre pela esquerda, até chegar à Fumacinha.
Atualmente há duas fendas para se subir o cânion. Uma mais antiga que fica antes da Cachoeira do Encontro, sendo a mais rápida de se subir (menos extensa). Uma nova que fica depois da Cachoeira do Encontro e tem a subida mais demorada com vários lances de corda e subidas íngremes. Ela foi criada devido à ocorrência de ataques de abelhas na fenda antiga.
Acabamos subindo pela fenda nova. Um trecho técnico com alguns locais expostos à quedas. Toda atenção é pouca. A vantagem de subir por ela é ganhar algumas centenas de metros na parte de cima. Entretanto, ao meu ver, essa distância não é tão compensadora, devido ao esforço físico de subir com as mochilas.
Chegando em cima, são cerca de 1.5 km até o mirante que tem vista para o cânion da Fumacinha. Visão espetacular das suas curvas e paredões! Mais a frente chega-se no topo da Cachoeira da Fumacinha onde é possível observar a primeira queda d’água da cachoeira e logo depois aparece o rio Una (Rio Riachão), o rio da Fumacinha.
Das margens do rio Una são quase 5 km até chegar ao ponto de acampamento na Toca do Vaqueiro. Esse percurso faz parte das Gerais do Machobongo, local onde predomina o campo rupestre. Esse trecho começa batido, por fazer parte da trilha da Fumacinha por cima, mas depois fica sem trilha aparente por cima de um capim rasteiro. Fique atento à bifurcação para não perder o momento certo de entrar e siga observando o capim pisado.
Após 2.5 km do trecho sem trilha, chega-se novamente numa trilha batida que leva até a Toca do Vaqueiro. Situada às margens do rio Una, é uma das melhores tocas da Chapada e foi construída antigamente por vaqueiros que cuidavam do gado naquela região. Eles usaram a abertura na rocha para fazer paredes de pedras, e colocaram uma janela e uma porta.
Na área externa há uma cozinha com um fogão à lenha feito de pedras. Fizemos uma fogueira e curtimos o céu estrelado até a chegada da lua defronte à toca. Uma das melhores noites da travessia.
DIA 4 - TOCA DO VAQUEIRO À MUCUGÊ
Esse dia tem 30 km e finaliza o primeiro trecho da travessia. Apesar de um curto trecho sem trilha, percurso de nível fácil e na maior parte do tempo plano até chegar em Mucugê. De manhã cedo, com a toca voltada para o leste, foi possível pegar o nascer do sol. Um belo momento para começar o dia.
Logo de cara é feita duas travessias do rio Una e o percurso segue paralelo à ele, no vale do rio Una, na direção norte,. Até o próximo ponto de água (~4 km), não achei trilha alguma e fomos caminhando por entre uma vegetação mais alta, o que dificultou a caminhada no começo. Dos tracklogs que tinha, por nenhum consegui achar uma trilha batida. O mato estava mais alto no começo, mas ficou aberto quando pegamos uma área em que havia sido queimada, no ponto marcado como “Campo Queimado”.
Fomos seguindo por ele, tomando sempre como referência visual um local conhecido como Tesoura. Uma área de sela onde as serras ao redor convergem e começa o vale do rio Una. Após 4 km, a trilha batida aparece ao lado do primeiro ponto de água. Ela segue batida e aberta até a Cachoeira da Matinha. Esse é um dia bem crítico de água. Além desse ponto de água, há mais um ponto a frente e outro na Tesoura. Depois, água somente no rio Mucugê que fica a 8 km de distância.
Apesar de ser um terreno fácil, o dia foi bem castigante por causa do calor. Sol presente durante todo o dia com poucas nuvens. Descansamos debaixo de uma pequena mata de galeria na Tesoura e depois numa sombra de duas pequenas árvores num ponto marcado como “Sombra”.
A atração principal do dia é a Cachoeira da Matinha. Aproveitamos as águas da cachoeira para aliviar o calor e cozinhar algo para poder continuar a caminhada.
A ideia a princípio era acampar na cachoeira, mas resolvemos seguir e dormir em Mucugê. Faltavam ainda quase 10 km, sendo 2 km de trilha e 8km por uma antiga estrada do garimpo. Percurso sem grandes dificuldades, entretanto uma distância considerável em vista ao que já havíamos caminhado no dia.
Tocamos em frente e chegamos na cidade escurecendo. Nos hospedamos na Pousada Sempre Viva e no dia seguinte aproveitamos para descansar e curtir a virada do ano na cidade.
TRECHO 2: MUCUGÊ AO VALE DO CAPÃO
DIA 5 - MUCUGÊ À TOCA DO GAVIÃO
Esse dia tem 26.6 km e adentra o Vale do Pati pelas Gerais do Rio Preto. Apesar da distância, também é um dia de caminhada fácil sem grandes dificuldades de navegação e esforço físico. Com bom preparo é possível dormir já dentro do Pati.
Saímos após o café da manhã da pousada e continuamos no sentido norte em direção ao Pati. Inicialmente são quase 2 km dentro da cidade por um pedaço da estadual BA-142. No caminho é possível ainda visitar o Cemitério Bizantino, coisa que não fizemos por puro esquecimento.
