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GoLx - Mobilidade Misericórdia: Lojas com História

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Trail stats

Distance
1.68 mi
Elevation gain
141 ft
Technical difficulty
Easy
Elevation loss
351 ft
Max elevation
283 ft
TrailRank 
46
Min elevation
60 ft
Trail type
One Way
Coordinates
42
Uploaded
December 10, 2020
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near Sacramento, Lisboa (Portugal)

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Itinerary description

Fazer caminho é sempre associado a algo que nos leva mais longe, por grandes estradas de pé posto e áreas verdejantes. A nossa proposta é desafiar a mobilidade, a fazer-nos ao caminho urbano e com os sentidos apurados. Dar ao corpo e à mente novas relações / reações. Conhecer neste pequeno território, o evidente do pormenor, o verdejante dos jardins suspensos nas janelas, terraços e fachadas, a alma da história e estórias de cada arte e ofício. Lojas que contam a historia dos proprietários, dos fregueses dos bairro.
Mobilidade é também cultura, é arte, é social e tudo isto aumenta a saúde. Este é o percurso das Lojas com História de Lisboa. Alguns destes lugares são centenários ou mesmo bicentenários.

Making your way is always associated with something that takes you further, through long standing roads and green areas. Our proposal is to challenge mobility, to take us to the urban path and with the senses refined. Give the body and mind new relationships / reactions. To know in this small territory, the evident detail, the greenery of the gardens suspended from the windows, terraces and facades, the soul of the history and stories of each art and craft. Shops that tell the story of the owners, the customers of the neighborhood. Mobility is also culture, it is art, it is social and all of this increases health. This is the first route of the Shops with History of Lisbon. Some of these places are centenary or even bicentennial.

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Waypoints

PictographWaypoint Altitude 281 ft
Photo ofPavilhão Chinês - 1901 Photo ofPavilhão Chinês - 1901 Photo ofPavilhão Chinês - 1901

Pavilhão Chinês - 1901

Um texto à imagem desta loja seria uma lista. Exaustiva, fascinante, excessiva, sem critério óbvio, qualquer coisa da qual os olhos não se pudessem despegar – como as estantes que cobrem as paredes deste “Pavilhão”. Começaria assim: Um soldadinho de chumbo, um arlequim, um bule de cerâmica, uma medalha, um manguito, uma espada, uma estatueta de uma pin-up ao telefone, um capacete militar, um cartaz do carnaval do Rio de 1890, aviõezinhos – muitos, canecas várias, emblemas vários, insígnias várias, e mais aviões de guerra e mais exércitos, um comboio, um mapa, um action man, uma bandeira, o busto do Pessoa, mais Bordalo Pinheiro, um jogador de futebol, um globo, leques, uma cantora de ópera, duas banhistas, um paraquedista, a Betty Boop e não acabava mais. É também isto o Pavilhão Chinês, um incrível exercício de excesso que faz lembrar a cultura do Wunderkammer alemão, os famosos “gabinetes de curiosidades” ou “quartos das maravilhas” dos séculos XVI e XVII, em que colecionadores reuniam todo o tipo de maravilhas que iam chegando ao olhar europeu, do recém descoberto mundo das expansões marítimas. Foi uma época de assombro e expansão para o saber, e os Wunderkammern materializaram isso, bem como as cinco salas deste singular bar nos relembram. Uma campainha toca, e um empregado vestido a rigor – calças pretas de vinco, colete e laço vermelhos por cima da camisa branca – recebe os clientes e acompanha-os à mesa. A atmosfera é animada por vários idiomas, o ambiente de um bar cosmopolita onde se experimentam cocktails e se joga snooker. É das Lojas Com História uma das mais recentes, apesar de tudo nela remeter a tempos idos, como se além de ser um bar fosse também um museu. Abriu as portas em 1986, mas conservou a memória do anterior negócio, como ali existia desde 1901. Este tato e toda esta coleção deve-se a Luís Pinto Coelho, um homem singular que sonhou isto tudo, e trouxe a experiência acumulada de outros bares – o Paródia, o Foxtrot, o Procópio – para oferecer a Lisboa este espaço único.

