Xurês: A Regada (Lobios), Chã do Frielo, Pico da Nevosa e Alto de Nevosa, Escuseiras, Curral da Abelleira
near Lobios, Galicia (España)
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Trail photos
Itinerary description
Trilha circular a partir de Lobios, com passagem por:
- Pico da Nevosa (8.7 km) 1548 metros de altitude
- Alto de Nevosa (9.6 km) 1522 metros de altitude
Tivemos as condições ideais para fazer este trilho. Este dia 3 de Fevereiro estava com uma temperatura amena para subir naquele terreno ermo sem sombras, as pedras secas para se poderem subir e descer. Os amigos que nos convidaram, pessoas experientes e seguras, deram-nos toda a confiança para caminhar apenas a usufruir de tudo, foi um privilégio! O ambiente leve e descontraído que me fez pensar a dada altura:"Caramba, que felicidade!".
Começamos cedo na manhã. Começamos logo a subir depois de uma travessia no Rio Lobios. Subimos por um trilho antigo de pastores até uma zona mais alta e plana que chamam de "campo" para onde os pastores levavam os animais. Estávamos preparados para enfrentar uma vegetação mais alta mas nesta data já se passava bem. O trilho desenrola-se maioritamente pelas duas encostas do Vale do Rio Lobios. Na subida passando pela Chã do Frielo, um prado verde que funciona como miradouro para a outra encosta em frente e com uma parede de pedra por detrás. Já se via a beleza crua do que nos esperava durante o dia todo. Tentamos gerir as fotos que fazíamos para nos sobrar para tudo mas era uma tarefa ingrata, tudo era flashável. Pedras com formas engraçadas, corredores de pedras para passarmos. A dada altura, chegamos a um ponto com o Altar dos Cabrones á nossa frente, guinamos á esquerda ficando o Pico do Sobreiro, o Vale das Sombras e as Minas das Sombras á direita e para trás. Mais umas subidas e chegamos ao marco de fronteira que delimita Portugal e Espanha e que serve de entroncamento para quem vem das Minas dos Carris. Nesse ponto é possível ver a linha de fronteira feita por vários marcos e muros. Não percebo como decidiram por uma linha tão torta. Entrando ali em território português fizemos a nossa abordagem ao Pico da Nevosa. Primeiro subindo um promontório e descendo de seguida para nos posicionarmos de frente á face norte do Pico, com uma rampa de acesso com um carreirinho estreito com vegetação alta.
As vistas são deslumbrantes, totais. Vê-se tudo. Para o lado espanhol e para o lado português. A Louriça na Amarela, as barragens da Paradela e Lindoso, as antenas de Santa Eufémia, a inconfundível Pitões das Júnias tão bem encaixadinha na encosta e São João da Fraga com o seu pontinho branco em cima, reconhecemos os picos á nossa esquerda entre Pitões das Júnias e a Nevosa: as Gralheiras, Fonte Fria. A aplicação que temos chegava a apontar a localização de Peña Trevinca (?!) á frente de nós, para o Larouco e Nogueira!! Para o outro lado, Pé de Cabril e o Borrageiro, Morgair, Pias, Rocalva, Pico do Sobreiro. A Lagoa das Minas dos Carris a dar uma graça á paisagem desse lado suspensa em altitude.
Chegamos antes do meio-dia, era o que queríamos para depois estarmos mais descontraídos. Queríamos almoçar no andar que antecede a subida ao pico. Foi difícil descer do pico porque a visão estava excepcional. Não havia nevoeiro. E havia sempre mais uma foto para se tirar. Estávamos-nos a sentir muito sortudos com o tempo. Tínhamos um sentimento de desafio superado não tanto pela dificuldade da subida ao Pico da Nevosa (porque não é uma subida difícil, é fácil e curta) mas sim pelo longe de tudo que estamos naquele ponto. Acrescido ao fato de ser mesmo na fronteira dos dois países com os muitos marcos fronteiriços a lembrar que estamos no limite das terras.
O Pico da Nevosa é o mais alto do Parque Nacional da Peneda Gerês e o 2o mais alto de Portugal continental e o mais alto do norte de Portugal. Estar lá em cima com bom tempo é ter vistas de 360º, prolongadas para tudo o que é ângulo!
Dali descemos e tornámos a subir para o Alto da Nevosa. E aí já achei uma subida mais trabalhosa e menos intuitiva para chegar ao Alto. Mas as vistas são igualmente fantásticas, desta vez para um bosque sob o comprido lá embaixo e para a albufeira espanhola.