Logo ao sair da estadual, a trilha adentra a propriedade Capão dos Andrades que atualmente é a RPPN Adília Paraguassu Batista. Criada em 2002, tem uma área de 70ha, e, ao norte, se estende até o encontro entre os rios Preto e Paraguaçu. A entrada precisa ser agendada e tem uma taxa de visitação de R$ 10 por pessoa (contato abaixo).
Da entrada da propriedade até onde o rio Preto deságua no Paraguaçu, andando por uma estrada carroçável, são aproximadamente 2.5 km. Após atravessar o Paraguaçu, o caminho passa a ser por uma trilha paralela ao Rio Preto, com a presença de vegetação de cerrado.
Andando mais 3 km, chega-se a Lapa do Caboclo, um sítio arqueológico com dezenas de pinturas rupestres às margens do rio Preto. Fizemos uma parada para apreciar as pinturas e continuamos pela trilha de baixo, que estava com mato muito alto e fechado em alguns pontos. Melhor ter continuado pela trilha que chegamos.
Continuando pelo vale do rio Preto, sem grandes dificuldades, chega-se a dois pontos de água nos próximos 6 km. Os pontos de água são todos afluentes do rio Preto e escoam das serras vizinhas.
A trilha vai subindo de forma suave e à medida que vamos ganhando altitude o campo rupestre vai se tornando cada vez mais evidente. Aos poucos as serras do Vale do Pati vão aparecendo ao fundo e a caminhada passa a ser pelas Gerais do Rio Preto.
O ponto de pernoite fica às margens do riacho do Cachoeirão, na Toca do Gavião, um local com área de acampamento, tanto embaixo, como em cima, na toca. Ficamos nesse ponto estrategicamente para fazer um “side trail” na manhã seguinte e ir até o Cachoeirão por cima. Para poder ter encurtado o dia seguinte, o ideal era ter ido até lá assim que chegamos.
DIA 6 - TOCA DO GAVIÃO AO VALE DO CAPÃO
Esse dia tem 31.6 km e atravessa o Vale do Pati através das Gerais do Rio Preto até chegar ao povoado do Vale do Capão. Também não tem dificuldades de navegação e esforço físico, grande parte da trilha é de descida. Apesar da distância é possível tirar direto e dormir no Capão.
Acordamos na manhã seguinte, escondemos as mochilas ali próximo, e fomos até o Cachoeirão apenas com mochila de ataque. Como é bastante comum, o tempo ainda estava bem fechado, com muita neblina por sobre os morros. Chegamos na cachoeira e o tempo estava mais limpo. Fomos nos dois mirantes.
O bate-e-volta ao Cachoeirão tem ao todo 4.5 km e o ideal é fazê-lo no dia anterior para o dia não ficar tão pesado. Voltamos para pegar a mochila e continuar a caminhada até o Mirante do Vale do Pati.
O percurso atravessa o Pati pela parte de cima através das Gerais do Rio Preto. Demos uma pausa no Mirante do Pati para contemplar a energia do lugar. Do mirante até o Vale do Capão são quase 23 km, sendo a maior parte plana com duas descidas, sendo uma na Ladeira do Quebra Bunda e outra para chegar até o Bomba.
No Bomba, a caminhada segue por uma estrada rural até chegar no Vale do Capão. Chegamos a noite e nos hospedamos na pousada Casa de Nômades finalizando o sexto dia e o segundo trecho. Na manhã seguinte foi feito um “side trail” na Cachoeira da Fumaça por cima e depois descansamos o restante do dia.
TRECHO 3: VALE DO CAPÃO À LENÇÓIS
DIA 7 - VALE DO CAPÃO AO PONÉM
Esse dia tem 19.7 km e segue até Lençóis pela trilha das Águas Claras. O percurso segue por uma estrada rural até entrar numa trilha batida e mais fechada. São 6.5 km na estrada até chegar na bifurcação indicando sua entrada. Pegue à direita e siga pela trilha.
Um pouco mais à frente surge o primeiro ponto de água. Diferente de outros lugares da Chapada, a água dessa região é bem transparente, motivo pelo qual a trilha ser chamada Águas Claras.
O Morrão, presente desde o início, vai ficando cada vez mais próximo. Caminhando um pouco mais, chega-se à Cachoeira das Águas Claras, um lugar com uma queda d’água onde aproveitamos para relaxar e cozinhar. As proximidades de Águas Claras foram muito utilizadas para camping irregular, o que gerou uma degradação de algumas áreas e utilização da vegetação local para fogueiras (atividade proibida). Em função disso não é permitido acampar no local.
Continuando o percurso, são quase 8 km até o final do dia. No caminho o Morrão vai ficando para trás e o Morro do Pai Inácio passa a compor a paisagem. Além dele, o início do cânion do rio Lençóis também aparece, bem como outras serras ao redor.
O ponto de acampamento fica numa localidade conhecida como Pónem, às margens de um riacho afluente do rio Lençóis, sendo uma opção mais recomendada que nas Águas Claras. No local há uma antiga construção do ICMBio, mas parece que estava sem uso e abandonada.
DIA 8 - PONÉM À LENÇÓIS
Esse dia tem 13.2 km e finaliza a travessia na cidade de Lençóis. Mais um dia bem tranquilo sem grandes dificuldades. Menor distância de todos os dias. Caso queira continuar na Serra do Sincorá, é possível ir do acampamento até o Morro do Pai Inácio.