PictographWaypoint Altitude 279 ft
Photo ofPadaria São Roque - 1961 Photo ofPadaria São Roque - 1961 Photo ofPadaria São Roque - 1961

Padaria São Roque - 1961

Esta “Catedral do Pão”, na esquina da D. Pedro V com a Rua da Rosa, é uma das padarias mais antigas da cidade ainda em funcionamento. A construção do edifício onde se encontra será posterior a 1899, data em que foi entregue o projecto nos serviços municipais. Ocupa parte do terreno do antigo Palácio dos Salemas, demolido em 1883 para alargamento da Rua do Moinho de Vento, hoje D. Pedro V. Em 1961, teve lugar a unificação das padarias do Bairro Alto, por decisão governamental, tendo passado a integrar a Panificação Reunida de S. Roque, Lda, sociedade comercial da qual fazem parte sete padarias, uma fábrica de pão e bolos e um depósito de pão. A Padaria São Roque destaca-se das restantes pela longevidade e pela exuberante decoração interior de inspiração Arte Nova. É também aqui que encontra, além de pão e pastelaria de fabrico próprio, a broa de Coimbra, especialidade da casa que não encontrará noutro lugar.

PictographWaypoint Altitude 255 ft
Photo ofEncadernador Carlos Guerreiro - 1981 Photo ofEncadernador Carlos Guerreiro - 1981

Encadernador Carlos Guerreiro - 1981

Começou a aprender o ofício com apenas 13 anos com o mestre Diogo Noronha, que mais tarde o convidou a integrar a sua oficina. Com 18 anos foi trabalhar para os arquivos nacionais da Torre do Tombo onde, ao longo de 20 anos, restaurou e encadernou centenas de livros antigos. Também trabalhou na oficina Jesus e Costa e deu formação. Em 1981, adquiriu o espaço de trabalho da rua de São Boaventura, fundado 40 anos antes por Celestino Matias, de quem herdou máquinas e ferramentas. É aqui que executa os diferentes trabalhos: encadernações simples e de luxo, douração a ouro fino e película e restauro de livros antigos ou raros. Distingue-se pelo serviço exemplar, com pesquisa e aconselhamento, prestado tanto a particulares, quanto a instituições nacionais e internacionais. Recorrem ao seu saber-fazer profissionais das mais diversas áreas, sobretudo alfarrabistas, mas também escritores, designers, arquitectos e chefes de cozinha de renome. Os companheiros de actividade vão rareando e é hoje dos poucos artesãos em Lisboa dedicado ao ofício de encadernar, dourar e restaurar livros.

PictographWaypoint Altitude 257 ft
Photo ofBota Alta Restaurante - Photo ofBota Alta Restaurante -

Bota Alta Restaurante -

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PictographWaypoint Altitude 250 ft
Photo ofCasanostra Restaurante - 1986 Photo ofCasanostra Restaurante - 1986 Photo ofCasanostra Restaurante - 1986

Casanostra Restaurante - 1986

Carpaccio de salmão cru temperado, ravioli de trufas pretas, robalo estufado com manjericão, burrata de Andria com trufas, crostata de limão ... será que precisa de mais motivos para ir visitar esta Loja Com História...? O sabor de certos pratos é difícil de crer, mas não é mentira, apesar do restaurante ter aberto portas num primeiro de Abril. Foi nos anos 80, em 1986, e em Lisboa não havia outro lugar assim, onde a cozinha italiana fosse cozinhada com os ingredientes originais, vindos de Itália, e confecionados de forma caseira, como na origem. Maria Paola Porru tinha o sonho de poder financiar a sua relação ao cinema com o restaurante, o que se provou “utópico”. Mais exequível era o sonho paralelo, hoje concretizado, de mostrar aos lisboetas que a gastronomia italiana é muito mais do que só pizzas e pastas. Como o nome já indicava, esta sua Casa tornou-se também Nossa. Aqui os olhos também comem. O espaço é admirado pelas duas salas concebidas uma pela dupla de arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, e outra pelo arquitecto Graça Dias somente. Numa primeira intervenção fizeram uso da gama cromática do mosaico hidráulico do chão. Mais tarde, procuraram contrapor esses tons claros com uma paleta mais escura. Ocasionalmente organizam-se aqui eventos, que vão desde refeições temáticas a lançamento de livros, simpósios ou conversas. Neles, os clientes habituais e os fiéis abrem lugar para sentar aquele cliente novo que ainda não tinha arriscado vir. E assim sucessivamente.