A partir daqui quem gosta de calhaus, daquela paisagem típica do Gerês com grandes blocos graníticos imponentes, veio com a alma cheia. Foi um caminhar contínuo por cima de lajes compactas em que se tem que confiar nas botas que se traz. Esta parte é conhecida por Escuseiras e aqui andamos com mais calma, tínhamos tempo e a beleza de tudo assim obrigava. Pudemos ouvir da boca do nosso guia como chegaram a este desenho tão aperfeiçoado de trilho, foi por muito estudo das cartas militares espanholas ainda em casa e pelas várias vezes em que lá foram, por alguns azares que tiveram que lhes ensinaram a melhor versão. Que nós hoje pudemos usufruir! Que privilégio! Obrigada do coração amigos!
Gerimos tão bem o tempo que ainda deu para lanchar no Curral da Abelleira: laranjas, bolachas, chá, frutos secos a sentir o solinho no corpo, a ouvir anedotas do Zé. O caminho que antecedeu o Curral da Abelleira foi a única parte mais fechada por mato, foi uma descida mais díficil por entre os tojos e linhas de água. Depois do curral e da anta, saímos por uma lateral a uma pocilga para o estradão e daí até aos carros. Como não queríamos dar o dia por terminado ainda fomos jantar pregos, moelas e chouriça e continuar a falar!
Coloquei a avaliação de moderado neste trilho porque o tempo nesse dia ajudou, não tivemos dificuldade a encontrar os carreiros porque íamos com pessoas que sabiam e não tivemos esse trabalho e preocupação e empate de tempo. É certo que foi uma manhã a subir mas foi uma subida gradual em 10 kilómetros. Fiquei surpresa por não ser difícil subir ao Pico da Nevosa (mais difícil subir ao Alto da Nevosa!). A exigência física deste dia veio da subida total e contínua mas foi gradual. Atenção que estas considerações são nossas. Tudo o que aqui descrevi ter a ver com as nossas avaliações que derivam do nosso entusiasmo, da nossa forma física, do ritmo que demos á caminhada, com a sorte que tivemos com a temperatura e com a limpeza do terreno (fruto dos incêndios, imagino) em alguns pontos que facilitaram a progressão. Noutra altura do ano, com outras temperaturas (mais frio ou mais calor), ou que não atinem com o começo dos trilhos, ou que não levem água suficiente, a dificuldade será outra!
Viemos de alma cheia. É um trilho absolutamente obrigatório e imperdível.
- Pico da Nevosa (8.7 km) 1548 metros de altitude
- Alto de Nevosa (9.6 km) 1522 metros de altitude
Tivemos as condições ideais para fazer este trilho. Este dia 3 de Fevereiro estava com uma temperatura amena para subir naquele terreno ermo sem sombras, as pedras secas para se poderem subir e descer. Os amigos que nos convidaram, pessoas experientes e seguras, deram-nos toda a confiança para caminhar apenas a usufruir de tudo, foi um privilégio! O ambiente leve e descontraído que me fez pensar a dada altura:"Caramba, que felicidade!".
Começamos cedo na manhã. Começamos logo a subir depois de uma travessia no Rio Lobios. Subimos por um trilho antigo de pastores até uma zona mais alta e plana que chamam de "campo" para onde os pastores levavam os animais. Estávamos preparados para enfrentar uma vegetação mais alta mas nesta data já se passava bem. O trilho desenrola-se maioritamente pelas duas encostas do Vale do Rio Lobios. Na subida passando pela Chã do Frielo, um prado verde que funciona como miradouro para a outra encosta em frente e com uma parede de pedra por detrás. Já se via a beleza crua do que nos esperava durante o dia todo. Tentamos gerir as fotos que fazíamos para nos sobrar para tudo mas era uma tarefa ingrata, tudo era flashável. Pedras com formas engraçadas, corredores de pedras para passarmos. A dada altura, chegamos a um ponto com o Altar dos Cabrones á nossa frente, guinamos á esquerda ficando o Pico do Sobreiro, o Vale das Sombras e as Minas das Sombras á direita e para trás. Mais umas subidas e chegamos ao marco de fronteira que delimita Portugal e Espanha e que serve de entroncamento para quem vem das Minas dos Carris. Nesse ponto é possível ver a linha de fronteira feita por vários marcos e muros. Não percebo como decidiram por uma linha tão torta. Entrando ali em território português fizemos a nossa abordagem ao Pico da Nevosa. Primeiro subindo um promontório e descendo de seguida para nos posicionarmos de frente á face norte do Pico, com uma rampa de acesso com um carreirinho estreito com vegetação alta.