A trilha segue ao lado do riacho afluente do Rio Lençóis, numa antiga trilha do garimpo. Ponto de água depois de 5 km, no encontro com o riacho.
Já chegando em Lençóis a trilha passa próximo à Gruta do Lapão. Situada na Serra do Lapão, tem uma imponente abertura de 42 metros de altura e 64 metros de largura, possuindo a maior “boca” de caverna em arenito do Brasil. Por não conhecer bem onde era a sua entrada, acabamos não indo visitá-la. Mas vale a pena conhecer.
Pouco depois da gruta a trilha segue descendo a serra em direção a Lençóis finalizando a travessia na cidade.
CONTATOS
- RPPN Adília Paraguassu Batista: @rppnadiliaparaguassubatista (Entrada R$ 10 reais)
- Guia Genival: 77 98156-9496
- Pousadas:
Pousada Sempre Viva: 75 98172-2799 (Mucugê)
Pousada Sabor da Chapada: 77 99191-2143 (Ibicoara)
HI Hostel Chapada: 75 99928-2243 (Lençóis)
- Transfers:
Kiko: 75 98215-1097 (Mucugê)
OBSERVAÇÕES
- Pagar taxa de visitação de R$ 10 da propriedade da RPPN Adília Paraguassu Batista visitada no começo do segundo trecho;
- Percurso dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, com acesso livre e gra
Expedição feita levando toda a comida e equipamentos, de forma autossuficiente, em 8 dias de trilha, onde foram percorridos um total de 160 km (sem incluir o “side trail” à Cachoeira da Fumaça por cima). Além desses dias, teve um dia inteiro de descanso na cidade de Mucugê e outro dia para a Cachoeira da Fumaça.
A travessia começa dentro da cidade de Ibicoara e passa por um setor ainda pouco visitado turisticamente, mas com um grande potencial de caminhada. Entre esses atrativos está a Cachoeira dos Gatos que começou a ser apresentada ao público no ano de 2023 e foi visitada no segundo dia da travessia.
Os dois primeiros dias possuem alto grau de dificuldade e foram feitos com o guia Genival, morador local e profundo conhecedor da serra. O restante da travessia foi feito sem guia. É importante salientar que a maior parte do trecho entre os dois primeiros dias NÃO HÁ TRILHA e tem VARA-MATO constante, além de possuir descidas e subidas íngremes. Não faça se não possuir experiência nesse tipo de terreno.
Para evitar essa parte, sugiro iniciar no Baixão, pela trilha da Cachoeira da Fumacinha, onde a maioria começa quando faz essa travessia. O guia local Genival anda há muito tempo e conhece bastante esse setor. Aqui no wikiloc, essa foi a terceira repetição desse trecho, sendo a primeira delas feita pelo Orlandinho Barros e a segunda pelo Marcelo Vieira.
Esse percurso contém as atrações, os pontos de pernoites, pontos de água e bifurcações. Relato com logística e mais detalhes da trilha abaixo.
INFORMAÇÕES
Tipo: Trekking autônomo e independente com planejamento do percurso e navegação realizados por conta própria;
Distância total: 174 Km;
Ganho de elevação: 3688 m;
Dias: 8 dias;
Época: É possível fazer em qualquer período do ano. Entretanto, atente para os níveis dos rios durante as fortes chuvas entre dezembro e março;
Data: 27 de dezembro de 2023 a 5 de janeiro de 2024;
COMO CHEGAR
A trilha começa no centro da cidade de Ibicoara. De carro, você pode chegar através da BR-242 e depois acessar a estadual BA-142.
Caso esteja a pé, há duas formas de chegar usando ônibus. A primeira delas é pegar um ônibus da empresa Novo Horizonte, no povoado de Tanquinho de Lençóis (povoado de Lençóis situado às margens da BR-242), às 7:00 da manhã, na Matos Churrascaria. A segunda forma é ir direto de Salvador até Ibicoara pelas empresas de ônibus Emtran e Cidade Sol, ambos saindo às 19h.
A TRAVESSIA
Para melhor estruturar a travessia, resolvi dividi-la em três trechos, sendo o primeiro trecho de Ibicoara à Mucugê, o segundo de Mucugê ao Vale do Capão e o terceiro do Vale do Capão à Lençóis. A travessia levou ao todo 8 dias, sendo 4 dias para concluir o primeiro trecho e para o segundo e terceiro trecho, 2 dias cada.
Cada trecho é uma sub-travessia da travessia completa (Ibicoara à Lencóis) e tem seus dias e dificuldades específicos. Caso não disponha de todos os dias para fazê-la em uma única investida (thru-hiking), você pode concluí-la por trechos em diferentes épocas do ano (section hiking).
O primeiro trecho é o mais difícil de todos pela dificuldade do terreno e da navegação. Esse trecho tem 67 km e foi feito em 4 dias.
O primeiro dia tem 13.7 km com começo na cidade de Ibicoara e término no riacho Lacrau. O segundo dia tem apenas 9.8 km e começa o dia subindo o cânion do Lacrau em direção à Cachoeira dos Gatos. Depois da cachoeira, a trilha passa nas Cachoeiras Mini Buracão e Véu de Noiva e tem ponto de pernoite no começo do cânion da Fumacinha. O terceiro dia tem 13.8 km e continua pelo cânion até visitar a Cachoeira da Fumacinha. Em seguida, sobe a fenda do cânion até a parte de cima nas gerais do Machobongo e tem pernoite na Toca do Vaqueiro. O quarto dia tem 30 km e segue por uma vegetação de cerrado e campo, passa na Cachoeira da Matinha e finaliza o trecho na cidade de Mucugê.