PictographWaypoint Altitude 222 ft
Photo ofFaia Restaurante - 1946 Photo ofFaia Restaurante - 1946 Photo ofFaia Restaurante - 1946

Faia Restaurante - 1946

A fadista Lucília do Carmo e Alfredo de Almeida inauguraram a Adega da Lucília em 1946, no dia em que o seu filho Carlos celebrava 7 anos. Faltaria umas décadas para o pequeno Carlos se celebrizar como Carlos do Carmo. Um grande fadista que cresceu numa casa de fados, uma biografia marcadamente lisboeta. Em 1963, com 24 anos, começou a gerir o espaço, até 1980. Nesse ano O Faia é adquirido por António Ramos. Ao pai juntam-se Pedro Ramos, gerente, e Paulo Ramos, guitarrista residente. Outros artistas residentes incluem grandes nomes: Lenita Gentil e Ricardo Ribeiro, António Rocha (tido como «o rei do fado menor») e Anita Guerreiro, acompanhados por Fernando Silva e Paulo Ramos. São estrelas que trazem a sua própria clientela ou deslumbram quem aqui chega sem nunca ter ouvido falar deles. Tudo isto enquanto se desfruta de uma refeição tradicional portuguesa e se aguarda o próximo baixar das luzes, para que se instale aquele silêncio denso que só o fado preenche e expande.

PictographWaypoint Altitude 206 ft
Photo ofPalácio do Correio Velho - 1989 Photo ofPalácio do Correio Velho - 1989

Palácio do Correio Velho - 1989

No Palácio Marim-Olhão, conhecido por Correio Velho, encontra-se a leiloeira com o mesmo nome. Fundada em 1989, o seu primeiro leilão foi o da biblioteca de D. Carlos I e de D. Manuel II que, pela sua qualidade e raridade, firmou o Correio Velho no panorama nacional. Foi representante oficial da Sotheby’s, a famosa leiloeira londrina - que existe desde 1744. Em 2014, introduziu de forma pioneira os leilões online e leilões presenciais transmitidos online em directo. Na preparação de um leilão, uma equipa de conhecedores e peritos, colaboram para avaliar, catalogar e contextualizar cada peça, assim contribuindo para uma valorização dos mais diversos fenómenos de produção artística e cultural nacionais, das artes plásticas às antiguidades, passando pelos livros. De cada leilão é concebido um catálogo, deste modo ajudando a criar um arquivo e a valorizar e conhecer este património. Além disso, esta Loja Com História é parceiro da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas na pós-graduação em Mercado da Arte e Coleccionismo.

PictographWaypoint Altitude 92 ft
Photo ofFotografia Triunfo - 1952 Photo ofFotografia Triunfo - 1952

Fotografia Triunfo - 1952

A transição da fotografia analógica para a fotografia digital que alterou profundamente o mercado na última década fez fechar muitas potenciais Lojas Com História. Outras, umas poucas, subsistiram. Seja porque se “digitalizaram” parcial ou totalmente, ou porque haverá sempre um pequeno nicho que preferirá os sais de prata e o papel mate, porque o filme tem uma expressão visual única, ou porque a loja conseguiu uma proposta de continuidade nos retratos que oferece, no saber-fazer, no aconselhamento especializado, e no arquivo. É este o caso da Triunfo. Hoje, além do mais, desempenha este papel de arquivo geracional e datado de retratos completos de todos os membros de uma família, ou uma maioria, daquela zona. Além da representação genealógica, também se encontra no arquivo retratos de figuras públicas, como o de Henrique Viana, o de Natália Correia, o de António Costa, Fernando do Amaral, Macário Correia, entre outros. Não guarda só o seu como também adquiriu o arquivo fotográfico de uma outra loja entretanto desaparecida, a Fotolusarte. Antes da sua abertura, em 1952, funcionava ali uma retrosaria. O actual proprietário começou a trabalhar na loja com apenas doze anos. Recebeu-a mais tarde por trespasse do fundador, Américo Tomás da Silva, com quem aprendeu o ofício. Hoje já não se faz aqui a revelação, mas continuam preservados os utensílios necessários. O que se faz sim são retratos, num estúdio concebido para o efeito, com cenários pintados óleo e um pequeno camarim. Todas as imagens aqui produzidas são identificadas com o carimbo da casa, uma marca distintiva e promocional que nos permite atestar a reverberação do trabalho aqui efectuado. São muitos os lares lisboetas onde ainda se pode ir descortinar retratos com este carimbo, isso seguramente. O interior da loja é pequeno mas mantém o mobiliário original com as mesmas funções, só mudou o balcão. Nos armários de madeira lacada podemos apreciar a colecção de máquinas fotográficas, os projectores, os cenários para fundo de retrato, e certos objectos que remetem para gestos de uma coreografia mil vezes repetida, e hoje sem público: a vincadeira, os caches de ampliador, as mesas de corte...