As vistas são deslumbrantes, totais. Vê-se tudo. Para o lado espanhol e para o lado português. A Louriça na Amarela, as barragens da Paradela e Lindoso, as antenas de Santa Eufémia, a inconfundível Pitões das Júnias tão bem encaixadinha na encosta e São João da Fraga com o seu pontinho branco em cima, reconhecemos os picos á nossa esquerda entre Pitões das Júnias e a Nevosa: as Gralheiras, Fonte Fria. A aplicação que temos chegava a apontar a localização de Peña Trevinca (?!) á frente de nós, para o Larouco e Nogueira!! Para o outro lado, Pé de Cabril e o Borrageiro, Morgair, Pias, Rocalva, Pico do Sobreiro. A Lagoa das Minas dos Carris a dar uma graça á paisagem desse lado suspensa em altitude.
Chegamos antes do meio-dia, era o que queríamos para depois estarmos mais descontraídos. Queríamos almoçar no andar que antecede a subida ao pico. Foi difícil descer do pico porque a visão estava excepcional. Não havia nevoeiro. E havia sempre mais uma foto para se tirar. Estávamos-nos a sentir muito sortudos com o tempo. Tínhamos um sentimento de desafio superado não tanto pela dificuldade da subida ao Pico da Nevosa (porque não é uma subida difícil, é fácil e curta) mas sim pelo longe de tudo que estamos naquele ponto. Acrescido ao fato de ser mesmo na fronteira dos dois países com os muitos marcos fronteiriços a lembrar que estamos no limite das terras.
O Pico da Nevosa é o mais alto do Parque Nacional da Peneda Gerês e o 2o mais alto de Portugal continental e o mais alto do norte de Portugal. Estar lá em cima com bom tempo é ter vistas de 360º, prolongadas para tudo o que é ângulo!
Dali descemos e tornámos a subir para o Alto da Nevosa. E aí já achei uma subida mais trabalhosa e menos intuitiva para chegar ao Alto. Mas as vistas são igualmente fantásticas, desta vez para um bosque sob o comprido lá embaixo e para a albufeira espanhola.
A partir daqui quem gosta de calhaus, daquela paisagem típica do Gerês com grandes blocos graníticos imponentes, veio com a alma cheia. Foi um caminhar contínuo por cima de lajes compactas em que se tem que confiar nas botas que se traz. Esta parte é conhecida por Escuseiras e aqui andamos com mais calma, tínhamos tempo e a beleza de tudo assim obrigava. Pudemos ouvir da boca do nosso guia como chegaram a este desenho tão aperfeiçoado de trilho, foi por muito estudo das cartas militares espanholas ainda em casa e pelas várias vezes em que lá foram, por alguns azares que tiveram que lhes ensinaram a melhor versão. Que nós hoje pudemos usufruir! Que privilégio! Obrigada do coração amigos!
Gerimos tão bem o tempo que ainda deu para lanchar no Curral da Abelleira: laranjas, bolachas, chá, frutos secos a sentir o solinho no corpo, a ouvir anedotas do Zé. O caminho que antecedeu o Curral da Abelleira foi a única parte mais fechada por mato, foi uma descida mais díficil por entre os tojos e linhas de água. Depois do curral e da anta, saímos por uma lateral a uma pocilga para o estradão e daí até aos carros. Como não queríamos dar o dia por terminado ainda fomos jantar pregos, moelas e chouriça e continuar a falar!
Coloquei a avaliação de moderado neste trilho porque o tempo nesse dia ajudou, não tivemos dificuldade a encontrar os carreiros porque íamos com pessoas que sabiam e não tivemos esse trabalho e preocupação e empate de tempo. É certo que foi uma manhã a subir mas foi uma subida gradual em 10 kilómetros. Fiquei surpresa por não ser difícil subir ao Pico da Nevosa (mais difícil subir ao Alto da Nevosa!). A exigência física deste dia veio da subida total e contínua mas foi gradual. Atenção que estas considerações são nossas. Tudo o que aqui descrevi ter a ver com as nossas avaliações que derivam do nosso entusiasmo, da nossa forma física, do ritmo que demos á caminhada, com a sorte que tivemos com a temperatura e com a limpeza do terreno (fruto dos incêndios, imagino) em alguns pontos que facilitaram a progressão. Noutra altura do ano, com outras temperaturas (mais frio ou mais calor), ou que não atinem com o começo dos trilhos, ou que não levem água suficiente, a dificuldade será outra!
Viemos de alma cheia. É um trilho absolutamente obrigatório e imperdível.
Waypoints
Comments (1)
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Obrigado pela maravilhosa descrição do trilho, e pelo reconhecimento do trabalho na descoberta deste percurso. Abraço e até uma próxima 😉🤟