O segundo trecho possui grau de dificuldade moderado de progressão e navegação no terreno. Esse trecho tem 58 km e foi feito em 2 dias.
O quinto dia tem 26.6 km e segue em direção ao Vale do Pati pelas Gerais do Rio Preto. Às margens do rio Paraguaçu é visitado a Lapa do Caboclo até chegar ao ponto de acampamento na Toca do Gavião. O sexto dia tem 31.7 km e começa com um “side trail” ao Cachoeirão por Cima. Em seguida, a caminhada continua pelo Pati em direção ao Mirante do Vale do Pati. Percurso apenas na parte de cima caminhando pelas gerais do Rio Preto. Pernoite em pousada no centro do Vale do Capão.
O terceiro e último trecho termina a travessia na cidade de Lençóis pela trilha das Águas Claras. Esse trecho tem 33 km e foi feito em 2 dias.
O sétimo dia tem 19.7 km e segue até a pernoite no Poném pela trilha das Águas Claras. É o dia onde o Morrão fica mais próximo e o Morro de Pai Inácio aparece. O oitavo e último dia tem 13.2 km, visita a Gruta do Lapão e finaliza a travessia na cidade de Lençóis.
TRECHO 1: IBICOARA X MUCUGÊ
DIA 1 - IBICOARA AO RIACHO LACRAU
Esse dia tem 13.7 km e começa dentro da cidade de Ibicoara na Pousada Sabor da Chapada. Nos hospedamos no dia anterior para começar cedo no dia seguinte. De um modo geral é um dia de esforço físico moderado, com um “vara-mato” no quilômetro final para chegar ao acampamento.
Devido às dificuldades do terreno, os dois primeiros dias foram feitos com o guia local Genival. Morador local do Brejão e profundo conhecedor da região e da Chapada Diamantina, ele nos conduziu pela serra explicando os costumes locais e paisagens por onde passávamos.
O percurso começa por uma estrada rural até chegar numa antiga trilha. Até lá são 3 km de estrada passando pela primeira subida longa do dia na vertente do rio Sincorá. Pela estrada foi possível observar os pés de café que iam fazendo parte da paisagem e contornando as curvas da estrada à medida que passávamos.
Saindo da estrada, à esquerda, começa a surgir a antiga trilha com algumas partes calçada de pedra em meio a uma mata mais fechada. Logo chega-se ao primeiro ponto de água. Um pouco mais a frente a trilha abre novamente e fica numa área de vegetação de cerrado onde é possível avistar o mirante do Campo Redondo e algumas serras em volta. A trilha toma essa cara até o setor do antigo condomínio Eco Vila.
Do começo da Eco Vila até o local de acampamento são cerca de 6 km com dois pontos de água pelo caminho. Aproveitamos para caminhar nos espaços abertos que foram roçados até chegar no segundo ponto de água e aparecer uma trilha mais discreta por entre a vegetação. Desse ponto de água em diante, a trilha continua aberta, mas termina no ponto marcado como “Fim Trilha”. Desse ponto até o riacho do Lacrau, nosso ponto de acampamento, são quase 1 km descendo de forma suave, mas sem trilha e com vara-mato.
Chegamos ao local de acampamento, numa área de mata às margens do riacho Lacrau, no meio da tarde, com tempo para preparar o acampamento e aproveitar um pouco das águas da chapada. Com suas águas geladas, o riacho Lacrau é um dos afluentes do Rio Mucugezinho onde mais a frente se une ao rio Una até chegar posteriormente à Cachoeira do Buracão.
DIA 2 - RIACHO LACRAU AO CÂNION DA FUMACINHA
Esse dia tem 9.8 km e é o mais difícil de toda a travessia. Começamos um pouco atrasados e saímos às 7h30 da manhã. Esteja preparado para andar com capim e mato alto e escalaminhadas em trechos de subidas e descidas íngremes. Com exceção de um pequeno trecho de trilha para chegar na Cachoeira dos Gatos, o restante do percurso não tem trilha e possui mato fechado o tempo todo. Andar com calça ou pernito é essencial para uma melhor experiência.
Caso seja feito sem guia, é preciso ter bastante experiência nesse tipo de terreno, dependendo do caminho escolhido pode levar a paredes bem verticais. É um trecho bem desgastante que fizemos em um dia de caminhada, graças ao Genival que sabia o melhor caminho a seguir.
O percurso começa subindo a vertente do riacho Lacrau à esquerda de uma drenagem da serra. À medida que caminhavámos o vale do riacho ia ficando mais aparente, além de outros topos de serras ao redor. Até o final da subida, onde o terreno começa a ficar mais plano, são quase 1 km e levamos quase uma hora e meia para vencer a primeira subida do dia.
Em cima, a caminhada continua sem trilha por mais quase 5 km, num campo sujo com grande parte de capim alto e muitos arbustos, até chegar numa trilha batida. Depois de um dia inteiro desviando e esbarrando na vegetação, enfim um caminho confortável para seguir. Essa trilha havia sido recém aberta e leva até a Cachoeira dos Gatos e ao Pico da Batavia, novos atrativos na região.