PictographWaypoint Altitude 206 ft
Photo ofTabacaria Martins - 1916 Photo ofTabacaria Martins - 1916 Photo ofTabacaria Martins - 1916

Tabacaria Martins - 1916

Manoel Francisco Nunes Martins abriu a tabacaria em 1916, na altura com outro tipo de oferta, como se pode ver pelas sobreviventes inscrições na pedra, na fachada do edifício: «tabacos nacionaes e estrangeiro – cervejas – aguas» e «artigos de papelaria papel selado selos e letras – loterias e jornais». Outra placa, em metal, anuncia: «vendem-se estampilhas e mais fórmulas de franquia de correios e telegraphos». Mais tarde especializou-se no tabaco e na imprensa, e são esses os produtos que ali encontramos hoje. Já sob a gerência de Ana Martins, actual proprietária, ampliou-se a oferta adicionando a secção de papelaria, da qual os cadernos “moleskine” são um artigo muito procurado. Finalmente, sinal dos tempos, os últimos anos viram o proliferar de postais e outros artigos para o público que é turista. Atrás do balcão, no interior de serviço, há um armário embutido na parede, composto de pequenas gavetas ainda nela etiquetado algum nome (com a familiaridade de um simples “Sr. Mário”) ou designação (“Lotarias do Velho”). Outrora, era aqui que se guardavam as lotarias reservadas por clientes da casa. Os painéis em madeira que revestem a tabacaria são de origem. Os mesmos a que muitas fontes gostam de chamar boiseries, para quem tiver problemas com o nosso menos-chique “painéis” ou “revestimentos”. Foram um projecto do avô da actual proprietária, o fundador. O que é especial nestas boiseries (é um facto, que soa melhor!) é formarem uma peça única, unindo os armários ao balão encastrado e à própria montra. Note-se o entalhado no friso superior. Hoje vende tabaco de enrolar, cigarros e cigarrilhas, charutos, e tudo o que demais tenha a ver com fumar, e também imprensa nacional e estrangeira, material de escritório, de arquivo e impressão, bem como material escolar, jogos didácticos e os jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. É dos poucos lugares em Lisboa onde se podem adquirir bilhetes para os espetáculos da vizinha ZDB, a galeria Zé dos Bois.

PictographWaypoint Altitude 216 ft
Photo ofCaza das Vellas Loreto - 1789 Photo ofCaza das Vellas Loreto - 1789 Photo ofCaza das Vellas Loreto - 1789