Por esse caminho batido, anda-se por quase 1 km até chegar ao topo da Cachoeira dos Gatos. Chegamos na cachoeira era meio dia e aproveitamos para se refrescar em mais um dia bem quente na chapada.
Depois do banho, seguimos em direção às nossas próximas atrações do dia: a Cachoeira Véu de Noiva e Cachoeira Mini Buracão, que estão situadas mais abaixo do riacho. Aliás, outras duas quedas d’águas são formadas nesse mesmo cânion, mas são acessadas apenas caminhando por dentro do cânion e descendo por pontos de rapel.
Voltando ao topo da cachoeira, o percurso continua por cima do cânion, à esquerda do sentido do riacho. Novamente “vara-mato” que permanece até a descida para dentro do cânion mais a frente. São quase um quilômetro e meio com uma paisagem espetacular até o ponto de descida.
A descida é feita num ponto onde o cânion fica mais aberto. Genival foi na frente abrindo passagem e procurando o melhor caminho. À medida que íamos ziguezagueando o paredão do cânion era possível ver a água do cânion ficando cada vez mais perto. Toda a descida foi feita andando, porém, já próximo ao rio, houve um pequeno trecho onde foi preciso fazer uma desescalada curta.
Chegando embaixo, paramos um pouco para respirar e continuar pelo leito do rio. Todas as passagens até a Cachoeira Véu de Noiva são feitas pela lateral direita do paredão. Logo a frente, chega-se na Cachoeira Mini Buracão, uma cachoeira muito semelhante à Cachoeira do Buracão, porém menor, e depois na Cachoeira Véu de Noiva. Duas belas cachoeiras para finalizar o dia cansativo.
Após a Cachoeira Véu de Noiva, a trilha segue pela margem direita do rio, por entre a mata, até chegar ao ponto de acampamento. O local fica numa área dentro do cânion da Cachoeira da Fumacinha, após atravessar o rio Riachão (Rio Una).
DIA 3 - CÂNION DA FUMACINHA À TOCA DO VAQUEIRO
Esse terceiro dia tem 13.8 km e pode ser um dia muito difícil pela dificuldade de navegação dentro do cânion e a subida da fenda da Fumacinha. A trilha segue pelo cânion e visita a Cachoeira da Fumacinha. Após a visita-la, o percurso volta até chegar ao ponto de subida do cânion pela trilha da nova fenda.
Já existem vários relatos de como chegar até a Fumacinha, dessa forma não irei me alongar e explicarei algumas passagens que considero importantes. A dica principal é sempre contratar um guia caso não tenha experiência. Dependendo do nível do praticamente, chegar a cachoeira pode ser muito difícil devido à navegação, dificuldade do terreno e grande esforço físico.
Essa foi minha segunda ida à Fumacinha e desde a última vez (2019), observei algumas alterações que facilitaram tanto a navegação como a dificuldade do terreno, a exemplo da retirada do ponto de escalaminhada que havia depois do Poço da Cachorra e a passagem pelo paredão da Pedra Lascada.
Depois do acampamento, a trilha segue pela mata até encontrar novamente o rio (~1.1km). Nesse ponto, cruze o rio para a margem esquerda e siga caminhando pelo lado esquerdo, por sobre as pedras. Mais a frente a trilha entra novamente na mata, na margem direita do rio. A trilha começa discreta na mata e depois se consolida. Acertando a trilha, o caminho segue sem dificuldades e passa por cima da Pedra Lascada. Siga sempre pegando as bifurcações à direita
A trilha entra novamente no leito do rio e segue até pegar novamente, no lado direito, uma trilha dentro da mata. Mais a frente há o entroncamento com a trilha da antiga fenda da Fumacinha. Depois do encontro de rios, chega-se até a Cachoeira do Encontro, uma queda pequena com um grande poço. A passagem é feita pelo lado esquerdo da cachoeira.
Seguindo pela esquerda, passa-se por um ponto de água e mais a frente pelo ponto de início da nova fenda. Esse pode ser um bom local para deixar a mochila e ir até a cachoeira apenas com uma mochila de ataque. Mais a frente, a trilha continua pela direita, até o momento onde é preciso cruzar o rio mais uma vez. Após a travessia a trilha segue sempre pela esquerda, até chegar à Fumacinha.
Atualmente há duas fendas para se subir o cânion. Uma mais antiga que fica antes da Cachoeira do Encontro, sendo a mais rápida de se subir (menos extensa). Uma nova que fica depois da Cachoeira do Encontro e tem a subida mais demorada com vários lances de corda e subidas íngremes. Ela foi criada devido à ocorrência de ataques de abelhas na fenda antiga.
Acabamos subindo pela fenda nova. Um trecho técnico com alguns locais expostos à quedas. Toda atenção é pouca. A vantagem de subir por ela é ganhar algumas centenas de metros na parte de cima. Entretanto, ao meu ver, essa distância não é tão compensadora, devido ao esforço físico de subir com as mochilas.
Chegando em cima, são cerca de 1.5 km até o mirante que tem vista para o cânion da Fumacinha. Visão espetacular das suas curvas e paredões! Mais a frente chega-se no topo da Cachoeira da Fumacinha onde é possível observar a primeira queda d’água da cachoeira e logo depois aparece o rio Una (Rio Riachão), o rio da Fumacinha.
Das margens do rio Una são quase 5 km até chegar ao ponto de acampamento na Toca do Vaqueiro. Esse percurso faz parte das Gerais do Machobongo, local onde predomina o campo rupestre. Esse trecho começa batido, por fazer parte da trilha da Fumacinha por cima, mas depois fica sem trilha aparente por cima de um capim rasteiro. Fique atento à bifurcação para não perder o momento certo de entrar e siga observando o capim pisado.
Após 2.5 km do trecho sem trilha, chega-se novamente numa trilha batida que leva até a Toca do Vaqueiro. Situada às margens do rio Una, é uma das melhores tocas da Chapada e foi construída antigamente por vaqueiros que cuidavam do gado naquela região. Eles usaram a abertura na rocha para fazer paredes de pedras, e colocaram uma janela e uma porta.
Na área externa há uma cozinha com um fogão à lenha feito de pedras. Fizemos uma fogueira e curtimos o céu estrelado até a chegada da lua defronte à toca. Uma das melhores noites da travessia.
DIA 4 - TOCA DO VAQUEIRO À MUCUGÊ
Esse dia tem 30 km e finaliza o primeiro trecho da travessia. Apesar de um curto trecho sem trilha, percurso de nível fácil e na maior parte do tempo plano até chegar em Mucugê. De manhã cedo, com a toca voltada para o leste, foi possível pegar o nascer do sol. Um belo momento para começar o dia.
Logo de cara é feita duas travessias do rio Una e o percurso segue paralelo à ele, no vale do rio Una, na direção norte,. Até o próximo ponto de água (~4 km), não achei trilha alguma e fomos caminhando por entre uma vegetação mais alta, o que dificultou a caminhada no começo. Dos tracklogs que tinha, por nenhum consegui achar uma trilha batida. O mato estava mais alto no começo, mas ficou aberto quando pegamos uma área em que havia sido queimada, no ponto marcado como “Campo Queimado”.
Fomos seguindo por ele, tomando sempre como referência visual um local conhecido como Tesoura. Uma área de sela onde as serras ao redor convergem e começa o vale do rio Una. Após 4 km, a trilha batida aparece ao lado do primeiro ponto de água. Ela segue batida e aberta até a Cachoeira da Matinha. Esse é um dia bem crítico de água. Além desse ponto de água, há mais um ponto a frente e outro na Tesoura. Depois, água somente no rio Mucugê que fica a 8 km de distância.
Apesar de ser um terreno fácil, o dia foi bem castigante por causa do calor. Sol presente durante todo o dia com poucas nuvens. Descansamos debaixo de uma pequena mata de galeria na Tesoura e depois numa sombra de duas pequenas árvores num ponto marcado como “Sombra”.
A atração principal do dia é a Cachoeira da Matinha. Aproveitamos as águas da cachoeira para aliviar o calor e cozinhar algo para poder continuar a caminhada.
A ideia a princípio era acampar na cachoeira, mas resolvemos seguir e dormir em Mucugê. Faltavam ainda quase 10 km, sendo 2 km de trilha e 8km por uma antiga estrada do garimpo. Percurso sem grandes dificuldades, entretanto uma distância considerável em vista ao que já havíamos caminhado no dia.
Tocamos em frente e chegamos na cidade escurecendo. Nos hospedamos na Pousada Sempre Viva e no dia seguinte aproveitamos para descansar e curtir a virada do ano na cidade.
TRECHO 2: MUCUGÊ AO VALE DO CAPÃO
DIA 5 - MUCUGÊ À TOCA DO GAVIÃO
Esse dia tem 26.6 km e adentra o Vale do Pati pelas Gerais do Rio Preto. Apesar da distância, também é um dia de caminhada fácil sem grandes dificuldades de navegação e esforço físico. Com bom preparo é possível dormir já dentro do Pati.
Saímos após o café da manhã da pousada e continuamos no sentido norte em direção ao Pati. Inicialmente são quase 2 km dentro da cidade por um pedaço da estadual BA-142. No caminho é possível ainda visitar o Cemitério Bizantino, coisa que não fizemos por puro esquecimento.
Logo ao sair da estadual, a trilha adentra a propriedade Capão dos Andrades que atualmente é a RPPN Adília Paraguassu Batista. Criada em 2002, tem uma área de 70ha, e, ao norte, se estende até o encontro entre os rios Preto e Paraguaçu. A entrada precisa ser agendada e tem uma taxa de visitação de R$ 10 por pessoa (contato abaixo).
Da entrada da propriedade até onde o rio Preto deságua no Paraguaçu, andando por uma estrada carroçável, são aproximadamente 2.5 km. Após atravessar o Paraguaçu, o caminho passa a ser por uma trilha paralela ao Rio Preto, com a presença de vegetação de cerrado.
Andando mais 3 km, chega-se a Lapa do Caboclo, um sítio arqueológico com dezenas de pinturas rupestres às margens do rio Preto. Fizemos uma parada para apreciar as pinturas e continuamos pela trilha de baixo, que estava com mato muito alto e fechado em alguns pontos. Melhor ter continuado pela trilha que chegamos.
Continuando pelo vale do rio Preto, sem grandes dificuldades, chega-se a dois pontos de água nos próximos 6 km. Os pontos de água são todos afluentes do rio Preto e escoam das serras vizinhas.