Caza das Vellas Loreto - 1789

É uma das lojas mais antigas da cidade e, entre as Lojas Com História, aquela que há mais tempo se mantém no mesmo local, na mesma família, e a produzir e vender o mesmo produto. 1789. Sete, oito, nove: esta sucessão ordeira de algarismos remete a uma Lisboa que nos pede um exercício de imaginação. É visualizar uma cidade extensamente rural, com os ofícios concentrados no Chiado e na Baixa e muitos vendedores de rua, carruagens, muito bulício e, claro, nenhuma outra fonte de luz artificial. A vela tinha um protagonismo neste tempo que necessariamente perdeu: era iluminação fácil de gerar e era portátil. Quando o progresso traz a iluminação pública, depois privada para algumas elites, primeiro a gás e só décadas mais tarde a eletricidade, o negócio confronta-se com o desafio de se atualizar e encontrar novas formas de pertinência. É isso o que a Caza das Vellas tem vindo a fazer tão bem ao longo dos tempos, acompanhá-los, conseguindo um equilíbrio dinâmico e difícil de encontrar entre tradição e modernidade, o valor da memória e do património e a atualização dos tempos, dos modos e costumes. Entrar nesta loja hoje não só é um deleite para os sentidos (as cores, os cheiros, um certo refúgio ao barulho da rua) como é também uma experiência satisfatória ao nível de qualquer casa moderna, nas novas velas que vão sendo imaginadas e testadas e ali produzidas (veja-se os frutos ou as velas brancas com expressivas pinceladas a negro) e ainda, fortemente, um fantástico mausoléu de memórias e evocações de outros tempos.O relógio de pêndulo que encima o arco que separa a loja das oficinas e que nos relembra que o tempo já não volta atrás. Os altos armários envidraçados que terminam em pinos ogivais, e que lembram o formato da chama. A paleta de cores resultado da cuidada disposição das velas, que se vai alterando consoante as estações e a sensibilidade apurada dos lojistas, e que faz com que cada visita possa ter sempre um novo sabor. O característico aroma a mel e óleos essenciais que inunda o ar e ajuda a marcar a distância ao bulício da Rua Loreto lá fora. Nos bastidores, longe do olhar público, uma oficina a que chamam “fábrica” mantém os ancestrais processos de manufactura, como o arco de pau-santo, aliado a equipamento moderno. Ali, a produção de velas responde aos ritmos litúrgicos e sazonais: a paisagem é muito diferente antes da Páscoa ou do Natal, de Inverno ou de Verão. Isto demonstra que, seja para fins decorativos ou religiosos, a vela ainda tem o seu lugar na simbologia das nossas crenças e dos nossos gestos – pensamos nas velas para batizados – e uma presença especial nas nossas casas – uma vela bordada à mão, uma vela que só se encontra aqui e que é feita com mel, as diferentes velas aromáticas, enfim, velas de tantas formas, tamanhos, cores e aromas quanto for possível desejar. Se não encontrar uma forma para o seu desejo, certas coisas podem ser feitas por encomenda. Além disso, e como o ofício da cera não são só velas, ainda há espaço para as figuras do presépio tradicional e ex-votos, também conhecidos por “milagres”.

PictographWaypoint Altitude 196 ft
Photo ofFarmácia Barreto - 1876 Photo ofFarmácia Barreto - 1876

Farmácia Barreto - 1876

"Raíz de Alteia” “Untura Forte” “Unguento d’Arthanita” “Unguento de Madre Tecla” “Unguento Branco” “Pomada de Mezereão”... Para o leigo desprevenido, parece a recitação de alguma poção. Nalguns primórdios da ervanária e da boticária, medicina e magia facilmente se confundiram. Hoje, no entanto, já não é disso que se trata. São apenas os termos inscritos nos frascos pelos quais os nossos olhos viajam enquanto aguardamos a nossa vez na farmácia Barreto. Em disposição, vários instrumentos e complementos do ofício do boticário, que se viria a modernizar e dar lugar ao do farmacêutico. Tudo isto inserido num amplo móvel de cerejeira escura, junto aos candeeiros em bronze, os vidros trabalhados, sob o estuque do teto; um cliente dá por si a pensar que até dá gosto ter um queixume qualquer – mas que seja um lamento leve, algo que passe à primeira toma – só para vir ver o interior da farmácia. Foi fundada em 1876 por um italiano, que no entanto preferiu chamar-lhe Farmácia Francesa. Só mais tarde 
assumiu a actual morada e o actual nome, já sobre gerência de Carlos Garcia Barreto, pelo menos em 1880, que é o mais longe que a documentação nos leva. O mencionado gosto pela história e pelo espólio explica também porque foi esta farmácia uma importante contribuidora do actual Museu da Farmácia, tendo cedido muitos dos objectos que lá se podem ver, nomeadamente faiança, rótulos, e uma importante mesa de manipulação, com dois metros de largo e tampo de mármore.

PictographWaypoint Altitude 192 ft
Photo ofTavares Restaurante - 1784 Photo ofTavares Restaurante - 1784 Photo ofTavares Restaurante - 1784

Tavares Restaurante - 1784

Se há lojas centenárias entre as Lojas com História, muitas, depois há ainda uma escassa dezena que se pode orgulhar por ter o título raro de bicentenária. Dois séculos e três décadas que nos levam atrás até ao século dezoito: 1784. Isto faz do Tavares, também conhecido como “Tavares Rico”, o restaurante mais antigo do país ainda em funcionamento. É fácil de perceber que mais de dois séculos de história no coração do Chiado não se resumem num par de parágrafos. Dito isto, alguns momentos essenciais serão conhecer os fundadores, os irmãos Tavares. Em “Serões”, de 1909, são descritos por João Pinto de Carvalho (também conhecido por Tinop) como excêntricos «do mais fino quilate», que vestiam jaqueta e sapatos de ourelo e atendiam a clientela falando em verso. De facto, é uma pena que esta prática comercial não tenha pegado! Outras formas de inovação no serviço, no entanto, sobreviveram: o restaurante Tavares foi dos primeiros restaurantes a servir refeições à carta. Foi também pioneiro na importação de iguarias estrangeiras (foie gras, por exemplo). É curioso: num momento da sua história deu a provar sabores estrangeiros aos portugueses e hoje, sobretudo, dá a provar os melhores sabores portugueses a estrangeiros. Nem sempre teve a reputação nem se destacou pelo requinte a que o associamos hoje. Nos seus primórdios de botequim, ainda se chamava “Talão”, e era um lugar convivial, descrito como sendo algo “tristonho”, iluminado a azeite de peixe, numa Lisboa onde despertava a cultura da tertúlia de café. É no século XIX, já com a família Caldeira à frente do negócio, que se dão profundas alterações no espaço, e desponta o luxo pelo qual o conhecemos: os lustres, a talha, a pintura em folha de ouro, os generosos espelhos. Cada uma das mesas no Salão Nobre é uma homenagem a um cliente ilustre da casa, alguém que nalgum momento desfrutou de uma refeição naquela mesa. Conta-se entre os homenageados Camilo Castelo Branco, Calouste Gulbenkian, Mariza, o rei Abdullah II, Jean Paul Gaultier, Hemingway ou Madonna, entre outros; e estas mesas podem reservar-se antecipadamente na página de internet do restaurante. Há um outro Salão no piso superior, menos conhecido, que é todo ele uma homenagem a Eça de Queirós. A história do escritor atravessa a do restaurante sobretudo através do grupo “Vencidos da Vida”, um grupo de intelectuais que ali se reunia entre 1887 e 1894. A descrição que Eça de Queirós faz do grupo diz muito acerca da importância que teve o Tavares, para eles: chama-lhe um “grupo jantante”. Hoje, é um restaurante reconhecido internacionalmente, e reconhecidamente elitista. Essa é no entanto uma ideia aberta a ser desafiada. Se é certo que uma grande parte dos portugueses não se poderão permitir uma ida ao Tavares com frequência, este pode ser o restaurante onde destacar uma noite especial, um momento único. “Um dia não são dias” diz o saber popular, e um jantar não são jantares, acrescentamos nós.

PictographWaypoint Altitude 185 ft
Photo ofA Carioca - 1936 Photo ofA Carioca - 1936

A Carioca - 1936

A Carioca foi fundada em 1936 por Isidoro Teixeira, que irá abrir logo a seguir uma outra Loja Com História, a Pérola do Chaimite nas Avenidas Novas. A Carioca permaneceu na mesma família até 1993, quando foi comprada pela torrefacção Negrita Cafés. A torra do seu café é feita na Negrita, aos Anjos, onde até se concebeu um lote especial para A Carioca. Por tudo isto, o café é o pretexto mais imediato para vir até esta loja: pelos cafés de origem, vindos de todo o mundo e pelos lotes especiais. São o «Arábica Timor», o «Carioca», o «Expresso», o «Presidente», e o «Tavares». Este último foi criado em parceria com os proprietários do famoso restaurante vizinho, também conhecido como Tavares Rico. A relação comercial no que concerne este lote está actualmente interrompida. Quem sabe no entanto se, num futuro próximo, não poderemos desfrutar de um “café Tavares” na casa original para o qual foi concebido... Enquanto isso não acontece, podemos subir a rua e, um nada mais acima, no quiosque São Roque ao Largo Trindade Coelho, disfrutar de uma bica vinda directamente da casa “vizinha de baixo”. Recentemente, os lotes da casa estão disponíveis em cápsulas; portanto, na rua ou em casa, a comodidade não podia ser maior. O chá é outro forte da loja, entre eles o Gorreana dos Açores. Mas também é de realçar os chocolates, a araruta, as bolachas, os biscoitos, os bombons, e as guloseimas várias. Se tudo isto não bastasse, existe a experiência da loja, os traços Art Déco, os moinhos de café antigos, e os painéis pintados sobre madeira com motivos alusivos ao café e ao chá, não esquecendo o atendimento, tudo isto são bons motivos para uma visita. Estas pinturas sobre madeira refletem um gosto orientalizante muito em voga nos anos 20, e que neste caso são chamadas de chinoiseries, o que designa diferentes evocações da China na arte ocidental. No entanto, sendo o chá um protagonista da casa, não é de todo descabido a evocação às suas origens asiáticas.