A trilha vai subindo de forma suave e à medida que vamos ganhando altitude o campo rupestre vai se tornando cada vez mais evidente. Aos poucos as serras do Vale do Pati vão aparecendo ao fundo e a caminhada passa a ser pelas Gerais do Rio Preto.
O ponto de pernoite fica às margens do riacho do Cachoeirão, na Toca do Gavião, um local com área de acampamento, tanto embaixo, como em cima, na toca. Ficamos nesse ponto estrategicamente para fazer um “side trail” na manhã seguinte e ir até o Cachoeirão por cima. Para poder ter encurtado o dia seguinte, o ideal era ter ido até lá assim que chegamos.
DIA 6 - TOCA DO GAVIÃO AO VALE DO CAPÃO
Esse dia tem 31.6 km e atravessa o Vale do Pati através das Gerais do Rio Preto até chegar ao povoado do Vale do Capão. Também não tem dificuldades de navegação e esforço físico, grande parte da trilha é de descida. Apesar da distância é possível tirar direto e dormir no Capão.
Acordamos na manhã seguinte, escondemos as mochilas ali próximo, e fomos até o Cachoeirão apenas com mochila de ataque. Como é bastante comum, o tempo ainda estava bem fechado, com muita neblina por sobre os morros. Chegamos na cachoeira e o tempo estava mais limpo. Fomos nos dois mirantes.
O bate-e-volta ao Cachoeirão tem ao todo 4.5 km e o ideal é fazê-lo no dia anterior para o dia não ficar tão pesado. Voltamos para pegar a mochila e continuar a caminhada até o Mirante do Vale do Pati.
O percurso atravessa o Pati pela parte de cima através das Gerais do Rio Preto. Demos uma pausa no Mirante do Pati para contemplar a energia do lugar. Do mirante até o Vale do Capão são quase 23 km, sendo a maior parte plana com duas descidas, sendo uma na Ladeira do Quebra Bunda e outra para chegar até o Bomba.
No Bomba, a caminhada segue por uma estrada rural até chegar no Vale do Capão. Chegamos a noite e nos hospedamos na pousada Casa de Nômades finalizando o sexto dia e o segundo trecho. Na manhã seguinte foi feito um “side trail” na Cachoeira da Fumaça por cima e depois descansamos o restante do dia.
TRECHO 3: VALE DO CAPÃO À LENÇÓIS
DIA 7 - VALE DO CAPÃO AO PONÉM
Esse dia tem 19.7 km e segue até Lençóis pela trilha das Águas Claras. O percurso segue por uma estrada rural até entrar numa trilha batida e mais fechada. São 6.5 km na estrada até chegar na bifurcação indicando sua entrada. Pegue à direita e siga pela trilha.
Um pouco mais à frente surge o primeiro ponto de água. Diferente de outros lugares da Chapada, a água dessa região é bem transparente, motivo pelo qual a trilha ser chamada Águas Claras.
O Morrão, presente desde o início, vai ficando cada vez mais próximo. Caminhando um pouco mais, chega-se à Cachoeira das Águas Claras, um lugar com uma queda d’água onde aproveitamos para relaxar e cozinhar. As proximidades de Águas Claras foram muito utilizadas para camping irregular, o que gerou uma degradação de algumas áreas e utilização da vegetação local para fogueiras (atividade proibida). Em função disso não é permitido acampar no local.
Continuando o percurso, são quase 8 km até o final do dia. No caminho o Morrão vai ficando para trás e o Morro do Pai Inácio passa a compor a paisagem. Além dele, o início do cânion do rio Lençóis também aparece, bem como outras serras ao redor.
O ponto de acampamento fica numa localidade conhecida como Pónem, às margens de um riacho afluente do rio Lençóis, sendo uma opção mais recomendada que nas Águas Claras. No local há uma antiga construção do ICMBio, mas parece que estava sem uso e abandonada.
DIA 8 - PONÉM À LENÇÓIS
Esse dia tem 13.2 km e finaliza a travessia na cidade de Lençóis. Mais um dia bem tranquilo sem grandes dificuldades. Menor distância de todos os dias. Caso queira continuar na Serra do Sincorá, é possível ir do acampamento até o Morro do Pai Inácio.
A trilha segue ao lado do riacho afluente do Rio Lençóis, numa antiga trilha do garimpo. Ponto de água depois de 5 km, no encontro com o riacho.
Já chegando em Lençóis a trilha passa próximo à Gruta do Lapão. Situada na Serra do Lapão, tem uma imponente abertura de 42 metros de altura e 64 metros de largura, possuindo a maior “boca” de caverna em arenito do Brasil. Por não conhecer bem onde era a sua entrada, acabamos não indo visitá-la. Mas vale a pena conhecer.
Pouco depois da gruta a trilha segue descendo a serra em direção a Lençóis finalizando a travessia na cidade.
CONTATOS
- RPPN Adília Paraguassu Batista: @rppnadiliaparaguassubatista (Entrada R$ 10 reais)
- Guia Genival: 77 98156-9496
- Pousadas:
Pousada Sempre Viva: 75 98172-2799 (Mucugê)
Pousada Sabor da Chapada: 77 99191-2143 (Ibicoara)
HI Hostel Chapada: 75 99928-2243 (Lençóis)
- Transfers:
Kiko: 75 98215-1097 (Mucugê)
OBSERVAÇÕES
- Pagar taxa de visitação de R$ 10 da propriedade da RPPN Adília Paraguassu Batista visitada no começo do segundo trecho;
- Percurso dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, com acesso livre e gra
Waypoints
Waypoint
3,261 ft
Bifurcação
Pegar à esquerda
Waypoint
3,351 ft
Início Sem Trilha
Waypoint
3,278 ft
Leito Drenagem
Waypoint
2,897 ft
Rio Sincorá
Waypoint
3,238 ft
Água
Waypoint
3,420 ft
Água
Waypoint
3,362 ft
Trilha
Waypoint
3,426 ft
Água
Waypoint
2,445 ft
Bifurcação
Pegar à direita
Waypoint
3,379 ft
Início Trilha
Waypoint
2,809 ft
Cânion
Waypoint
3,077 ft
Ravina
Waypoint
2,385 ft
Travessia Rio Riachão (Rio Una)
Waypoint
3,516 ft
Água
Waypoint
3,485 ft
Água
Waypoint
2,521 ft
Travessia Margem Esquerda
Waypoint
3,541 ft
Mirante Primeira Queda Dágua
Waypoint
3,110 ft
Margem Esquerda
Waypoint
2,822 ft
Margem Direita
Waypoint
2,671 ft
Leito do Rio
Waypoint
3,828 ft
Gerais do Machobongo
Waypoint
2,722 ft
Fenda Antiga
Waypoint
2,989 ft
Direita do Leito do Rio
Waypoint
2,603 ft
Direita
Waypoint
3,838 ft
Bifurcação
Direita
Waypoint
3,587 ft
Bifurcação
Dieita
Waypoint
2,795 ft
Bifurcação
Em frente Fumacinha, à esquerda Fenda Nova
Waypoint
2,706 ft
Bifurcação
Trilha à direita subindo
Waypoint
2,683 ft
Trilha na Mata à Direita
Waypoint
2,628 ft
Trilha à Direita
Trilha discreta na mata
Waypoint
2,809 ft
Água
Waypoint
3,590 ft
Água
Waypoint
3,821 ft
Bifurcação
Direita
Waterfall
3,310 ft
Cachoeira da Matinha
Waypoint
3,913 ft
Continuando no Campo Queimado
Trecho sem trilha
Waypoint
3,755 ft
Início Sem Trilha
Waypoint
3,883 ft
Início Trilha
Waypoint
3,242 ft
Mucugê
Waypoint
3,260 ft
Pernoite Dia 4
Pousada Sempre Viva
Waypoint
3,498 ft
Rio Mucugê
Waypoint
3,616 ft
Sombra
Waypoint
3,882 ft
Tesoura
Ponto de descanso
Waypoint
3,755 ft
Travessia Rio Una
Waypoint
3,882 ft
Água
Waypoint
3,877 ft
Água
Waypoint
3,882 ft
Água
Waypoint
3,515 ft
Água
Água no Rio Mucugê
Waypoint
3,754 ft
Área de Acampamento
Cave
4,102 ft
Acampamento Dia 5
Toca do Gavião
Waypoint
3,283 ft
Cemitério Bizantino
Waypoint
3,143 ft
Encontro Rio Preto e Rio Paraguaçu
Waypoint
3,192 ft
Lapa do Caboclo
Waypoint
3,232 ft
RPPN Paraguaçu
Entrada de R$ 10 reais por pessoa
Waypoint
3,340 ft
Água
Waypoint
3,539 ft
Água
Waypoint
3,827 ft
Água
Waypoint
3,943 ft
Água
Waypoint
4,273 ft
Gerais do Rio Preto
Waypoint
4,220 ft
Gerais dos Vieira
Mountain pass
4,386 ft
Ladeira do Quebra Bunda
Panorama
3,891 ft
Mirante Cachoeirão
Panorama
3,886 ft
Mirante Cachoeirão
Panorama
4,296 ft
Mirante Vale do Pati
Waypoint
3,006 ft
Pernoite Dia 6
Pousada Casa de Nômades
Waypoint
2,989 ft
Vale do Capão
Waypoint
4,169 ft
Água
Fountain
4,109 ft
Água
Waypoint
3,312 ft
Associação dos Condutores do Vale do Capão
Controle de acesso à cachoeira e Associação dos Condutores
Waterfall
4,202 ft
Mirante Cachoeira da Fumaça
Waterfall
4,167 ft
Mirante Cachoeira da Fumaça
Waypoint
4,302 ft
Água
Waypoint
2,771 ft
Acampamento Dia 7
Poném
Waypoint
3,248 ft
Bifurcação
Direita trilha das Águas Claras
Waterfall
3,034 ft
Cachoeira das Água Claras
Waypoint
3,098 ft
Rio Riachinho
Waypoint
2,851 ft
Visual Morro do Pai Inácio
Waypoint
3,302 ft
Visual Morrão
Waypoint
3,001 ft
Visual Morrão
Waypoint
3,155 ft
Água
Waterfall
3,051 ft
Água
Waypoint
2,622 ft
Água
Comments (3)
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Top demais
Grande Pedrão, valeu mesmo. Meu muito obrigado pelas conversas sobre a trilha e as dúvidas tiradas. Grande abraço e tamo junto.
Tmj pai