PictographWaypoint Altitude 164 ft
Photo ofFarmácia Andrade - 1837 Photo ofFarmácia Andrade - 1837

Farmácia Andrade - 1837

Os produtos e serviços habituais de uma farmácia completamente modernizada convivem com um dos mais antigos espaços da cidade. Desde 1837, a farmácia Andrade foi pioneira em métodos como a esterilização de Pasteur e as primeiras substâncias injetáveis em ampolas de vidro. Em visita, é de notar o teto em estuque relevado e as estantes de madeira exótica escura; e também de espreitar, a pedido, a sala posterior, onde um enorme espelho amplia o espaço da farmácia e o candeeiro, inicialmente a gás, marca a herança oitocentista. Seria nestes mesmos balcões da parte posterior que se faziam os manipulados, num tempo em que nada chegava embalado, nem pronto, e os produtos eram quase todos feitos no local. Este hábito entretanto perdido é algo que a Farmácia Andrade busca revigorar hoje, em parte, com produtos próprios, num laboratório situado no primeiro andar onde fabricam cremes prescritos pelos médicos. Ali são manipulados, postos em frascos e entregues directamente ao cliente. Cada um leva uma etiqueta com a quantidade, a designação, o lote, a validade, os dados da farmácia e até o nome do cliente. Mesmo como antigamente.

PictographWaypoint Altitude 62 ft
Photo ofBritish Bar - 1919 Photo ofBritish Bar - 1919 Photo ofBritish Bar - 1919

British Bar - 1919

“Tem um sabor a cais sem água à vista, este lugar.” Assim o descreve José Cardoso Pires em Lisboa, Livro de Bordo. O escritor que ali tinha mesa predilecta, entre as duas portas. Nestas entradas, o “B” e o “B” que servem de maçanetas separam-se um do outro a cada visitante, para dar entrada a um compêndio vivo de histórias de marinheiros e de portos de outras cidades, tantas delas que nem sequer existem além do nosso anseio. Os bares dos portos são a primeira guarida dos homens do mar, onde estes afogavam saudades em vinho e celebravam a firmeza da terra sob os pés. Nas ruas posteriores abundaram as noites sem sono e sem lei, e as histórias ilícitas que não se podem elencar nos guias turísticos, a não ser aludindo à cor vermelha, mas que se encontram em qualquer cidade. Isso era o Cais do Sodré, mas era também tantas outras coisas. Era também os escritórios das empresas de navegação, muitas geridas por ingleses, era a Livraria Anglo-Americana, o English Bar, e o Bar Americano, que tem hoje o mesmo gerente do British Bar. Este inaugurou em 1919, mas antes disso já havia ali a Taverna Inglesa. Era onde se reunia a comunidade estrangeira, apesar do British – historicamente mas ainda hoje – prezar pela convivência equilibrada entre a clientela nacional e internacional. É uma das coisas que caracteriza a boa atmosfera enquanto lugar nocturno, com excepção a algumas noites de competições desportivas, em que uma ou outra nacionalidade monopoliza o espaço. Outros bons pretextos para entrar são de natureza líquida: a ampla carta de cervejas estrangeiras (belgas, holandesas, alemãs, checas, etc) e nacionais; alguns petiscos (tábua de queijo e uma refeição diária, ao almoço) e três bebidas que só se encontram ali, produção da casa: a “Ginger Beer”, leve e ideal para uma noite quente de verão; o “Alto Douro” e o licor da casa, com sabor a tangerina. Outra atracção da casa é o famoso relógio cujos ponteiros andam para trás, um presente de um cliente dinamarquês com particular afecto pelo lugar.

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